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28/12/2017 - 08:55

A busca por novos rumos na educação brasileira

O cenário da educação no Brasil tem sido fonte de constantes preocupações para os brasileiros. Não é de agora que o assunto desperta debates e discussões sobre como melhorar o ensino no país, situação essa que parece não chegar a uma solução eficiente. Um estudo divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que nos últimos anos o status do país não mudou no ranking da avaliação da qualidade da educação, e amarga a 39ª posição, na frente apenas da Indonésia.

O Brasil conta hoje com cerca de 186 mil escolas de educação básica (pré-escola, ensino fundamental e ensino médio), sendo que a maior parte delas está sob a responsabilidade dos municípios, cerca de 61,7%. A rede privada é responsável por 21,5%, seguida da Estadual e Federal, que juntas somam 16,9%. Com uma região tão extensa e muitas promessas políticas de melhorias educacionais, como de fato elaborar uma reforma que melhore o status do ensino brasileiro?

Para o educador e Prof. Dr. Rabino Samy Pinto, a situação da educação no Brasil merece receber não só uma análise, mas também novas propostas para resolver o problema da qualidade no ensino. “Defendo a ideia de que, quem tem que resolver a situação do ensino e da educação no país é a própria sociedade, e o Estado teria o papel de investir o dinheiro. Partindo deste ponto, uma proposta a ser considerada é a migração dos alunos da escola pública para a rede privada”, comenta.

O caminho para a qualidade das escolas privadas — Pela proposta do Rabino Samy, o Governo realocaria, dentro da divisão anual do orçamento destinado para a educação, o investimento voltado para construção e manutenção das escolas da rede pública para as instituições de ensino particular receberem os alunos da rede pública. “Para que isso aconteça, será necessário muito estudo. Fazer com que esses recursos sejam reestudados e repassados como sistema de bolsa para essas crianças frequentarem as mesmas escolas que as de classe alta do nosso país trará igualdade de oportunidade para todos no ensino superior”, completa Samy.

De 2016 para 2017, houve um grande investimento na educação básica, de R$52,2 bilhões para R$ 56,3 bilhões, mas mesmo assim o ensino no Brasil continua a apresentar um baixo desempenho. O educador pensa que o sistema de bolsas pode ser um caminho para otimizar recursos e alcançar o sucesso em melhorar o desenvolvimento de todos os alunos. “As instituições privadas iriam reservar de 20% a 25% de vagas para a rede pública. As crianças e adolescentes seriam divididas de acordo com critérios de gestão educacional, considerando a capacidade das escolas particulares receberem os alunos, além de questões como proximidade e metodologias de ensino”, explica.

Benefícios que a nova proposta traz — Essa migração traria três benefícios para a sociedade. Primeiro, os bons resultados, profissionais e de infraestrutura, das escolas particulares alcançariam todos os alunos. Segundo, que seria possível as famílias escolherem as instituições por afinidade ideológica e metodológica. E a terceira, e a mais significativa para o Rabino Samy, é a conscientização da cidadania das escolas privadas e respectivas famílias com o próximo que sofre de uma desigualdade socioeconômica acumulada.

“Pela minha formação rabínica e científica, posso dizer que esse projeto não é utópico. Ele pode ser entendido como caridade, mas também como justiça. Não é justo prosseguirmos com esse mapa de desigualdade que volta e meia está sendo colocado para nós”, comenta o rabino.

Essa migração dos alunos também traria soluções para outras questões, como a da carga horária das escolas e da qualidade dos professores. Para o rabino, qualquer novo projeto de educação para o Brasil tem que partir do princípio de que é preciso investir no educador. “Para atender a demanda de novos alunos, as escolas terão que absorver grande mão de obra. Com isso, seria resolvida a questão da baixa da remuneração do profissional, além do problema da frequência dele em sala de aula. Um acréscimo a tudo isso seria o contato com uma maior diversidade de metodologia de ensino que as escolas particulares oferecem”, diz Samy.

As instituições particulares têm materiais focados em motivar os alunos no estudo, como games, jogos e brinquedos. A migração dos alunos e dos professores seria benéfico para ambos. As escolas privadas já falam sobre educação financeira e consumo sustentável, conhecimentos esses, de acordo com o Rabino Samy, de extrema importância para as crianças nos dias de hoje. “Concordo com a ideia do pensador Vygostsky, que dizia que a criança sofre influência do meio e aprende com o meio”, diz.

“Para complementar todas essas vantagens do ensino particular, tenho acompanhado as salas de aula invertida. Modelo em que a aula teórica é gravada no Youtube, e quando os alunos chegam na aula presencial já vão fazer o trabalho e tirar dúvidas com os professores. Essas educações inovadoras que acontecem nas instituições privadas não podem ficar restritas a apenas algumas crianças, isso só faz com que a desigualdade aumente” comenta o educador Rabino Samy Pinto.

Esse é um caminho que o educador e prof. Dr. Rabino Samy Pinto enxerga para que aconteça a construção de uma sociedade brasileira menos desigual. “A literatura do Talmud diz que a sabedoria brotará em famílias menos favorecidas socioeconômicas. Então, muitos talentos serão revelados nessa migração. E o Brasil ganharia muito com isso”, conclui.

Perfil — O Rabino Samy Pinto, formado em Ciências Econômicas, se especializou em educação em Israel, na Universidade Bar-llan, mas foi no Brasil que concluiu seu mestrado e doutorado em Letras e Filosofia, pela Universidade de São Paulo (USP). O Rav. Samy Pinto ainda é diplomado Rabino pelo Rabinato chefe de Israel, em Jerusalém, e hoje é o responsável pela sinagoga Ohel Yaacov, situada no Jardins também conhecida como sinagoga da Abolição.

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