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11/10/2017 - 06:55

O Brasil não é só o País do futebol


Especialistas afirmam que o setor de pesquisa, desenvolvimento e ciência é o que pode levar o Brasil para uma melhor colocação no ranking de inovação.

O Brasil já caiu mais de 20 posições no Índice Global de Inovação (GII, na sigla em inglês) desde 2011. O ranking é elaborado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), pela Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, e pela escola de administração francesa Insead, e traz o Brasil hoje na 69ª posição, a mesma do ano passado. Em 2011, estávamos na 47ª colocação.

O lugar ocupado pelos brasileiros é considerado bem abaixo da média por especialistas no setor - nesse ano, foram avaliadas 130 economias, tendo a Suíça como primeira da lista por sete anos seguidos. “É fundamental investir em inovação, é sobrevivência. Ou se inova, ou se morre”, afirma de forma taxativa a PhD in Business e especialista em empreendedorismo e inovação em mercados emergentes, Cristina Castro-Lucas. Há quase 20 anos, Cristina vem estudando o setor e defende que tecnologia, ciência, conectividade e informação são a riqueza de um país. “Se não tivermos inovação, não temos nada disso.”

Há 25 anos no mercado, a Pieracciani Consultoria acredita que inovação é o motor da competitividade. Para o sócio-diretor da empresa, Valter Pieracciani, o setor é importante também para movimentar a economia de um país. “Empresas que investem em inovação, em pesquisa e desenvolvimento têm um retorno imediato na redução de seus impostos e no acesso ao capital”, diz.

A Pieracciani é pioneira em consultoria de inovação para empresas. Eles são responsáveis por mais de 600 projetos e já atenderam cerca de 300 empresas em todos esses anos. Segundo ele, o objetivo é transformar empresas comuns em inovadoras. “A inovação promove emprego, promove desenvolvimento econômico, promove competitividade. O governo deve incentivar mais a inovação e diminuir a distância entre o mundo empresarial e as universidades.”

Ciência x indústria — Para o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Álvaro Prata, o Brasil ainda é pouco competitivo na área. “Se você quer ter competência tecnológica, você precisa ter competência científica. E nós temos competência científica, só que a nossa ciência se apoia muito nas nossas instituições de pesquisas e nas universidades. Há um distanciamento entre a nossa ciência, que está majoritariamente nas nossas universidades, e o setor industrial.”

Ele lembra que na Suíça há uma grande proximidade entre a ciência e as indústrias, o que pode ser um dos grandes motivos de o país ocupar a primeira colocação há tantos anos no ranking de inovação. “Como quem faz a inovação é a indústria, você tendo essa inovação muito harmonizada com a ciência isso favorece o desenvolvimento tecnológico e a inovação.” O secretário diz que há um comprometimento do ministério em fazer essa aproximação da ciência e da indústria no Brasil. “Essa é a nossa missão.”

O ex-ministro da Ciência e agora deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) lamenta a falta de recursos para o setor. Segundo ele, a verba destinada para pesquisa, desenvolvimento e inovação é a mesma de 2003. “E não é que falte dinheiro, mas existem muitos recursos contingenciados. Só do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, temos R$ 4 bilhões contingenciados, fora o que já foi retirado do fundo.”

De acordo com o Site Nacional de Empregos (Sine), um pesquisador com até quatro anos de experiência ganha, em média, R$ 3 mil. Com dez anos ou mais, o salário sobe para R$ 4 mil. O jogador de futebol Neymar Júnior, recentemente transferido para o time francês Paris Saint Germain, ganha o equivalente a R$ 9 milhões de reais por mês.

“É maravilhoso ter um jogador de futebol em casa, mas também é maravilhoso ter um cientista, como também é maravilhoso ter um bombeiro ou um professor”, comenta Cristina Castro-Lucas, especialista em inovação. Para ela, é importante, sim, que se invista em lazer e esporte, mas é preciso equilíbrio para que também haja interesse na ciência. “Tem o papel dos pais que precisam incentivar mais os filhos e a universidade que precisa ter mais estrutura para esses filhos fazerem ciência. Por outro lado também tem o Governo que precisa apoiar mais isso. Eu pergunto: qual a quantidade de Prêmio Nobel no Brasil? É zero. Temos muita condição, mas não temos nenhum”, diz.

A chamada Lei do Bem (Lei 11.196/05) é conhecida por conceder incentivos fiscais a empresas que realizam pesquisa e desenvolvimento em inovação tecnológica. Recentemente, o Congresso Nacional voltou a discutir uma proposta que altera essa lei (PL 6601/2016), acrescentando ao artigo 17 a dedução do valor correspondente à soma das despesas em pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação com empresas e pesquisadores estrangeiros.

Especialistas concordam que o investimento do exterior é de extrema importância para o país crescer. “É essencial. As fronteiras dos países se dissolveram e hoje a competição é global. A mesma tecnologia que gera uma inovação na Alemanha é a mesma que destrói um produto brasileiro”, mostra Valter Pieracciani. “Precisamos estar inseridos nessa competição mundial.”

O autor do projeto, o deputado Francisco Floriano (DEM-RJ), reitera a importância de investimento e interesse em todas as esferas da sociedade, além do capital e investimento estrangeiro. Floriano ressalta que as crianças deveriam ser o foco da pesquisa e da ciência, para que elas não se percam para o crime organizado, tão presente no estado. “Se o governo não se preocupar hoje com educação de ponta e não der para as crianças condições para que elas se tornem grandes líderes, engenheiros, pessoas que vão fazer, que vão trazer riqueza para o País, que não é apenas futebol, vão diminuir as qualidades desses grandes jovens.” O projeto ainda segue em discussão no Congresso. | Jalila Arabi/Agª do Rádio

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