União de comerciantes renova centro histórico do Rio

No centro histórico do Rio de Janeiro, o português Antônio de Souza Pinto comemora o crescimento de pelo menos 30% nos lucros do Bar Esperança. Como ele, a atriz e empresária Ângela Leal e os empresários Luciano Cavalcante e Plínio Fróes também festejam melhorias na região. Isso graças especialmente aos resultados do Pólo Cultural, Gastronômico e Histórico do Rio Antigo, que envolve os bairros da Lapa, Cinelândia, Praça Tiradentes e Rua do Lavradio.

Criado em 2005, a partir de iniciativa de um grupo de comerciantes locais e por meio de decreto municipal, o Pólo envolve parcerias com a prefeitura, Senac, Sebrae, Associação dos Comerciantes do Centro do Rio antigo (Accra) e o Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio (SindRio). O trabalho revitaliza a região, tem reflexos positivos nos negócios locais, atrai novos investimentos e, aos poucos, a área, antes praticamente abandonada e com vários problemas, vai retomando o prestígio.

Unir e Vencer - O trabalho utiliza metodologia do Sebrae no Rio de Janeiro e do Senac local chamada Unir e Vencer. Essa metodologia é utilizada no fortalecimento de aglomerados comerciais e envolve a mobilização da comunidade para o aumento da competitividade dos empreendimentos e atração de consumidores, a partir do melhor aproveitamento do potencial regional. Também tem por base a metodologia de Gestão Estratégica Orientada para Resultados (Geor) do Sebrae Nacional. Trata-se de trabalho que faz o acompanhamento até a obtenção de resultados dos projetos apoiados.

A idéia é que os empresários se tornem parceiros e juntos busquem as melhorias necessárias. “Até a concorrência entre eles pode ser feita de forma positiva”, diz a coordenadora do trabalho pelo Sebrae no Rio de Janeiro, Iamara Alfradique, que exemplifica a união de empresários para comprar produtos conjuntamente e com isso reduzir preços. Ela também relaciona entre os resultados, a realização de um projeto de requalificação da região a ser entregue por integrantes do Pólo para a prefeitura.

Charme - Quem já viveu os tempos áureos da região e permanece no local até hoje, testemunha as mudanças. É o caso do português Antônio de Souza Pinto, um senhor de quase 61 anos, dos quais 42 à frente do Bar Esperança, localizado na Rua do Lavradio e um local dos tempos dos barões, tão antigo e tradicional que até a conta de água ainda vem em nome da antiga proprietária, a Baronesa do Flamengo.

Ele chegou ao Brasil com 15 anos, aos 19 Antônio era sócio e conta que viveu tempos áureos, quando o local era um dos preferidos dos artistas. Mas também enfrentou a decadência da região, trazida pela modernidade, como a derrubada de casarões e a construção de prédios modernos em obras que duraram longos anos, afugentando clientes e fazendo com que muitos comerciantes fossem embora.

Antônio resistiu. Integrou-se às atividades do Pólo e, agora, vê a região retomar o charme anterior. Vê o aumento dos fregueses, incluindo governadores e ministros, com elevação de lucros e auto-estima dos comerciantes. “Acabou o desânimo e a vontade que muitos tinham de ir embora”, afirma.

DNA cultural - Outra resistente à frente do Pólo e que comemora mudanças é a atriz Ângela Leal, subsecretária Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, dona do Teatro Rival Petrobras, na Cinelândia, um dos mais antigos da região. “Junto ao Pólo estão os transgressores, que transformaram velhas casas em novas casas de cultura”, diz Ângela, para quem é naquela região que está “o DNA da cultura carioca”. | Por Sebrae

A atriz destaca, no trabalho, as ações de organização da comunidade e as capacitações para a gerência dos negócios. “Não adianta só ter o sucesso, é preciso aprender a sustentar o sucesso”, ensina referindo-se à necessidade de manter a organização para o equilíbrio dos negócios. “Uma das metas agora é preparar o local para o fluxo de visitantes durante os próximos jogos Panamericanos”, adianta.

Dono da Movelaria Belmonte, local de móveis e design, além de galeria de artes e escritório de arquitetura, na rua do Lavradio, o arquiteto Luciano Cavalcanti garante: “o Pólo incentivou a modernização dos empresários e deu nova vida à área”.

Mais melhorias - Presidente da Accra, Plínio Fróes destaca entre as vantagens da metodologia Unir e Vencer o trabalho de parceria, a organização da comunidade em comitês para cuidar de áreas específicas e a elaboração de projetos com metas a serem atingidas e datas para que isso aconteça.

Dono de dois empreendimentos também de sucesso na Rua do Lavradio, o antiquário e casa de show Rio Scenárium e a cachaçaria Mangue Seco, o empresário atua há 15 anos na região. Ele reconhece avanços significativos na região e vislumbra a implantação do projeto de requalificação urbana que os integrantes do Pólo estão propondo à prefeitura local para resolver problemas que vão da iluminação pública à segurança e estacionamento. “São ações necessárias para que possamos oferecer serviços cada vez melhores aos nossos clientes”, reforça.| Por: Sebrae