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03/03/2018 - 08:03

A corrupção e a economia brasileira

A corrupção tem atingido diretamente a economia do país, afetando todos os brasileiros, em diferentes esferas.

A corrupção estende-se muito além do que vemos diariamente nos noticiários. Praticada por políticos e toda a esfera dos três poderes, está presente também no meio empresarial e na sociedade civil. O chamado “jeitinho brasileiro”, de algum modo, tem relação com uma cultura em que vemos a corrupção correr pelas ruas.

No entanto, o que, inegavelmente, mais nos afeta e conta com cobertura extensiva da mídia é a questão do desvio de recursos públicos e sua má administração. São diversos casos de improbidade que envolvem desde lavagem de dinheiro, superfaturamento em obras até a prática do pagamento de propina que fomenta relações inescrupulosas entre políticos, autoridades públicas e diferentes entes da sociedade brasileira.

Uma das formas para estipularmos o grau dessa corrupção no país é através do Ranking da Transparência, que apresenta a percepção de corrupção em países de todo o mundo. Nele, há uma lista com 176 países, e o Brasil ocupa atualmente a 79ª posição. A falta de transparência e de um comportamento ético, mesmo diante das grandes operações anticorrupção que têm sido realizadas ao longo dos últimos anos para combater crimes no setor público (sobretudo, a partir do mensalão), reforçam o quanto o país é vulnerável nesse aspecto.

Além de muitos recursos desviados, que deveriam ser investidos em melhores serviços para a população e que, consequentemente, afeta as camadas mais pobres e mais dependentes deste suporte estatal, a corrupção atinge diretamente o crescimento econômico do país, aumentando o número de desempregados, contaminando o ambiente de negócios do país e fazendo com recursos que podiam ser investidos em infraestrutura, passem a ser utilizados de modo inescrupuloso.

Todos estes fatores, naturalmente, desestabilizam o PIB nacional. Para termos uma ideia, um estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) projetou que até 2,3% do PIB do país são perdidos por ano com práticas corruptas.

Ademais, a corrupção prejudica, consideravelmente, a imagem do Brasil no mundo, dificultando a entrada de investimentos e geração de negócios com países estrangeiros. Com a falta de credibilidade e confiança causadas por tantas atividades ilícitas, a possibilidade de parcerias com outros países para novos acordos comerciais acaba se tornando menor. E, se não há investidores, o país não lucra, fator que, naturalmente, aumentará a taxa de desemprego e renda dos brasileiros, assim como potencializará a alta da inflação e dos juros, além do aumento da carga tributária.

Mesmo interferindo em tantos segmentos pelo país, a corrupção não é nenhuma novidade e o economista Paolo Mauro, que se tornou referência no assunto com artigo publicado em 1995 (Corruption and Growth), já apresentava evidências da relação entre corrupção e desempenho econômico.

A grande verdade é que, dificilmente, podemos mensurar o real tamanho da corrupção no Brasil, mesmo quando sofremos todos os impactos causados por ela.

Como viés positivo, ao menos, hoje em dia, os escândalos estão vindo mais à tona graças a cobertura midiática e o trabalho da Polícia Federal. Este ponto deve ser comemorado com um bom sinal e, o que se espera é que, com tudo isso, a população brasileira se torne cada vez mais consciente e contribua, por meio de seus votos nas eleições, para uma verdadeira “faxina moral” do ambiente político brasileiro

É preciso, ainda, que possamos contar com a aplicação cada vez mais efetiva da lei e penas mais duras para corruptos, capazes de diminuir o ímpeto de infratores do sistema brasileiro. Por fim, é necessário mudar também a imagem com que o país é visto e isso só se faz com uma mudança comportamental de toda a sociedade, buscando atitudes éticas, priorizando sempre a justiça, para que, enfim, o país e sua economia voltem a crescer de acordo com o ritmo de seu verdadeiro potencial.

. Por: Wellington Calobrizi, Sócio da empresa b2finance e tem mais de 18 anos de experiência em Auditoria e Consultoria Tributária.

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