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29/03/2018 - 07:42

O reposicionamento das Instituições de Ensino Superior

O esvaziamento do principal programa de estímulo à busca pelo Ensino Superior, o FIES, e a oferta de vagas em números significativamente maiores que a demanda são dois dos principais elementos do cenário desafiador enfrentado pelas Instituições de Ensino Superior (IESs). Os posicionamentos dos dois principais players do segmento indicam a tendência que o mercado deve observar nos próximos anos.

Após a compra do Grupo Estácio pelo Kroton ser vetada pelo Conselho Administrativo de Defesa da Economia (CADE), em 2017, este último seguiu com seus planos de aquisição. Porém, a fim de não sofrer novo impedimento, buscou, ao invés de um concorrente direto, outra companhia, com atuação no Ensino Fundamental e Médio, com escolas, sistemas de ensino e até editoras.

A Somos Educação, ex Abril Educação, seria o ativo ideal para que a Kroton, que, impedida de crescer horizontalmente pelo CADE, buscaria a expansão vertical. Criaria assim uma cadeia de mercado natural, onde alunos poderiam seguir do ensino fundamental para o médio e daí para o superior e pós-graduação. Os dois grupos, ambos com motivos para desejarem a negociação e quase que livres de qualquer obstáculo pelo CADE, ainda não fecharam o negócio.

Do seu lado, a Estácio precisou se reestruturar e buscar um novo posicionamento de maneira ágil. Após paralisar seus projetos de expansão durante o curso das negociações com a Kroton, iniciou, ainda no final de 2017, um processo de demissões de professores, que foi seguido por outros grupos que precisavam se reestruturar em um mercado desestimulado, sem financiamento público, em que cerca de 67% das vagas oferecidas não são preenchidas (censo da educação superior 2016).

A grande movimentação da Estácio seguiu a mesma direção que a Kroton: o ensino médio e fundamental. Sua ação, porém, foi mais caseira. Valendo-se das reformas dos ensinos médio e fundamental, que abriu oportunidades para que conteúdos diversificados sejam agregados aos propedêuticos de uma base curricular comum, a Estácio criou, a partir suas unidades do Rio de Janeiro (sua sede original), escolas de educação básica.

Como na maioria dos grupos educacionais de ensino superior, as unidades da Estácio são ocupadas predominantemente a noite. Assim, valeu-se de instalações e recursos humanos que já atuam em suas Universidades, Centros Universitários e faculdades para ofertar ensino básico, cursos fundamentais e médios durante o dia.

Com mensalidades acessíveis, dado que as instalações já existem, passa a existir uma nova alternativa de negócios que pode contribuir com receita, rateio de custos com o Ensino Superior. A decisão parece que agrada parte dos acionistas do grupo Educacional Estácio, e também o mercado. Suas ações se valorizaram mais de 100%, passando de R$ 15,00, logo após sua venda ser glosada pelo CADE, para R$33,65, no início de março. Já o grupo Kroton Educacional teve o valor de suas ações quase que estabilizado, saindo de R$14,00 para R$ 16,00 no período. A não desvalorização é significativa para um grupo de capital aberto sem grandes movimentos.

Grupos de capital aberto precisam que suas ações estejam valorizadas para poderem executar investimentos significativos. A Kroton, maior grupo educacional do mundo, mira grandes projetos. Do seu lado, a Estácio diversifica seu portfólio, atingindo outros níveis e criando uma proposta de continuidade de ensino, tentando com isto reduzir um dos maiores custos que é o de captação.

. Por: Francisco Borges, consultor da Fundação FAT em Políticas Públicas voltadas ao Ensino.

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