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19/09/2017 - 06:26

Vale faz planos para crescer após reduzir dívida; avalia investir em energia

Belo Horizonte (MG) — A mineradora brasileira Vale tem realizado estudos para definir uma nova estratégia de crescimento, que deverá ser colocada em prática assim que a companhia cumprir suas metas atuais de reduzir o endividamento para níveis confortáveis, disse nesta segunda-feira o diretor-executivo e consultor-geral da empresa, Clóvis Torres.

O executivo afirmou ainda que a Vale tem, em separado, avaliado a possibilidade de investir em negócios no setor de eletricidade, como uma possível aquisição de concessões de hidrelétricas da estatal mineira Cemig que a União pretende colocar em leilão ainda neste mês, devido ao vencimento do prazo de exploração dos ativos.

Segundo Torres, a definição de como a Vale buscará garantir sua expansão nos próximos anos tem sido “o principal desafio” do presidente-executivo da companhia, Fabio Schvartsman, que deixou a fabricante de papel e celulose Klabin para assumir em maio o comando da maior produtora global de minério de ferro, em substituição a Murilo Ferreira.

“Estamos aí numa retomada, cumprindo o que prometemos no nosso planejamento estratégico... Vamos cumprir o mais rápido possível, para chegar a níveis confortáveis de endividamento, e a partir daí você tem que ter, sim, uma estratégia de crescimento definida. Para buscar aí, seja diversificação, seja fusões e aquisições, seja crescimento mesmo com novos projetos”, disse Torres a jornalistas, após participar de uma conferência do setor de mineração em Belo Horizonte.

“Essa é a mudança que ele (Schvartsman) se propõe a colocar na mesa... É isso que a gente está hoje desenhando”, acrescentou, sem antecipar detalhes sobre os estudos.

No final de julho, Schvartsman disse que a meta da Vale de reduzir o endividamento para cerca de 15 bilhões de dólares deve ser atingida apenas durante 2018. No fim do segundo trimestre, a dívida líquida da empresa estava em aproximadamente 22 bilhões de dólares.

Energia —No setor elétrico, onde possui investimentos por meio da Aliança, uma joint venture com a mineira Cemig, a Vale tem interesse em disputar um leilão agendado para 27 de setembro, no qual a União oferecerá a investidores quatro hidrelétricas.

As usinas de Jaguara, Miranda, São Simão e Volta Grande somam 2,9 gigawatts em capacidade instalada de geração, e o governo quer arrecadar ao menos 11 bilhões de reais com a cobrança de bônus de outorga junto aos vencedores da disputa pelos ativos, que pertenciam à Cemig antes do fim dos contratos de concessão.

Segundo Torres, a Vale deverá utilizar a Aliança como veículo de investimento caso decida participar da disputa. Ele disse, no entanto, que a decisão está condicionada a definições em torno de uma disputa jurídica pelos ativos que serão licitados --a Cemig tem buscado negociar um acordo com a União para manter as usinas, além de tentar derrubar ou suspender o leilão na Justiça.

No momento, inclusive, a realização do leilão está suspensa devido a uma liminar, que a Advocacia-Geral da União tem tentado derrubar.

“A Vale está considerando participar, através da Aliança. Mas desde que haja segurança jurídica... precisa isso estar pacificado para que a gente possa ver qual caminho seguir”, disse Torres.

O diretor afirmou ainda que a Vale está aberta a outros negócios no setor como forma de reduzir custos com eletricidade.

“Somos grandes consumidores... temos interesse em investir no setor, e aí, seja através da Aliança, seja diretamente. Desde que tenhamos balanço para isso, (para investir) com uma forma confortável de endividamento”, afirmou.

Competitividade —O diretor da Vale também teceu críticas às reformas propostas pelo governo para o setor de mineração, enviadas ao Congresso Nacional por meio de três medidas provisórias anunciadas no final de julho.

A principal reclamação foi contra o aumento a partir de novembro na alíquota dos royalties cobrados do minério de ferro, que irão passar para um máximo de até 4 por cento, ante atuais 2 por cento, com a variação atrelada ao preço internacional da commodity.

“Definitivamente, em um momento em que a gente está buscando a competitividade, em que é difícil concorrer com os australianos, a gente tem esse aumento de custo. Passamos seis anos cortando custos (na Vale), e aí estamos em uma situação hoje em que o governo nos trouxe mais custos sem nenhum outro tipo de incentivo a investimentos”, apontou Torres.

Ele disse que a Vale está sempre buscando “se reinventar” para conseguir disputar o mercado chinês com os australianos, que possuem vantagens logísticas imensas devido à maior proximidade com os orientais.

Além dos custos, Torres criticou também o que chamou de excesso de burocracia e lentidão nos processos de mineração, especialmente nos licenciamentos ambientais, e disse que não houve grandes avanços com a nova regulamentação proposta pelo governo.

“Não se cria um ambiente de investimento, de facilidades para que o investimento mineral seja feito... perdemos a posição de maior produtor de minério de ferro para a Austrália porque passamos 10 anos sem licenciar uma mina”, exemplificou.

Governo rebate — Apesar das críticas da Vale às mudanças propostas para a regulamentação, o governo defendeu as medidas atualmente em discussão no Congresso, como a mudança em alíquotas de royalties e a criação de uma agência reguladora para o setor.

O secretário de Geologia e Mineração do Ministério de Minas e Energia, Vicente Lôbo, disse que havia uma demanda das empresas por “segurança jurídica e regulatória” que foi atendida com a publicação das regulamentações, que vinham sendo discutidas há anos.

“O novo código, que está agora no Congresso, como fato real, e não como sonho, traz modernidade... e a criação da agência é absolutamente estratégica”, afirmou.

Ele disse ainda que a definição das alíquotas sobre a exploração, incluindo uma elevação na alíquota máxima para o minério de ferro, foi “um trabalho absolutamente técnico” e que ouviu as empresas.

“No minério de ferro, basicamente você tem uma tabela progressiva”, disse o secretário.

Ele negou que as mudanças tenham sido promovidas com viés arrecadatório, em meio às dificuldades do governo federal para fechar as contas. “Essa indústria tem um papel vital para a economia brasileira, representa 4 por cento do PIB. Não existe uma proposta de tributar o setor.” | Luciano Costa/Reuters.

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