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04/04/2008 - 09:50

Sylvia Martins inaugura exposição inédita na Galeria LGC


O espaço fica no Centro do Rio após quatro anos sem expor no Brasil.

A Galeria LGC Arte Contemporãnea inaugura dia 16 de abril (quarta-feira), às 19 horas, a exposição Stimulus, da artista plástica Sylvia Martins. Radicada há 28 anos em Nova York, a pintora gaúcha exibe dez óleos sobre linho inéditos em que trabalha seus temas prediletos como erotismo e antropologia, desta vez baseados nos índios brasileiros e na cultura hindu. Telas com muita cor e repletas de ícones e ornamentos como 'Onda Floral' e "Burlemarxia” representam o gosto da artista pelo abstracionismo, entre a vertente lírica e expressionista, e trazem de volta seu nome ao circuito de arte brasileiro, do qual estava ausente desde 2004.

Stimulus reúne trabalhos recentes, algumas realizadas em 2007 e outras fresquíssimas feitas me 2008. As obras de medidas variadas contam com a cor como elemento fundamental – e usual em toda a carreira da artista – e alia-se à textura para dar forma a um rico repertório de símbolos gráficos, ícones, motivos ornamentais e padronagens da arte decorativa clássica, a exemplo de arabescos. Tais recursos resultam num estilo que trafega entre o expressionismo abstrato e o abstracionismo lírico. Alguns poucos recursos figurativos contemplam temas de seu interesse, entre eles a natureza, o erotismo e a antropologia.

Viajante habitual, com preferência pelos destinos asiáticos, Sylvia Martins esteve na Índia recentemente e incorporou ao imaginário de sua pintura as guirlandas utilizadas nos rituais locais. Mas diferente do formato circular original, o ornamento é representado aberto num plano horizontal em telas como "kerala" e "Onda Floral". Ambas são propositadamente peças de grandes dimensões, com larguras que chegam a um metro e oitenta centímetros. Da mesma forma, os cocares que a pintora tanto aprecia na vestimenta dos índios brasileiros também ganharam um formato inusual e aparecem vistos de cima, com as penas servindo de moldura a uma colorida combinação de rostos humanos, flores e outros desenhos nem sempre evidentes. Alguns trabalhos selecionados para a exposição aliam esses 2 ornamentos e dialogam com a produção anterior inspirada nos pavões e sua plumagem e em cachos diversos, exibida na Flórida e em Nova York.

Sylvia Martins classifica seu método de pintura como gestual, aproximando-se do movimento americano da "action painting", liderado por nomes como Jackson Pollock, que a influenciou quando foi estudar em Nova York nos anos 80. Conheceu lá o artista Andy Warhol e sua turma, então no auge, e ficou marcada para sempre pelo colorido pop das pinturas e da arte do grafite. Mas, além da cor, a artista pouco assimilou dessas vertentes. De início, ela encantou-se com os neo-expressionistas alemães, como Georg Baselitz, e percebeu que era o estilo que gostaria de adotar. A partir daí, ela foi buscar a fonte de inspiração que faltava para a temática em fronteiras distantes, de preferência em direção ao Oriente, como nas gravuras japonesas que marcaram impressionistas como Monet, tapeçarias indianas, cerâmicas turcas e vestes tailandesas ou africanas tradicionais. Quando viaja, ela está sempre munida de uma máquina fotográfica para flagrar os detalhes que mais a encantam e usar as fotos como modelo de criação. Esta é a única tecnologia a que ela se permite na construção de suas obras, sempre realizadas no linho com tinta óleo e no máximo um bastão a óleo para reforçar traços de algum dos símbolos que adota. Junto com a técnica, Sylvia Martins afirma que o contato com os costumes e rituais – seja o candomblé que acompanhou no Brasil, seja as místicas mandalas -- de diferentes povos e etnias é o que a move, assim como sua arte.

"Não acredito em inspiração, uma coisa mais ligada aos médius que aos artistas. Mas minha pintura foi influenciada por todas as religiões. Sou muito espiritual e meu trabalho é como uma religião. Nova Iorque foi perfeita para amadurecer meu trabalho, porque cheguei lá num momento em que a cidade estava aberta para artistas europeus e latinos americanos. Conheci muitos pintores italianos e alemães. O rolo do pintor dá uma textura próxima a transparência. Uso as imagens como se elas fizessem parte de um sonho e busco fundir cor e forma, aproximando a pintura da poesia e da música", diz a artista.

Nascida em Bagé, no Rio Grande do Sul, Sylvia Martins veio para o Rio de Janeiro ainda criança para estudar no Colégio Sacre Coeur. A partir daí, a capital fluminense seria definidora na formação inicial da futura pintora e desenhista. Logo depois de se graduar em Comunicação e estagiar em publicidade, ela aproveitou a efervescência do cenário das artes plásticas nos anos 60 e 70 para fazer o que tinha vontade. Inscreveu-se num curso do Museu de Arte Moderna e foi estudar pintura com os mestres Ivan Serpa e Aluísio Carvão, além de travar conhecimento com teóricos como o crítico Frederico Morais. Freqüentou ainda ateliês de Glauco Rodrigues e Rubens Gerchman. Com um bilhete de avião que os pais lhe haviam prometido, Sylvia embarcou em 1979 para Nova York, decisão que marcou definitivamente sua carreira e a manteve afastada do circuito de galerias e museus brasileiros. Na cidade americana, ela estudou no Art Students League sob a orientação de Richard Pousette-Dart (1916-1992), um dos mais jovens integrantes do expressionismo abstrato, movimento surgido nos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial. Sylvia Martins credita a ele responsabilidade significativa sobre suas opções de técnica e estilo.

Foi o envolvimento com a turma de Andy Warhol, no entanto, que consolidou a atuação da artista na pintura, empolgada com a vibrante e colorida arte pop das telas e dos grafites assinados, por exemplo, por Jean-Michel Basquiat. Desde então, estabelecida em Nova York, Sylvia realizou inúmeras mostras individuais e integrou coletivas na cidade e em outros países como Inglaterra – onde morou alguns anos – Itália, França e Grécia. Obras suas podem ser encontradas nas coleções do Citibank e Chase Manhattan Bank, entre outras corporações. | Por: João Pedrosa

Galeria LGC Arte Contemporãnea – R. do Rosário, 38 –Centro do Rio de Janeiro. Exposição: 17 de abril a 31 de maio de 2008, de terça a sexta das 12 às 19h e sábado das 12 às 17h. Obras:10 óleo e bastão de óleo sobre linho. Dimensão: de 50 x 60 cm a 100 x 176 cm.

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