Governança Organizacional - O Olhar Sistêmico

Ter uma boa gestão de operação ou de vendas não é suficiente para o sucesso de uma organização. A verdade é que, com o crescimento, muitas empresas negligenciam a tão necessária visão sistêmica da gestão. Sem este olhar integrado, seja de uma área específica ou do negócio como um todo, a organização perde tração para avançar. É com o objetivo de corrigir este desvio que surge a Governança Organizacional.

No Brasil, pouco se fala de Governança Organizacional, quase não há bibliografia ou estudos sobre o tema. O surgimento de projetos nesse sentido nas empresas ainda é muito recente, pouco mais de cinco anos, e ainda é comum que confundam os conceitos de Governança Organizacional e Governança Corporativa que são bastante distintos entre si. A segunda diz respeito à criação de regras de compliance, tem um viés mais oficial e legal, enquanto a primeira tem por objetivo gerenciar a gestão, pensar o todo, e redesenhar as estruturas da organização.

A premissa da Governança Organizacional é justamente promover conversas produtivas, contendo interfaces críticas. Cada problema precisa ser tratado com o remédio que lhe seja mais eficaz. Governança Organizacional é também um processo cíclico. O olhar que se tem hoje será diferente do olhar que teremos daqui a dois ou três anos. Neste período, uma organização pode ter novas estruturas, fechar outras, contar com novos produtos ou processos. É por este motivo que a Governança merece ser revisitada periodicamente. O que muda no sistema de gestão ao longo do tempo? O crescimento pode emperrar o negócio?

Um trabalho de Governança Organizacional permite que a organização atinja um alto crescimento sustentável, dentro de um ambiente ágil e colaborativo. A implementação de um novo modelo de governança na organização é instrumento para a estratégia organizacional, concebida para funcionar como um sistema. Num primeiro momento, há um redesenho dos processos, definindo papéis, responsabilidades, alçadas de decisão, fluxo de informações e agendas dos comitês aprovados pelos stakeholders principais. Numa segunda etapa, mais avançada, é implementado um novo modelo de governança por meio dos comitês executivos, mentoring dos sponsors, e feedback frequente ao Comitê Executivo, compartilhando percepções e oportunidades de melhoria de curto prazo.

Voltando ao olhar integrado, fica a questão: por que ele é abandonado na zona do limbo das organizações? A resposta é simples: quando uma empresa começa a ficar grande demais, é natural que os processos se fragmentem e as pessoas percam a visão sistêmica. O crescimento acelerado de uma empresa também acaba fragmentando a operação em algumas áreas, e seus gestores correm o risco de perder a visão sistêmica do negócio. Por isso, a Governança Organizacional tem a missão de resgatar esta visão.

. Por: Boris Leite, sócio fundador da Ekantika —Na Ekantika é responsável pela área de Estratégia, Cultura, Performace e projetos executivos. Desenvolveu-se como profissional no setor de consultoria de gestão durante os 10 anos em que trabalhou para a McKinsey atendendo a várias empresas na América Latina, Europa e nos EUA, nos setores bancário, telecomunicações, bens de consumo, varejo e materiais básicos. Boris tem trabalhado com clientes em diversos temas estratégicos, que vão desde recuperações empresariais até o crescimento sustentável, incluindo áreas como marketing, vendas, operações, finanças, inovação e recursos humanos.

Viviane Salyna é sócia fundadora da Ekantika — Na Ekantika é responsável pelas áreas de inovação, multicanalidade, transformações culturais e performance. Especialista em Inovação, Gestão de cultura e Gestão de mudanças para os resultados do negócio. Gestão de qualidade, engenharia de processos e Lean, é Master BlackBelt certificada. Desenvolveu sua carreira como executiva em empresas multinacionais e nacionais líderes em seus respectivos segmentos no Brasil: Banco Itaú, Grupo Accor, Whirlpool, Dana Corporation.