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05/06/2018 - 09:47

A greve dos oportunistas

A paralisação dos caminheiros despertou amor e ódio da população. Várias pessoas defenderam o movimento como legítimo, dizendo que o preço do combustível não poderia sofrer tamanha oscilação em razão do valor do barril do petróleo internacional. Outros enxergaram a greve como abusiva, atingiam setores da sociedade que ficavam reféns dos caminhoneiros e das empresas de transportes. Hospitais, escolas, serviços públicos e etc., tiveram suas rotinas alteradas em razão do não fornecimento de combustíveis, alimentos, medicamentos, enfim tudo aquilo que depende de ser transportado. Vivenciou-se nos últimos dias um verdadeiro caos social.

O governo, pressionado, negociou com a classe e tomou as providências emergenciais cabíveis e possíveis para debelar a paralisação. Alguns políticos, da turma do quanto pior melhor, insuflaram o movimento, com pessoas totalmente divorciadas da atividade de transporte, tentando transformá-lo em um movimento político e não de classe, o que é lastimável.

Fato é que a nação não pode se tornar refém de nenhuma classe trabalhadora, mesmo que suas reivindicações, à primeira vista, possam ser justificáveis. Não é plausível o adiamento de cirurgias em hospitais, a falta de oxigênio, fechamento de postos de saúde, falta de alimentos, falta de combustível para a segurança pública, apenas para citar alguns exemplos, ocasionados pela paralisação desordenada dos transportadores.

Apesar de favorável à todas as manifestações, desde que ordeiras e livres, não coaduno com a sua imposição. Inconcebível o fechamento de estradas impedindo o direito de ir e vir da população que nada tem com aquela manifestação. Agressões são um verdadeiro despautério àqueles que não aderiram ao movimento ou aqueles que se deram por satisfeitos pelas medidas governamentais e pretendem voltar as suas atividades. Nestes casos, se o uso da força se fizer necessário, que seja a força estatal, para impedir este tipo de coação.

Agora, em uma atitude oportunista, vendo as consequências do desabastecimento de combustíveis e a paralisação do transporte de cargas, os funcionários da Petrobras e suas subsidiárias pretendiam pegar carona no caos social, anunciando uma greve (paralização de 72 horas), de natureza ”política-ideológica”, como dito pela Advocacia-Geral da União (AGU), certo que o Sindicato dos Petroleiros fazem reivindicações outras, a exemplo do pedido da demissão do presidente da Petrobras, que não de cunho trabalhista.

Instado a decidir sobre a greve, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), através de liminar deferida pela M. Maria de Assis Calsing, a impediu, afirmando que "Beira o oportunismo a greve anunciada, cuja deflagração não se reveste de proporcionalidade do que poderia, em tese, ser alcançado com a pauta perseguida e o sacrifício da sociedade para a consecução dos propósitos levantados".

Sobre a decisão o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, afirmou que "a categoria não se intimidará", desrespeitando a decisão do TST.

É de se perguntar: que direito de liberdade é este daqueles que impõem a greve por coação aos colegas de profissão ou daqueles que não respeitam as decisões judiciais?

. Por: Bady Curi Neto, advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).

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