Especialista comenta elevação da projeção da taxa Selic

Pela terceira semana consecutiva, o mercado elevou a projeção da taxa básica de juros, a Selic, de acordo com o boletim Focus divulgado no dia 14 de abril, pelo Banco Central. A expectativa é de que o Copom volte a elevar a taxa de juros na reunião da próxima quarta-feira. O mercado financeiro também espera que a taxa de juros aumente. "Depois de amargar prejuízos significativos nas bolsas de valores, o setor financeiro busca, por meio do aumento da taxa Selic, uma forma de reposição das perdas obtidas no mercado acionário. Este tipo de colocação pode parecer uma contradição, pois é bastante estranho que, neste momento da economia brasileira, apresentando condições de crescimento da produção, da renda, da capacidade instalada das indústrias, do comércio, do consumo de alimentos e outros indíces que revelam uma fase positiva de crescimento do nosso sistema econômico, economistas com vínculos fortes junto ao sistema financeiro defendam mais uma elevação da taxa Selic - que mantém o patamar mais elevado do mundo nos últimos anos. Em um momento em que a economia americana apresenta taxas negativas de juros, não podemos compreender a razão de nossas autoridades monetárias defenderem novo aumento na taxa de juros Selic. É importante lembrar que o Brasil, hoje, superavitário nas suas reservas em dólar, tem aplicado uma substancial parte das mesmas em títulos do governo americano - que remuneram em taxas de juros negativas. Face à situação de juros negativos nos Estados Unidos, novo aumento na nossa taxa de juros pode causar nova apreciação do real; impactos negativos na exportação brasileira -nossa balança comercial já apresenta déficits na relação importação exportação - e aumento da parcela de juros mensais que devem ser pagas aos detentores de títulos brasileiros. O resultado é a subtração de mais recursos que poderiam estar aplicados em obras de infra-estrutura, ou mesmo do PAC, em Saúde ou Educação, tão fundamentais para uma política de crescimento econômico auto-sustentável", diz Carlos Stempniewski, mestre em Administração de Empresas e professor do curso de Administração das Faculdades Integradas Rio Branco.