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18/10/2017 - 07:29

Icomex: superávit da balança comercial registra recorde, aponta FGV/IBRE

O Icomex da balança comercial elaborado pela FGV/IBRE registrou aumento de 15,1% no volume exportado e de 18% no volume importado, na comparação entre os meses de setembro de 2016 e 2017. Destaca-se na comparação dos meses de setembro o crescimento de 94,5% do volume exportado do setor de agropecuária, superando as variações registradas nos meses anteriores entre 2016/17.

O preço das exportações aumentou 2,7% na comparação mensal com a contribuição do aumento de preços de algumas commodities, em especial minério de ferro.

No caso das importações, a liderança no volume importado coube aos bens de capital. O índice IBRE do volume importado de bens de capital (FBCF) que havia crescido 5,3% na comparação entre agosto de 2016/2017, voltou a registrar aumento de 71,5% (setembro 2016/17) após quedas superiores a 30% nos meses de junho e julho.

O índice de preços das importações manteve a sua trajetória de queda e recuou 3,5% entre os meses de setembro de 2016/17.

Aumenta a dependência das exportações brasileiras em relação ao mercado chinês. A participação da China nas exportações brasileiras supera a da América Latina, União Europeia e Estados Unidos.

O superávit da balança comercial acumulado no ano até setembro da balança comercial foi de US$ 53,3 bilhões, o que supera o recorde anterior de US$ 48 bilhões registrado para o ano de 2016. Segundo Lia Valls "contribui para esse superávit, a recuperação dos preços das commodities iniciada em 2016 e o crescimento do comércio mundial em 2017. No entanto, para 2017 dois fatores deverão levar a uma redução no superávit comercial. Primeiro, segundo projeção do Fundo Monetário Internacional, após ter aumentado 17,4% (preço do petróleo) e 7,1% (preços de outras commodities, exceto petróleo), os preços das commodities deverão desacelerar em 2018, petróleo recuo de 0,2% e as outras commodities, aumento de 0,5%. Segundo, a perspectiva de um crescimento brasileiro entre 2,5% e 3% levará a um aumento das importações".

Índices de preços e volume agregados — O volume exportado cresceu 15,1% e os preços 2,7% na comparação entre setembro de 2016 e 2017 (Gráfico 1). Logo, apesar do pequeno recuo em relação ao resultado de agosto, a tendência é de alta no volume exportado. No caso dos preços, houve aumento no mês de setembro superior ao de agosto, mas se manteve a tendência de queda.

O aumento nos preços exportados está associado a uma melhora nos preços das commodities (Gráfico 2), que após cair entre abril e agosto de 2017, voltou a crescer. Nota-se, porém, que índice de setembro é 11% inferior ao de abril de 2017. Se a projeção do FMI de desaceleração nos preços das commodities para 2018 estiver correta, os aumentos recentes serão temporários.

O volume importado segue em alta, aumento de 18% entre setembro de 2016/17, associado a uma melhora no nível de atividade. Os preços de importações mantiveram a tendência de queda. Observa-se que no acumulado do ano até setembro, as importações cresceram em volume 11,4% e os preços recuaram 1,5%. No caso das exportações, a variação foi de 11,7% e dos preços 11,4% na mesma base de comparação. A aproximação da variação nos volumes exportados e importados reduz a contribuição líquida das exportações para o aumento do PIB da economia.

O comportamento dos índices de preços das exportações e importações manteve a tendência de aumento dos termos de troca já observada em agosto e aumentaram 5% entre agosto e setembro de 2017. Novamente, não se espera melhora acentuada nos termos de troca em função da desaceleração esperada nos preços das commodities.

Índices desagregados por atividade econômica e categoria de uso — A indústria extrativa liderou o aumento do volume exportado até o mês de julho. Desde agosto, porém a agropecuária vem registrando aumentos superiores ao da indústria extrativa. Na comparação mensal entre os meses de agosto os percentuais foram: 54% (agro) e 18,8% (extrativa). Em setembro como mostra o gráfico 5, os percentuais foram 94,5% (agro) e 7,3% (extrativa). No entanto, na comparação do acumulado do ano até setembro, a indústria extrativa mantem a liderança (30,3%), seguida da agropecuária (17,9%) e transformação (6%).

A queda no preço da agropecuária em setembro foi puxado pelo complexo soja (recuo de 11% entre setembro 2016/17), pois os outros agregados desse grupo registraram aumento – carnes (0,6%) e outros agrícolas (7%). Na indústria extrativa o minério de ferro liderou o aumento – variação de 25,3% na comparação mensal.

Nas importações (Gráfico 6), a indústria de transformação registrou aumento de 23,1% (volume) na comparação mensal, seguida da extrativa (14%) e recuo de 36,7% no setor de agropecuária.

A análise por categoria de uso da indústria de transformação (Gráfico 7) mostra a variação mensal dos índices de volume. Nas exportações, o destaque são os bens de consumo duráveis que cresceram 27,2% e no acumulado do ano até setembro, 46,3%. Na comparação do acumulado, o segundo maior aumento foi de bens intermediários 12,4%. A diferença nos resultados mostra a relevância do setor automotivo para o comportamento das exportações da indústria de transformação, pois é o principal segmento exportador de bens duráveis. Em termos de valor, as vendas externas de automóveis cresceram no acumulado de setembro 2016/17 em 51%, mas representam apenas 3% do total exportado pelo Brasil. Observa-se que o aumento das vendas abrangeu diversos mercados: Argentina (42%); Peru (300%); México (95%); Chile (157%); Colômbia (82%); Uruguai (98%); e, Paraguai (124%).

No caso das importações, chama atenção o aumento de 71% de bens de capital, embora no acumulado do ano, o resultado seja negativo (-11,6%). Importações de equipamentos industriais para transportes (caminhões) foram o principal item dessa categoria no mês de setembro. Não está claro se o aumento do mês de setembro sinaliza uma recuperação da taxa de investimento da economia.

Bens de Capital e Bens Intermediários 1 A relevância das importações de bens de capital e dos bens intermediários como indicadores do desempenho da economia levou a construção do índice de importação de bens de capital que compõem a FBCF da economia e dos BI utilizados na indústria de transformação e na agropecuária.

O Gráfico 8 mostra a variação mensal do volume de bens de capital desde setembro de 2016. Como já assinalado no ICOMEX de setembro, exceto dezembro de 2016 e março de 2017, as variações ficam abaixo de 5% e são negativas em 6 meses da série. A partir de abril de 2017, as variações foram caindo e recuaram 54% e 31%, em junho e julho. Logo, o aumento de 5% em agosto e de 71% deve ser recebido com cautela como indicador de recuperação do investimento, após quedas tão acentuadas. De qualquer forma, se a recuperação do nível de atividade se mantiver, devem aumentar as importações de bens de capital.

Em relação às importações de bens intermediários da indústria de transformação, o aumento entre 2016 e 2017 seja mensal ou no acumulado do ano continua, como já salientado nos informes anteriores, a ser explicada pela demanda do setor agropecuário. O índice do volume importado de BI para o setor agropecuário cresceu 47,5% (mensal) e 67,2% (acumulado no ano). Para a indústria de transformação os resultados do volume importado de BI foram: 22% (mensal) e 16,8% (acumulado até julho).

Uma nota final — Queremos registrar a crescente importância da China para o dinamismo das exportações brasileiras. Para o aumento das exportações entre jan-set de 2016/2017, a China contribuiu em 39%, seguida da Argentina (12%) e os Estados Unidos (11%). Com esses resultados, a participação da China nas exportações (23%) supera a das principais regiões de destino das vendas brasileiras como a América Latina (19%) e a União Europeia (16%) e se distancia do segundo principal mercado os Estados Unidos. Soja em grão, minério de ferro e petróleo explicaram 83% das vendas brasileiras para a China no acumulado do ano até setembro. Logo, a diversificação da pauta das exportações continua na agenda de comércio exterior num cenário de possível desaceleração nos preços das commodities.

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