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05/07/2018 - 07:30

Valor Compartilhado: empresa e comunidade


A chegada de um empreendimento a um território gera aumento da demanda por serviços e infraestrutura, o que aumenta a pressão sobre o poder público local. O desafio é fazer com que este ciclo não seja uma ameaça e sim uma oportunidade, tanto para os empreendimentos como para os territórios. É o que Michael Porter e Mark Kramer, gurus em planejamento e estratégia, chamam de valor compartilhado. Mas será que é possível desenvolver ações que sejam interessantes tanto para o negócio como para as comunidades? Muitas iniciativas de desenvolvimento territorial têm demonstrado que isso não só é possível, como necessário.

Equacionar esse desafio é fazer com que os impactos de um grande projeto em um território se convertam em oportunidades, pois junto com todas as demandas geradas, chega também o crescimento econômico, com impostos, salários pagos, fornecedores e atração investidores à região. Aí surge um segundo desafio: fazer com que as riquezas geradas pelos empreendimentos fiquem no território.

Hoje, boa parcela dos municípios não se enquadra para acessar recursos federais, ficando reféns de políticos locais, pois dependem de recursos oriundos de emendas parlamentares. Portanto, à deriva na busca de soluções para os desafios socioeconômicos que, em sua maioria, não criaram, mas que precisam enfrentar. Esse descompasso, na prática, se reflete em educação de baixa qualidade, ineficiência de serviços básicos de saúde, infraestrutura deficitária e gestão estratégica míope.

Neste cenário, uma empresa que chega nessas regiões tem dificuldade de contratação de funcionários e fornecedores locais e de contar com infraestrutura básica adequada, como sistema de água, internet e estradas, o que não é bom nem para o empreendimento, nem para o território. Para a empresa, contratar empregados e fornecedores de fora e encarece o custo fixo de produção, pois, para atraí-los, é necessário garantir uma série de benefícios adicionais. Para o território também não é bom, uma vez que o salário que poderia girar a economia local acaba indo para as regiões de origem dos contratados.

A falta de infraestrutura também pesa. O município deixa de atrair investidores e, quando consegue, lá na frente vem a conta: uma maior pressão da empresa por serviços, pois ela precisa reter seus colaboradores.

A equação é desafiadora e o caminho para a solução passa por um esforço integrado entre as diferentes partes envolvidas: empresa, governos, sociedade civil e entidades, entre tantas outras. Caso contrário, os desafios socioeconômicos persistirão. A abordagem tem de ser coletiva. O caminho passa pelo respeito às dinâmicas e vocações dos territórios; a construção de uma agenda comum de trabalho; a atuação partilhada, utilizando expertises das diversas partes na solução dos desafios comuns; e muito diálogo.

No final, todos ganham, pois o trabalho coletivo não pesa para ninguém, já que cada parceiro atua dentro da sua área de conhecimento: governos em políticas públicas, a sociedade civil auxiliando no planejamento e fiscalização das ações propostas e a empresa utilizando a sua liderança e poder do capital para impulsionar o início do processo de transformação. Ações coletivas otimizam recursos financeiros e humanos e geram maior impacto social. Fortalecem também a percepção positiva dos envolvidos, ajudam a mitigar riscos para o território e os negócios e promovem um ambiente mais próspero. O trabalho em rede é um passo importante na direção de que negócio bom tem de ser bom para todas as partes envolvidas. É necessário que empresas, governos, sociedade civil, entidades e tantos outros que queiram fazer parte se associem na busca do desenvolvimento econômico e bem estar social. A interdependência entre eles é clara.

. Por: Cláudia Buzzette Calais, Diretora Executiva da Fundação Bunge.

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