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27/09/2017 - 07:01

Produção do pré-sal na Bacia de Santos será responsável por 70% da produção bruta de gás


Evento do IBP debate o futuro do segmento de gás natural com base no programa Gás para Crescer.

O segmento de gás natural vive uma fase de transformação diante do grande potencial do pré-sal, da entrada de novos agentes, das mudanças regulatórias em curso e da necessidade de maior integração com o setor de energia elétrica. Esses foram alguns dos temas debatidos no diaz 25 de setembro (segunda-feira) durante as apresentações do primeiro dia do 18º Seminário sobre Gás Natural, promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP).

"Com as mudanças que serão introduzidas pelo Gás para Crescer, programa construído em conjunto pelo governo e representantes de todos os elos da cadeia de gás que apresentaram propostas, o Brasil dará um salto nesse mercado, com novos agentes, mais investimentos e mais competição, além da necessária integração com o setor elétrico para absorver a maior oferta de gás do pré-sal", disse Luiz Costamilan, secretário-executivo de Gás Natural do IBP, destacando também que o Gás para Crescer, lançado há cerca de um ano na edição passada do Seminário de Gás Natural do IBP, entra em sua fase final, cuja próxima etapa é enviar as alterações propostas para o Legislativo.

A estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é que a oferta de gás natural ao mercado crescerá de 57 milhões de metros cúbicos/dia em 2016 para 95 milhões de metros cúbicos/dia em 2026, com a maior parte oriunda do pré-sal. De acordo com Ricardo Bedregal, Head of Upstream Research and Consulting practice para América Latina da IHS Markit, a Bacia de Santos será responsável por 70% da produção bruta de gás futuro e deverá contribuir com cerca de 180 milhões de metros cúbicos/dia na produção bruta de gás até 2030. “A produção do pré-sal na Bacia de Santos será o principal motor de crescimento do petróleo no Brasil e, consequentemente, do gás, uma vez que 90% da produção bruta de gás futuro (2017-2040) será de gás associado”, explicou Bedregal.

Costamilan ressaltou ainda que o cenário é positivo para construir um setor mais dinâmico, aberto e competitivo graças às oportunidades de investimentos com venda de ativos de gás da Petrobras, a crescente produção do pré-sal – que irá compensar a esperada menor importação da Bolívia – e as mudanças do marco regulatório, que trarão mais estabilidade e segurança ao segmento.

"Três pilares são fundamentais para o desenvolvimento do mercado de gás: o aperfeiçoamento do marco tributário; integração dos setores elétrico e de gás natural; e novo desenho regulatório, a partir de mudanças legislativas que serão propostas", completou Simone Araújo, diretora de Gás Natural do Ministério de Minas e Energia.

As novas regras, diz, preveem livre acesso negociado com proprietários à capacidade de gasodutos e terminais, reorganização tributária, regime de autorização para a construção e operação de gasodutos (com possibilidade de que outro agente interessado também dispute a linha) e a criação da figura do consumidor livre de gás, a exemplo do que ocorre no setor elétrico.

No painel sobre Acesso à Infraestrutura e Atração de Investimentos, Carlos Zanardo, gerente executivo da Cosan, lembrou a baixa penetração do gás natural na matriz energética. “É menos de 10% e sem o aumento da participação do gás natural na matriz energética não haverá mercado líquido, a indústria não será competitiva e não terá escala”, afirmou.

Para o executivo, a entrada de novos players também é fundamental para fortalecer a cadeia de valor do segmento. “Nesse momento de transição para um mercado aberto e competitivo é preciso incentivo ao investimento, novos players e mais infraestrutura, bem como múltiplos agentes no suprimento e na comercialização. Não adianta trocar a Petrobras por apenas três ou quatro operadoras, precisamos ter múltiplos agentes no mercado para garantir a competitividade”, concluiu Zanardo.

Cenário econômico e demanda — Durante o evento, o economista José Márcio Camargo, da PUC-Rio, traçou uma perspectiva positiva para o crescimento do país nos próximos anos, com as reformas como a trabalhista e a criação do teto de gastos do setor público, o que nas expectativas de investidores e já se reflete na redução dos juros pagos pelos títulos da dívida brasileira.

Clarissa Lins, sócia-fundadora da consultoria Catavento e diretora do IBP, ressaltou a importância do crescimento econômico e do desempenho da indústria para o mercado de gás natural.

Leonardo Junqueira, presidente da Repsol-Sinopec Brasil, afirmou que é preciso trabalhar para desenvolver o consumo de gás por parte da indústria, que, no país, é baixo e traz “estabilidade” para o setor. O executivo, como outros palestrantes, ressaltou ainda a necessidade de, nos próximos leilões de energia, o governo incluir termelétricas a gás para gerar de forma contínua para assegurar a demanda por gás e a segurança do abastecimento, com o crescente uso de energia solar e eólica – modalidades que não têm geração constante.

"O mercado de gás precisa de um consumidor-âncora para se desenvolver, que é a geração térmica. O gás é limpo e eficiente. Tem ainda condições de competir com o custo de usinas solares, eólicas e até das futuras hidrelétricas, além de ser uma fonte capaz de gerar energia sem interrupção".

Para a EPE, o gás do pré-sal será competitivo frente ao importado da Bolívia e GNL, com preços na faixa de US$ 5 a US$ 11 por milhão de BTU (unidade de medida do gás).

Benchmark internacional 1 Ainda no primeiro dia do Seminário sobre Gás Natural, especialistas internacionais apresentaram os modelos de operação em Portugal, na Argentina e na Noruega, mostrando cases de sucesso que possam basear a construção do modelo brasileiro.

Jorge Manuel Rodrigues Lúcio, diretor de Regulação Ibérica de Gas&Power da Galp, explicou que, na Europa, o mercado é desenvolvido por país. Ou seja, há independência nacional na cadeia de produção, aprovisionamento, infraestruturas e comercialização. Já Daniel Ridelener, diretor geral da Transportadora de Gas del Norte S.A (TGN), questionou a possibilidade de uma regulação conjunta para a América Latina, como acontece no modelo de mercado único europeu.

“É preciso que a gente pense a energia sem fronteiras. Se esquecermos as linhas que delimitam os países, teríamos um cenário energético muito diferente do que temos hoje”, afirmou Ridelener.

A 18ª edição do Seminário sobre Gás Natural continua nesta terça-feira, 26/09, com a presença do secretário de petróleo e gás do MME, Márcio Félix, para comentar os principais resultados alcançados pelo programa que visa rever as regulações do setor de gás para a entrada de novos agentes. Além disso, serão debatidos temas como o novo modelo de transporte, o regime tributário para um novo mercado e as perspectivas para a distribuição de gás natural no Brasil.

O evento é patrocinado pela Petrobras, Governo Federal, Faveret Lampert, Mattos Filho Veiga FilhoMarrey Jr e Quiroga Advogados, Repsol-Sinopec, Statoil, Shell e TBG, e tem apoio institucional da Brazil-U.S Business Council.

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