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20/04/2018 - 07:46

'Tungstênio', dirigido pelo cineasta Heitor Dhalia

Autor da premiada HQ, Marcello Quintanilha afirma surpresa com fidelidade do filme à obra original. Em vídeo e entrevista, quadrinista fala sobre a estreia de sua obra nos cinemas, sob o olhar de Heitor Dhalia.

No dia 17 de maio chega às salas de cinema Tungstênio, dirigido pelo cineasta Heitor Dhalia. O longa é baseado no quadrinho homônimo do autor brasileiro Marcello Quintanilha, que venceu com a obra o Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, na França, na categoria thriller. Ambientada em Salvador, a narrativa é transportada agora em um filme de 1h20, numa adaptação que surpreendeu o quadrinista: “Eu fiquei maravilhado com o resultado. A maior surpresa, dentre tantas maravilhosas, talvez seja a fidelidade à obra original”, afirma Quintanilha.

Tungstênio explora as tensões que permeiam as relações humanas, em que ações aparentemente banais são capazes de refletir consequências absolutamente imprevisíveis. O vídeo em que Marcello Quintanilha fala sobre essa adaptação: https://www.youtube.com/watch?v=IdUxEsStbKU&t=4s

Inspirada numa notícia de rádio, a HQ de Quintanilha tem como fio condutor o crime ambiental cometido por dois pescadores, que promoviam a pesca ilegal com utilização de bombas no Forte de Monte Serrat. A situação foi capaz de efervescer a cabeça do quadrinista, que partiu desse fato isolado para apresentar quatro histórias: Richard, um policial movido por seus instintos; Keira, esposa, presa na empreitada de tentar abandonar o seu intempestivo marido; Caju, pequeno traficante de drogas, que só pensa em como sobreviver mais um dia; e Seu Ney, um ex-sargento saudosista, preso nas memórias do passado num quartel. Munidas de tensão, as trajetórias individuais dos personagens se cruzam em uma história de ritmo eletrizante.

O autor, que havia recusado ofertas anteriores para transformar sua obra em filme, se sentiu seguro para permitir que Heitor Dhalia transportasse o universo de Tungstênio para as telonas: “Não houve nenhuma outra razão a não ser a admiração que já nutria pelo trabalho do Heitor e receber sua proposta foi extremamente gratificante”. Segundo ele ainda “é fantástico quando você tem a experiência de que atores agreguem elementos de sua mitologia pessoal para dar vida a personagens que anteriormente estavam concebidos para existirem somente no papel’’. Sucesso da crítica, o quadrinho Tungstênio, agora como obra cinematográfica, aparece como uma experiência “viva” e “mutável’’, de acordo o autor. As expectativas de Quintanilha em relação a obra são positivas, já que segundo ele “tudo contribuiu para que se obtivesse a melhor atmosfera daquilo que estava concebido como quadrinho’’.

O filme Tungstênio tem produção da Paranoid, com coprodução da Globo Filmes e Canal Brasil, e distribuição da Pagu Pictures. Veja o trailer: https://youtu.be/xdaSfLG_5ps

Confira a entrevista completa com Marcello Quintanilha:

1. Como surgiu Tungstênio em sua vida? - Marcelo Quintanilha: Tungstênio surgiu do meu interesse por explorar as relações interpessoais mediadas pela subjetividade que as determinam. Muitas vezes em um sentido que ultrapassa a mera urbanidade, derivando em episódios de violência explícita.

2. Por que Salvador como cenário para essa história e qual o peso que as paisagens têm em suas criações?- MQ: Salvador sempre esteve no meu imaginário, especialmente por sua importância no que se refere ao amálgama de elementos que nos configuraram como nação. Ter a oportunidade de abraçar seu chão pela primeira vez em 2003, me marcou imensamente. Desde então, a cidade reapareceu em outras histórias, mas nunca apenas como elemento cenográfico e sim, como um personagem, exercendo papel chave na elaboração dos enredos.

3. Como foi o processo criativo que o fez chegar na conclusão dos personagens Richard, Keira, Seu Ney e Cajú? - MQ: tudo começou com uma notícia de rádio. Em 2003, fui convidado para elaborar um livro sobre a cidade de Salvador e, durante o processo, adquiri o hábito de ouvir a rádio local baiana — AM — que em determinado momento noticiou a prisão, efetuada por um policial à paisana, de dois indivíduos que pescavam utilizando bombas nas imediações do Forte Monte Serrat. Nenhum dado a mais foi transmitido e antes que pudesse perceber estava imaginando uma vida, uma teia de acontecimentos por trás do ocorrido. Assim, foram surgindo as personagens e suas peculiares formas de proceder.

4. A obra levanta discussões muito presentes em nossa sociedade e, quando juntos, esses temas provocam uma explosão e tensão social. Esse é o tema central da obra? -MQ: a tensão que permeia as relações humanas é o verdadeiro tema da obra, dentro de uma dinâmica na qual ações aparentemente banais podem gerar consequências absolutamente imprevisíveis.

5. Você recusou diversas propostas de adaptação de Tungstênio para os cinemas. O que o levou a aceitar a proposta do Heitor Dhalia? O que o motivou tal escolha?- MQ: na verdade, não houve nenhuma outra razão a não ser a admiração que já nutria pelo trabalho do Heitor e receber sua proposta foi extremamente gratificante.

6. Você participou de importantes etapas desta produção. Desde o roteiro as filmagens. O que mais te marcou nesse projeto- MQ: sem dúvida nenhuma, a entrega de todas as pessoas envolvidas.

7. Você também participou da escolha do elenco? Para você, como foi a experiência de materializar seus personagens?- MQ: não participei da busca pelo elenco, mas fiquei encantado com as escolhas. Foi maravilhoso observar como cada ator é capaz de agregar elementos de sua mitologia pessoal para compor personagens que antes só existiam no papel, sem subtrair-lhes nada da essência que os consolida como indivíduos na trama. Fascinante.

8. Os personagens são intensos e compartilham a violência (seja física ou verbal) como reação às suas fraquezas, gerando uma explosão de caos e sentimentos. Visivelmente, são personagens contemporâneos. Como você enxerga a relação Tungstênio x sociedade atual?-MQ: como um reflexo dos caminhos que se estabeleceram para as relações dentro e fora dos círculos de poder, por meio de mecanismos de autopreservação e indulgência que ditaram as normas mais comezinhas de convivência em nossa sociedade.

9. Você ficou satisfeito com o resultado? O que mais te surpreendeu nessa adaptação? -MQ: eu fiquei maravilhado com o resultado. A maior surpresa, dentre tantas maravilhosas, talvez seja a fidelidade à obra original.

10. Pensa em adaptar outras obras para o cinema?-MQ: todas as portas estão abertas, muito embora jamais conceba um trabalho pensando em desdobramentos futuros, como pode ocorrer no caso de uma adaptação.| Por: Mariana Novaes.

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