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19/12/2017 - 09:02

A responsabilidade de todos nós

Vivemos este ano, assim como os que antecederam, rotineiramente com notícias de casos de corrupção, lavagem de dinheiro, caixa dois em campanha eleitoral, com vários políticos de diferentes bandeiras, partidos, ideologias, envolvidos nestes graves desvios de conduta.

Desde a denúncia do processo denominado Mensalão, na qual políticos da base aliada do governo Petista recebiam uma espécie de mesada para votar projetos do interesse governamental, pouco republicano, até os dias de hoje, tempos de Lava-Jato, não se ouve falar em outra coisa do que escândalos de corrupção.

Naquela época, achava-se que o Mensalão era um ponto fora da curva, tanto pelas condenações dos envolvidos, a exemplo do ex-ministro da Casa Civil do presidente Lula, Deputados e o Tesoureiro do Partido vencedor das eleições, entre outros, como pelos valores vultosos envolvidos.

A população atônita a tudo, assistia dos exaustivos depoimentos nas Comissões Parlamentares de Inquéritos transmitidas ao vivo pela TV Senado ao acompanhamento do julgamento dos réus pela televisão, com a consequente condenação e prisão daquelas personalidades.

A impressão fora que a atuação, firme, do Supremo Tribunal Federal (STF) teria deixado um recado para aqueles que tratavam a coisa pública como mercado de negociatas ilícitas não voltaria a ocorrer.

Passados poucos anos, veio à tona a operação Lava-Jato e seus desdobramentos, que fez parecer, nas palavras irônicas do Ministro Gilmar Mendes, que o Mensalão pelas proporções de dinheiro e de pessoas implicadas teria que ter sido julgado pelo Juizado de Pequenas Causas.

A população enfurecida com a novel indecorosidade foi à rua, fez manifesto contra a corrupção, tomou como heróis da república Procuradores, a Polícia Federal e Juízes que decretavam a prisão preventiva dos investigados. Lado outro, como inimigos públicos políticos e Ministros da Corte Suprema quando deferiam Habeas Corpus contra seus anseios.

A massa, leigas em direito, acha que o encarceramento, mesmo que prematuro, sem a observância do contraditório e da ampla defesa, é o universo de vingança social, em uma mistura de conceitos entre a justiça e o justiçamento.

Apesar do Judiciário dever se curvar apenas ao ordenamento jurídico e não pressões populares, é compreensivo que o povo assim se manifeste, pois, todas às vezes que estamos diante de fatos que nos causam repulsa, a sede de vingança ultrapassa os limites da razão.

Mas resta uma pergunta: qual a responsabilidade de todos nós diante dos diuturnos escândalos de corrupção? A resposta é simples, vivemos em uma república representativa, onde os representantes dos cidadãos são eleitos por via democrática, pelo voto direto. Se não observarmos e examinarmos o passado dos nossos candidatos, dos partidos envolvidos em constantes escândalos, dos congressistas que protegem seus pares, poderemos ser os partícipes de quaisquer manifestações, mas teremos que conviver com a nossa parcela de responsabilidade.

. Por: Bady Curi Neto, advogado, ex-juiz do TRE-MG, fundador do escritório Bady Curi Advocacia Empresarial|E-mail: [email protected]

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