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09/04/2008 - 10:25

Se for ruim para os EUA pode ser bom para o Brasil

O Brasil pode não estar mais tão sujeito à economia e às crises dos EUA como acontecia poucos anos atrás. Em certa medida, a crise do Tio Sam pode ser até benéfica para a economia brasileira. Contudo, antes de saber como isso pode ocorrer, devemos refletir sobre os motivos da crise. O estopim foi a elevada inadimplência no pagamento das hipotecas imobiliárias. Os títulos que garantem esses financiamentos para compra de imóveis são negociados no mercado, sendo comprados por poupadores e investidores, e se valorizaram muito com o boom imobiliário.

Esses empréstimos foram feitos com juros mais altos. Se no início foi fácil pagar as prestações, a médio prazo as parcelas se tornaram muito altas, dificultando o pagamento. Os compradores, não conseguindo pagar suas dívidas, se viram obrigados a vender suas casas, o que desvalorizou o preço dos imóveis.

A falta de pagamento e a desvalorização dos títulos e dos imóveis resultaram em uma crise em toda a cadeia que financiava e especulava com os títulos hipotecários. Com o risco de não poder reaver suas poupanças, além de terem diminuídos os rendimentos que recebiam, os investidores/poupadores, por precaução, reduziram seus gastos, provocando redução no consumo e retração na produção e na economia dos EUA.

À medida que a crise se agravava, os portadores dos títulos procuravam os bancos, ocasionando uma crise de credibilidade no sistema financeiro norte-americano e uma corrida dos correntistas que desejam sacar seus depósitos dos bancos afetados, obrigando o FED (Banco Central dos EUA) a socorrer esses bancos com mais de U$ 200 bilhões para garantir os saques.

A desvalorização dos imóveis, que eram os ativos garantidores dos financiamentos, provocou enormes prejuízos aos bancos com a queda no valor de suas ações, afetando os negócios das principais bolsas mundo afora. A bolsa brasileira teve uma queda acentuada no Ibovespa - índice que mede a valorização das ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo.

Além da bolsa, no Brasil, o setor que mais deve ser afetado é o que exporta produtos manufaturados para os EUA, já que o consumo desses produtos diminuirá, por conta da perda de renda dos poupadores norte-americanos.

Para evitar uma recessão maior nos EUA, o FED terá que reduzir a taxa de juros e isto fará com que os investidores procurem aplicar seus recursos em mercados mais rentáveis, como o Brasil - temos a maior taxa de juros reais do mundo. A vinda desses recursos poderá significar novos investimentos, e outra parte poderá ser canalizada para a bolsa brasileira, elevando os preços das ações e anulando as perdas ocorridas aqui com a crise na bolsa norte-americana. A possibilidade de esses recursos virem para cá, prova que o Brasil não é mais tão sujeito a economia americana e pode até se beneficiar com a crise lá.

A economia brasileira se consolida e tem um grande número de parceiros comerciais. Como o maior volume das exportações brasileiras é de commodities, isto deve garantir que os efeitos da crise sobre as mesmas e para a economia brasileira sejam bem menores, o que muda - e muito - a dependência que tínhamos do país do Tio Sam. Caso se confirme uma recessão prolongada nos EUA, teremos maior flexibilidade e facilidade na recolocação dos nossos produtos em outros mercados.

Se antes éramos vítimas certas das crises, agora podemos ser alternativa para aplicações financeiras e investimentos quando das crises lá. Que o diga George Soros, um dos maiores investidores do mundo, que lucrou U$ 4 bilhões apostando na valorização do real, a nossa moeda.

. Por: Edson Stein, economista e doutor em Educação, é coordenador do curso de Economia da Unibrasil.

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