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03/04/2008 - 08:51

Bilionário, Eike Batista elege petróleo como próximo alvo


As apostas como empresário estão focadas no Rio de Janeiro e Brasil.

Rio de Janeiro - O magnata brasileiro da mineração Eike Batista atribui o sucesso de seu negócio, montado do nada e hoje avaliado em bilhões de dólares, às regras básicas da exploração de minérios que aprendeu indo explorar regiões produtoras de ouro quando era jovem.

"Na mineração, a gente vai a algum lugar maluco, monta um acampamento, viabiliza água e energia e assim consegue construir quase qualquer coisa. Essa é a postura básica. Essa é a minha vida. Foi assim que aprendi a construir as coisas do nada", afirmou o bilionário Batista, 51, um dos executivos mais ricos do mundo da mineração.

Batista concluiu nos últimos dias a venda de dois projetos de exploração de minério de ferro para a Anglo American Plc, por 5,5 bilhões de dólares.

Depois do negócio, o empresário ainda continuará sendo dono de 700 milhões de toneladas de reservas de minério de ferro, um projeto de exploração de bauxita, portos, usinas de energia, uma empresa de água e sua mais recente paixão exploratória -- petróleo e gás natural.

Entre os outros talentos desse executivo carismático, conta-se um meticuloso processo de seleção de geólogos e gerentes habilidosos, aos quais oferece participação em suas empresas a fim de engajá-los mais profundamente nos esforços para obter resultados positivos.

Executivos das duas maiores empresas do Brasil, a Vale e a Petrobras, reconhecem que Batista conta com equipes excelentes de geólogos tirados de seus próprios núcleos de treinamento tanto na área de ferro quanto na de petróleo.

Construindo uma nova imagem - Apesar da magnitude de seus negócios e de seu patrimônio, Batista continua preocupado em deixar sua marca após passar anos na sombra de sua ex-mulher, a "sex symbol" Luma de Oliveira, e de seu pai, um destacado executivo do setor de mineração nos anos 1980.

O empresário de ascendência alemã possui dois filhos, Olin e Thor, com 12 e 16 anos de idade, do casamento com Luma, de 42 anos de idade. Os dois divorciaram-se em 2004.

"Até quatro anos atrás, eu era conhecido como o marido da Luma de Oliveira e o filho de Eliezer Batista. Decidi que isso tinha de mudar, em nome dos meus filhos. Sou um total 'self-made man' e quero ser uma referência em termos de pensar grande e realizar grandes feitos. E quero ter uma reputação neste país", afirmou.

Isso explica o desejo dele, que chega às raias da obsessão, de ser conhecido como a pessoa mais rica do Brasil e de melhorar a cidade na qual baseia suas atividades, o Rio de Janeiro, onde está investindo milhões de dólares para limpar a lagoa Rodrigo de Freitas, perto de sua casa, e a baía da Guanabara.

"Com o meu portfólio, serei o homem mais rico do Brasil no próximo ano. Desculpem-me, mas isso vai acontecer, de uma forma ou de outra", disse. Magro, com cabelos ruivos que estão ficando grisalhos, Batista dá risada e gesticula bastante ao falar um português misturado com expressões em inglês.

"E tudo isso é público, transparente. Quero instilar essa cultura da transparência no Brasil, a fim de que os empresários adotem-na, e os políticos também", acrescentou o executivo, que admite ter ficado insatisfeito ao ser chamado de especulador aventureiro no passado.

A revista Forbes calculou neste ano a fortuna de Batista em 6,6 bilhões de dólares, o que faz dele o terceiro homem mais rico do Brasil --depois de Antônio Ermírio de Moraes, da Votorantim, e do banqueiro Joseph Safra-- e o 142o do mundo.

Usando uma jaqueta esporte, com proteção nos cotovelos, e uma camiseta preta por baixo, calça jeans e tênis, apenas um enorme relógio Rolex de ouro faz lembrar a fortuna que possui.

Seu moderno escritório localizado na praia do Flamengo possui uma vista estonteante da baía da Guanabara e uma foto de seu barco de corrida na parede.

Batista detém vários recordes com barcos de velocidade, batidos entre 1990 e 2006. Máquinas caras são uma de suas paixões, como o super esportivo Mercedes-Benz SLR McLaren que comprou.

Nascido no Brasil, o executivo passou a maior parte de sua juventude na Europa, ao lado de sua mãe alemã e de seus seis irmãos, tendo estudado na Universidade Aachen, na Alemanha. O pai dele, Eliezer, foi por duas vezes diretor-executivo da então estatal Vale.

"Ele me levou a pensar grande, mas essa ligação entre meu pai e a Vale acabou por me prejudicar profissionalmente. Meu pai não me deixava chegar perto da Vale, mesmo depois de ela ter sido privatizada, com medo de que houvesse acusações sobre o vazamento de informações privilegiadas e coisas do tipo."

Batista regressou ao Brasil em 1980 para fundar uma empresa de mineração e comércio de ouro na Amazônia, negociando com exploradores de ouro aventureiros.

Mais tarde, tornou-se um importante acionista da empresa canadense de mineração TVX Gold. Ele amealhou e depois perdeu uma grande parte de sua fortuna nessa empresa, na qual atuou durante algum tempo como presidente-executivo.

Mas Batista acabou com cerca de 1 bilhão de dólares no bolso, em 2000, após vender sua participação, dinheiro que reinvestiu em seus próprios negócios -- uma empresa de água, usinas de energia e a MMX Mineração, sua maior empresa do setor, cujas ações passaram a ser negociadas em bolsa a partir de 2006.

"As pessoas me conhecem pelo que fiz com a MMX em 2003, mas minha vida antes daquilo não pode ser jogada no lixo. Eu abri cinco minas de ouro no Brasil, uma no Chile e duas no Canadá. Eu viajei pelo mundo todo, tinha duas minas importantes em Kamchatka, na Rússia, mas a máfia russa me expulsou do negócio", disse.

Todas as empresas de Eike contam com um X em seus nomes, algo que ele afirma simbolizar a multiplicação de sua fortuna.

Em novembro passado, o empresário roubou a cena no leilão anual de concessões de áreas de petróleo no Brasil, amealhando cerca de 1 bilhão de dólares em licenças para explorar 21 blocos de petróleo em alto mar.

"O petróleo e o gás são negócios tão maiores do que a mineração que não será difícil deixar de lado a mineração no futuro", disse Batista. "Vou estipular um novo padrão na exploração de petróleo no Brasil. Nós vamos começar a produzir em 2011, para mostrar que é possível passar do licenciamento para a produção em tão pouco tempo", afirmou.

O executivo pretende realizar uma oferta inicial de ações no valor de até 2,5 bilhões de dólares em maio e junho pela unidade de petróleo de sua holding, a OGX, que, segundo prevê, terá um valor de mercado de algo entre 12 bilhões e 15 bilhões de dólares. "Esse é meu próximo grande empreendimento", disse.

Apostando no Brasil e no Rio de Janeiro - Batista vê o Brasil, onde concentrou seus negócios definitivamente em 2000, como uma grande oportunidade para fazer dinheiro e elogia as políticas macroeconômicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"O paraíso é aqui. Eles estão arrumando as contas do governo e permitindo que o setor privado faça a sua parte", disse. Seu plano consiste em permanecer no Brasil e é por isso que deseja fazer do Rio de Janeiro um lugar melhor para se morar e trabalhar.

Além do projeto de limpeza das águas da baía da Guanabara que financia, Batista patrocina outros empreendimentos de melhoria com uma natureza mais comercial -- como um luxuoso iate com um restaurante que leva clientes para viagens turísticas pela costa do Rio e o histórico Hotel Glória, que acaba de comprar e que deseja reformar para transformá-lo em um estabelecimento de ponta.

"Quero devolver ao Rio sua identidade de cidade de luxo, atraindo turistas. Quero dar aos cidadãos do Rio auto-estima. Não desejo que meus filhos saíam do Rio, como fazem muitos filhos das pessoas endinheiradas", afirmou, acrescentando que os conhecidos problemas de criminalidade da cidade devem desaparecer com o tempo, à medida que a riqueza substituir a pobreza.

"Agora, estamos todos no mesmo barco. Eu uso um carro blindado para me proteger das balas perdidas ou no caso de algum menino drogado fazer alguma bobagem. Mas eu saio para correr e às vezes como na rua, sem meus guarda-costas. E não tenho medo", afirmou.| Por: Andrei Khalip/Reuters

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