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06/11/2018 - 08:19

Bolsomito? O Cara e o Poste? Ou escuta ativa?

No processo político é esperado que seus atores primários, os candidatos e membros de Partidos, se arvorem em Pastores dos eleitores que são por eles direcionados pois isto lhes dá projeção de poder.

A imprensa por sua vez reforça esta percepção dado o seu impulso em buscar personagens e contar estórias conferindo atributos e conectando situações coincidentes como sendo consequentes.

O mercado financeiro em sua constante busca por cenários claros em que possa se posicionar: aceita, abraça e impulsiona essas simplificações. Mesmo tendo um amor passageiro por suas avaliações.

Por fim as redes sociais e ferramentas de comunicação em grupo propiciam os meios para que alguns reforcem a mitologia positiva ou negativa viralizando memes, Fake News, Trolagem e todos os nomes modernos da bem conhecida manipulação.

Pronto, está montado o cenário para a construção de uma estória para a história, o “Mito” hoje, “o Cara” antes.

Quem fica sem bardo é o eleitor, pois tudo é justificativa para o resultado das eleições exceto a sua mais simples razão - as pessoas com idade de votar por ação ou até inação decidiram ter alguém sentado em uma determinada cadeira por 4 ou 8 anos (senadores). Simples e nítido, sem estória.

A realidade contrária a narrativa é que os candidatos são candidatos porque na peneira da disputa política, ao longo de sua vida, foram selecionados por sua capacidade de ouvir, de identificar desejos e vontades e verbalizar com clareza aquilo que o cidadão busca, prometendo ser o realizador do que se almeja.

Assim como o músico, o poeta, o escritor transmite aquilo que o ouvinte, o leitor, tem dentro de si, de maneira tão bela que reverbera na alma e reforça o sentimento. O Político discursa aquilo que o eleitor acredita e lhe reverbera de maneira tão atraente que ele se vê.

O candidato eleito é o espelho do seu eleitor. Na democracia, os governantes são o espelho dos governados. Sendo assim esta eleição, ao contrário da narrativa, é mais um avanço no caminho do amadurecimento do Brasil, pois é fruto de uma luz mais forte que mostrou com nitidez os nossos contrastes. A sociedade saiu de vez da sombra e assumiu seus conflitos que foram canalizados para o processo eleitoral.

Ainda estamos no caminho, falta ainda mais nitidez para dissociar temas que estão embolados, como o liberalismo econômico e o conservadorismo dos costumes, e de outro lado o estatismo e o vanguardismo dos costumes. Não é a personalização destas pautas e anseios sociais em pessoas ou nos anacrônicos rótulos direita e esquerda que ajudarão nesta próxima etapa.

O que ajudará a sociedade brasileira a avançar e continuar a canalizar suas divergências no processo político republicano e democrático será reconhecer a desconciliação em cada tema e microtema que teremos que resolver buscando alternativas satisfatórias que possam ser respeitadas por todos.

Não adianta demandar que o eleito traga um projeto de País, na democracia isso não existe, afinal cada decisão é um debate e o verdadeiro democrata valoriza debater sempre e em tudo.

Divergir é o caminho desde que convergir seja o destino.

. Por: Rodrigo Alberto Correia da Silva, sócio de Correia da Silva Advogados, Mestre pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP, é Professor de Metodologia de Relações Governamentais e de Política Regulatória no MBA da FGV, Presidente da Filial São Paulo da Câmara Britânica de Comércio Britcham, da Força Tarefa de Anvisa da Câmara Americana de Comério AMCHAM, membro da comissão de direito regulatório da OAB/SP e membro do Consaude da Fiesp.

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