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10/11/2017 - 06:46

Pesquisadora ganha prêmio nacional com pesquisa sobre conectividade e museologia


A museóloga Karina Muniz Viana foi premiada pela Ancib por sua importante contribuição às novas vertentes da visão entre museus e visitantes.

O trabalho “O fenômeno gatekeeper— museologia, compartilhamento e conectividade híbrida na sociedade global”, publicado em 2016 pela pesquisadora e museóloga Karina Muniz Viana, faturou o primeiro lugar como melhor dissertação de mestrado em Ciência da Informação no Brasil, do prêmio Ancib de Teses e Dissertações de 2017, no qual concorrem todas as universidades federais com pesquisas ligadas à área da ciência da informação.

Karina é mestre em museologia e patrimônio e atua na área desde 2004. O trabalho foi defendido em abril de 2016 dentro do Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio – PPG PMUS, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, sob orientação de Tereza Cristina Molleta Scheiner, museóloga e doutora em comunicação. “O prêmio representa mais uma prova da qualidade das teses e dissertações defendidas em nosso Programa. A Ancib é uma instituição consagrada no âmbito das Ciências Sociais”, diz a orientadora ressaltando a importância da premiação.

Como fio condutor, foi utilizado o fenômeno gatekeeper ou guardião do portão, em tradução literal. O conceito de gatekeeper surgiu na comunicação, no pós-guerra dos anos 1950, e trata grosso modo da escolha das informações transmitidas à massa. Na pesquisa, o termo é usado como referência aos diferentes filtros que o museu realiza antes de expor as coleções aos visitantes.

Karina analisou por dois anos postagens no Instagram e no Tumblr com tema museu. Ao final, concluiu que os usuários, devido sua familiaridade e domínio das tecnologias digitais, se apropriaram do museu como jamais se imaginou em toda história da Museologia e do Patrimônio. “Os visitantes recriam, a cada postagem, uma nova exposição e outras narrativas”, explica Karina.

Segundo a pesquisadora, o resultado da análise provou que o museu não é mais um lugar parado no tempo. E que devido ao uso das tecnologias digitais, somada à liberdade e criatividade de seus usuários, o museu se tornou um lugar de encontro e de novas experiências digitais. A tese traz para os museus a libertação das amarras tradicionais para principalmente “quebrar o clichê de que museu é lugar de coisa velha, ou pior, de que museu ‘moderno’ tem que ter muita tecnologia e interatividade reduzindo-o grotescamente a um espaço de entretenimento, um shopping center cultural da sociedade de consumo”, disse Karina.

Karina explica ainda que o museu revelado pela pesquisa é sim o museu tradicional, mas que está sendo ocupado por novos atores sociais e mecanismos de comunicação. “Esse museu tradicional está se reconfigurando dentro de um corpo social dinâmico, capaz de dialogar com muitas vozes. Seja ele de história ou arte, a pesquisa o possibilita transitar por novos territórios, tendo o indivíduo globalizado e as tecnologias digitais como seus grandes aliados”, observou.

A ideia central do tema denuncia que as exposições e o próprio museu, enquanto edifício, não são mais os únicos agentes comunicacionais dos visitantes, tratados no trabalho como ‘indivíduos globalizados’. Eles produzem novas interpretações, recriam outras perspectivas visuais e interagem com outras formas de subjetividades. “Os indivíduos globalizados não ‘visitam’ mais museus, mas sim compartilham a ‘experiência vivida’ nestes museus. Não são mais ‘visitantes’, são ‘agentes comunicacionais’”

E como nossos museus estão reagindo à essa nova configuração? O diagnóstico da pesquisa aponta que muitos museus brasileiros, ainda atuam dentro de um modelo tradicional, onde a relação visitante x museu se dá apenas pela presença do objeto agregado a longos textos. As instituições estão presas à manifestação física na sala de exposição e ignoram ou simplesmente não entendem que a presença do indivíduo nesse ambiente somada às tecnologias digitais são novas possibilidades de informar, interagir e ampliar a presença do museu. Por outro lado, temos no Brasil casos de sucesso que atingiram camadas mais profundas nas relações entre exposição x corpo social x museu.

“Não estou aqui defendendo um modelo ideal de museu, isso não existe. O que levanto é uma discussão crítica que ultrapasse os limites de interesses, áreas e de competências. Na sociedade global digital que atravessamos, somos um e todos, ao mesmo tempo. E o museu precisa fazer parte desse encontro. E as tecnologias digitais, manipuladas por esses indivíduos, são ferramentas que viabilizam esse diálogo” completou Karina.

A premiação é conferida aos mestres e doutores cujas dissertações e teses credenciadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) tenham contribuído significativamente para o desenvolvimento da área. Embora esteja inserido no campo da Ciência da Informação, a cada ano, a comissão científica se apresenta mais sensível a novos saberes e diferentes áreas do conhecimento. Motivo pelo qual, este foi o primeiro ano em que uma pesquisa fora do campo da ciência da informação, no caso a museologia, foi premiada. Tereza Cristina Molleta Scheiner, orientadora, novamente fala da importância do trabalho acadêmico ressaltando que é “uma feliz e muito bem alinhavada articulação entre a Ciência da Informação e a Museologia, tanto do ponto de vista teórico como operacional (exemplos trabalhados). A autora utilizou muito bem seus conhecimentos nos dois campos para realizar uma análise verdadeiramente transdisciplinar.” A tese foi selecionada entre 26 universidades federais que inscreveram trabalhos.

A escolha do tema desta produção acadêmica é relevante para trazer novos ares que o campo científico e os pesquisadores e profissionais da museologia precisam “É necessário ousar e beber de outras fontes, sair do discurso incansável entre pares, da ladainha que não tem dinheiro e avançar para outros territórios”, completou.

A Edição 2017 do prêmio foi anunciada na última quarta (25) durante a Assembléia Geral da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação, que ocorreu no XVIII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB), em Marília, São Paulo.

Quem é Karina Muniz Viana? Karina Muniz Viana, Museóloga. Bacharel em Gravura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, especialista em Gestão da Informação e Inovações Tecnológicas pelo Instituto Brasileiro de Pós-graduação e Extensão e mestre em Museologia e Patrimônio pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atua em museus desde 2004 desenvolvendo atividades referentes à gestão de acervo museológico, planejamento estratégico e Tecnologia da Informação. Foi responsável técnica pela criação do Centro de Memória do Instituto EMATER Paraná (2006). Implantou o banco de dados SIMBA no acervo do Museu Oscar Niemeyer (2008). Coordenou o projeto de criação do Centro de Memória da RPCTV, filiada da Rede Globo no Paraná (2010). De 2011 a 2016 integrou a equipe da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná na Coordenação do Sistema Estadual de Museus, sendo responsável técnica do projeto de criação e implantação da Rede de Informações MUSEUS PARANÁ. É professora convidada do Programa de Pós-graduação e Extensão da Universidade Paranaense – UNIPAR (Cascavel). Sua atuação como pesquisadora no campo da Museologia investiga as tecnologias de comunicação e da informação no ciberespaço e suas relações digitais/virtuais com o indivíduo globalizado.

Breve trajetória a caminho da pesquisa científica — A formação acadêmica de Karina Muniz Viana percorreu o campo das Belas Artes. Um caminho traçado sob os moldes institucionais e políticos dos museus os quais atuou, desde 2004 no estado do Paraná. Mas foi no âmbito da gestão da informação e da comunicação confluídos à Museologia, enquanto ciência, que percebeu que estava diante de um território carente de pesquisas inovadoras e de conexões híbridas com demais áreas do conhecimento, em especial, com a Comunicação.

Experiência comprovada — A trajetória profissional da pesquisadora, é consolidada por mais de dez anos atuando na gestão de museus públicos. Um de seus projetos inovadores, foi a criação da Rede de Informações Museus Paraná (2012) em parceria com o Governo do Estado do Paraná e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), na época ela ocupava a Coordenação do Sistema Estadual de Museus do Paraná (COSEM-PR). Projeto inédito no Brasil, onde reuniu em uma única plataforma online todos os acervos dos museus e suas bibliotecas, hoje com mais de 190 mil registros, imagens e documentos digitalizados, todos de acesso público. www.memoria.pr.gov.br

Internacionalização da pesquisa e novos debates no Brasil — Nos dias 9 e 10 de novembro(quinta e sexta-feira), a pesquisadora estará em Lisboa (Portugal) participando como conferencista do Colóquio Internacional – O Patrimônio Digital em contexto Ibérico: entre a prática e a crítica. Onde apresentará o tema “Museu e indivíduo globalizado – novas subjetividades do patrimônio digital, ressignificações e compartilhamentos virtuais”. Em sua fala, abordará alguns resultados da pesquisa premiada bem como os novos desdobramentos que estão sendo explorados em seu projeto de doutorado em Comunicação.|https://www.even3.com.br/definiromuseu2017

No dia 17 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro (Brasil), a pesquisadora apresentará a dissertação premiada ao Grupo de Trabalho de Cibermuseologia durante o IV Seminário de Museologia Experimental e Simpósio Internacional do Comitê Internacional para Museologia (ICOFOM), que terá como tema “Definir o Museu do Século XXI: experiências latino-americanas”. |http://seminariotecnologiaecultura.blogspot.com.br

Nos dias 23 e 24 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro (Brasil), a pesquisadora apresentará a dissertação premiada no 2º Seminário Tecnologia e Cultura - Humanidades digitais e competência em informação na Fundação Casa de Rui Barbosa.| http://seminariotecnologiaecultura.blogspot.com.br.

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