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15/08/2017 - 07:47

Licença Social Para Operar. Temor ou Valor?

A licença social para operar (LSO) não é prevista em lei, não está escrita em um papel e não prevê penalidades legais. Diferente das Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação, antigas conhecidas do mundo empresarial, a Licença Social muitas vezes é esquecida pelas empresas, justamente por não fazer parte de um rito formal, normatizado.

No contexto empresarial, por vezes regido por questões exclusivamente monetárias e pautadas em custo versus benefício, a licença social que não está explicitada pelos cálculos mais óbvios e evidentes acaba sendo por vezes esquecida. Contudo, em um mundo cada vez mais interconectado, interligado e intercomunicado, as empresas têm sido pegas de surpresa. De repente, a comunidade bate à porta e quando menos se espera anos de investimento estão em risco.

O assunto em si não é novo. Há 3 décadas o especialista Ian Thomson estuda a LSO. Certa vez mencionou que “Além de obter licença legal para operar, é preciso conseguir no mínimo a anuência da comunidade que deve estar “de acordo” para sua empresa praticar atividades nas vizinhanças. O ideal é que a pessoas vejam a atividade como vantajosa para elas. A partir desse momento, elas começam a se referir ao projeto como “nossa mina” ou “nossa fábrica”. Eles se sentem donos também.”.

Em meio a estes desafios, já tive a oportunidade de elaborar um curso e-learning de Desenvolvimento Local para um grande Instituto da indústria apoiar empresas do setor de bebidas no mapeamento e relacionamento com a comunidade. Fortalecer organizações sociais da mineração. Esforços válidos e que devem ser parabenizados, realizados pelas empresas que já estão antenadas.

Na última década, atuando por meio de empresas junto à comunidades no Brasil, Peru e Colômbia, pude comprovar as palavras de Thomson na prática. As empresas em geral passam anos se pré ocupando com os trâmites para a obtenção das licenças prévias, de instalação e de operação, mas cada vez mais o momento da inauguração que deveria ser uma grande alegria, se converte em pesadelo. E a licença social que, a priori, parece não ter custo, coloca todo o investimento realizado em risco.

Afinal, quanto custa uma unidade fabril pronta para operar que venha a ser paralisada pela comunidade? Qual o custo diário em termos de produtos? E o custo para a reputação?

Este risco ocorre porque as empresas ao fazer a lição de casa passam anos, por vezes décadas, estudando e avaliando aspectos práticos relacionados ao negócio, mas se esquecem taxativamente de dialogar com a comunidade.

Conhecer as interfaces, compreender suas demandas, expectativas, anseios, vocações.

Não há mal que não possa ser desfeito. Contudo, quase sempre o empenho e esforço necessários quando as empresas já estão em operação e esqueceram de inserir a comunidade no planejamento, se tornam maior. O diálogo que inicialmente seria de construção conjunta, passa a ser um diálogo de auto defesa.

Por isso, fica a dica. Tão importante quanto os aspectos considerados inerentes ao negócio, tais como, viabilidade de recursos naturais, logística, aspectos legais, entre outros, é o diálogo que permite a construção de uma perspectiva de valor compartilhado de curto, médio e longo prazo com as comunidades. Entender as relações locais que envolvem o poder público, organizações sociais e sociedade civil e mergulhar na cultura, valores e história de todos é imprescindível.

Este é o caminho certo para criar valor! Para assegurar, após anos de investimento na etapa de projetos que a operação será exitosa. Não isoladamente, mas em parceria, somando forças à comunidade, que verá a sua empresa como parte integrante da comunidade e de suas transformações positivas.

. Por: Liliane Rocha, Fundadora e presidente da Gestão Kairós consultoria de Sustentabilidade e Diversidade. Palestrante, Professora de Pós Graduação e Executiva com 13 anos de experiência em grandes empresas nacionais e multinacionais e mestranda em Políticas Públicas pela FGV, autora do Livro “Como ser um líder inclusivo”, lançado recentemente pela Editora Asabeça do Grupo Scortecci.

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