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Mário De La Mancha

Mário Mendonça, o maior pintor sacro contemporâneo do Brasil, tem feições e o porte que lembram quem foi, na ficção de Miguel de Cervantes, o fidalgo D. Quixote de la Mancha, cavaleiro da triste figura e proprietário único de diversos sonhos impossíveis.

Daí não constituir surpresa a atração do nosso artista, justamente homenageado pela Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, com a medalha Pedro Ernesto, pelo que representou a sua fidelidade a D. Quixote, que pintou 38 vezes, de formas diferentes, para compor uma de suas mais bem sucedidas exposições. Tivemos o privilégio de ser uma espécie de curadores da homenagem prestada, na Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro, aos 400 anos da obra-prima de Cervantes, retratando a bela e generosa alma do pintor que, depois do êxito, doou parte dos desenhos para instituições culturais, com o natural compromisso de sua conservação, para garantir o acesso à merecida posteridade.

Na ocasião, comoveu-nos a apreciação de Ana Lígia Medeiros: “O traço elegante e comovente de Mário Mendonça leva o observador a caminhar lado a lado com os cenários e sentimentos que retratam a viagem entre o sonho e a realidade, empreendida pelo sempre memorável cavaleiro andante.” Os desenhos são de tamanhos variados efeitos a nanquim, extrato de nogueira, guache e lápis de cor sobre papel I. Fabian.

O trabalho deste carioca ilustre – do qual nos orgulhamos – foram levados a Madri, ao lado de bem sucedidas pinturas à óleo por outra de suas paixões, a cidade mineira de Tiradentes, onde, aliás, dispõe de um estúdio bastante confortável. O comentário é de um dos mais famosos jornais da Espanha: “D. Quixote, além da óbvia homenagem à Espanha, assume o lugar do personagem favorito de Mendonça, o Cristo. É o homem do mundo, o herói alucinado, portador de inquestionável grandeza, capaz de reformar um conceito de vida.” Houve um incrível sucesso de vendas e, como sempre faz, o pintor carioca destinou os resultados financeiros à APAE de Tiradentes, para reforço às suas atividades assistenciais.

Mário tem notoriamente um espírito ecumênico, demonstra os seus sentimentos nas reuniões mensais do Conselho Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde o convívio prazeroso representa também um claro aprendizado. Foi dele que partiu a insistência para que fosse criado o Museu de Arte Sacra do Rio de Janeiro, a fim de evitar que peças históricas fossem roubadas das igrejas cariocas. Hoje, ainda modesto, o Museu é uma realidade, na paisagem do centro do Rio de Janeiro.

Nossa amizade tem ainda outra vertente. Sabedor que estava finalizando os originais do livro “O martírio de Branca Dias”, ofereceu, de coração, a colaboração na feitura da capa e de alguns desenhos do miolo da obra, que a valorizaram imensamente. Livro ilustrado por Mário Mendonça é uma sublime preciosidade. Daí o comentário feito na abertura da obra, que será lançada pelo Centro Universitário FMU, em São Paulo: “Artista de muitos prêmios nacionais e internacionais, Mário Mendonça representa na capa a heroína olhando para o alto, com seus lindos olhos verdes, como se apelasse ao Senhor para coibir a violência dos atos da Inquisição.”

A realidade luminosa de Mário Mendonça encontrou inspiração em Jesus Cristo, talvez o seu momento mais alto de plenitude, na elaboração das obras que marcaram a carreira brilhante de Mário Mendonça. Ele merece, por suas atividades, as homenagens carinhosas da sociedade brasileira, que dele se orgulha.

. Arnaldo Niskier: professor emérito da ECEME, membro da Academia Brasileira de Letras e Secretário Estadual de Educação do Rio de Janeiro

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