Professor da FGV analisa que Temer busca "dar um sinal de normalidade"

Com viagem à Rússia e à Noruega.

Para o coordenador do MBA em relações internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Oliver Stuenkel, a viagem oficial do presidente Michel Temer à Rússia e à Noruega representa a tentativa de dar um sinal de normalidade e de reverter o isolamento internacional que marca seu governo. Na pauta, o desejo de atrair investimentos para a economia brasileira, que vem se tornando uma parceira cada vez mais importante de Moscou, às voltas com as sanções impostas por Estados Unidos e União Europeia.

Apesar da crise, nos primeiros cinco meses de 2017 as trocas comerciais entre os dois países totalizaram US$ 2,1 bilhões, um crescimento de 40% em relação ao mesmo período de 2016. "Existe uma questão econômica e comercial que não é trivial. A Rússia não se compara aos principais parceiros internacionais, mas é importante. Depois das sanções que o país sofreu com a anexação da Crimeia, o Brasil conseguiu aumentar as exportações para a Rússia", explica Oliver Stuenkel.

O professor da FGV ressalta que a Rússia continua sendo um país de grande importância geopolítica, e o encontro entre Putin e Temer é sinal de que Moscou continua enxergando o Brasil como um parceiro de destaque, independentemente de suas disputas políticas internas. "Essa viagem representa o grau de confiança do governo na sua continuidade. Os próprios analistas não acreditam que Temer irá cair. Qualquer governo que estivesse lutando pela sobrevivência não faria uma coisa assim", afirma Stuenkel.

Noruega — Oliver Stuenkel aponta o país nórdico como um importante contribuinte para projetos de combate ao desmatamento na Amazônia e de interesse em investimentos no setor de energia. "Na visão deles, o Brasil é prioritário e, por isso, investem bastante aqui", completa Stuenkel.