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02/08/2018 - 08:58

Os desafios humanos da “Engenharia de Gente”


Coordenar equipes de cinco, dez, quinze colaboradores nem sempre é tarefa fácil. Imagine então organizar o trabalho para quinze ou 30 mil trabalhadores pertencentes a diversas empresas mobilizados em um mesmo espaço geográfico. É importante considerar que estaremos lidando com personalidades, características pessoais (anseios, desejos e frustrações); qualificações e culturas diversas, migrantes e imigrantes; orçamentos e prazos diferentes. A empreitada gigantesca, que a princípio assusta, é uma provocação interessante e motivadora para aqueles que gostam de desafios.

A situação fica ainda mais complexa quando se trata de organizar e implantar grandes empreendimentos e projetos, envolvendo canteiros de obras industriais (greenfield ou brownfield), buscando mitigar conflitos-trabalhistas, comunitários, ambientais, e pleitos futuros (claims).

Assim, um dos principais questionamentos que rondam a mente do gestor nestas horas é: “O que fazer, por onde começar?” Apesar da pressão, das urgências impostas pelos prazos e orçamentos, o caminho é um só: muita informação, organização, estruturação e planejamento.

A organização para a implantação de um projeto (independentemente de seu tamanho) requer competências que congregam planejamento, direção e controle - pontos críticos que nem sempre são considerados em sua totalidade pelos profissionais que estão na liderança dos planos e equipes.

Em virtude da pressão para se iniciar a implantação, o tempo – por vezes passa a ser o maestro das ações - e o planejamento deixa de receber a importância que merece, abrindo espaço para deformidades que implicarão em dificuldades para o cumprimento de prazos, qualidade e orçamento.

No caso do gerenciamento de equipes, uma quantidade importante de ações deve ser considerada já na fase de estudo analítico do projeto (EAP). O Brasil tem legislação bastante complicada, o que faz com que empreender também seja algo desafiador. E a provocação já se inicia na estruturação e organização de “gente”, necessárias para alavancar o empreendimento. Considerando que o perfil do trabalhador atual não é o mesmo do passado e essa transformação tem ocorrido em todo o planeta, algumas indagações carecem respostas imediatas.

Isso inclui saber se as lideranças, métodos e procedimentos utilizados para o gerenciamento do capital humano estão alinhados ao mercado e às expectativas da força de trabalho; se a cliente, proprietária do empreendimento, proveu todas as informações técnicas, especificações e definições suficientes no que tange à gestão de pessoas e aos fornecedores ou prestadores de serviço; bem como se feriados, folgas, histórico pluviométrico, recessos, custos, estão devidamente considerados à luz do histograma necessário versus o tempo previsto para a construção e montagem do empreendimento, entre outros.

Ao se montar uma equipe de trabalho os principais critérios a serem observados são comprometimento, conhecimento, experiência e o perfil alinhado à cultura da organização. Como os resultados são obtidos com e por meio de pessoas, é imprescindível compreender o ser humano, pois ele é considerado o principal ativo presente nas organizações. Envolver, engajar, comprometer e motivar as lideranças para que todos consigam desenvolver suas metas, cumprir prazos e orçamentos exige respeito, delegação de responsabilidade e autoridade; profissionais seniores, maduros, carecem de espaço para realizar. Tanto quanto difícil é o desafio da engenharia de construção e montagem de uma planta industrial é montar e gerenciar uma boa equipe - uma vez que será por meio dela que se definirá o sucesso e ou o insucesso de um grande empreendimento.

A complexidade em estruturar e organizar o “capital humano”, o indivíduo; é o que denomino de “Engenharia de Gente”. Crises observadas nos grandes empreendimentos tem sido responsáveis por perdas estimados em milhares de dólares, cujas causas em 90% dos casos é constituída pelas mais diversas deformidades administrativas concebidas em sua maioria ainda na fase de implantação ou EAP. As crises ultrapassam o econômico e financeiro, atingem a imagem e a reputação de todos os envolvidos no empreendimento.

Mesmo assim, atingir grandes resultados, mesmo se trabalhando com empreendimentos complexos, com grandes desafios humanos e de engenharia é possível. Mas requer práticas que envolvem gerenciamento de tempo, planejamento, mitigação de deformidades, forte gestão de custo e orçamento, comunicação, sustentabilidade, conhecimento da legislação e gestão de pessoas – o que inclui a comunidade do entorno ao projeto a ser desenvolvido, assim como os demais stakeholders como: poderes públicos municipal, estadual e federal, fornecedores, comunidade, prestadores de serviços etc.

. Por: Sales Roberto de Souza Bueno, é consultor gerente, mestre em Administração pela PUC-PR, reconhecido executivo envolvido na organização, administração, planejamento e gerenciamento de grandes empreendimentos industriais e autor da obra “Engenharia de Gente” (Editora FVG, 384 páginas, R$ 59,00, vendido no www.livrariascuritiba.com.br, nas lojas do Grupo Livrarias Curitiba e nas principais livrarias do país).

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