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07/11/2018 - 07:57

A difícil missão de educar

Tem sido cada vez mais difícil a missão de educar uma criança. Um dos fatores que ocasiona essa maior dificuldade certamente é a falta de clareza dos papéis. Anos atrás, tínhamos uma sociedade onde esses papéis eram muito bem definidos, a família tinha claro o que desejava para seus pequenos, inclusive no que diz respeito aos valores. Essa definição facilitava com que pais falassem sim, mas que também dissessem não quando assim fosse necessário. Os pais tinham a segurança para agir dessa maneira.

O mundo, porém, mudou, e o dinamismo impactou no desenvolvimento educacional. Hoje, as crianças têm muito mais espaço para falar e expor suas opiniões e desejos, com mais independência para diversas ações. Do outro lado, a cada dia as demandas mudam e as pessoas sofrem com a escassez de tempo para refletir. E no meio desse duplo caminho, há a disseminação da felicidade como sendo fundamental e essencial o tempo todo, durante toda a vida.

O preocupante cenário se complementa com pais mais ausentes de casa e crianças com acesso irrestrito a tudo a que se pode imaginar, sem qualquer tipo de filtro, consumindo informações por vezes precocemente, sem que estejam prontas para digeri-las e compreendê-las, o que torna o processo de educação ainda mais desafiador.

Para tentar compensar essa falta de tempo e com medo de que suas crianças fiquem para trás, muitos pais acabam por sobrecarrega-los de mimos e cuidados, pensando em garantir a eles uma vida mais fácil daquela que tiveram, com melhores condições e menos percalços. Tornam-se mais permissivos, deixando de ensinar o não e sentimentos como a frustração, tão importantes para a formação e desenvolvimento daquele ser humano.

Nesse universo onde pode-se tudo, muitas de nossas crianças acabam procurando e copiando modelos, inclusive de comportamentos, mesmo sem estarem prontas e compreenderem o que estão seguindo. Isso também pesa e torna a missão de educar ainda mais difícil.

Como, então, atuar para transformar tal missão em uma empreitada educacional bem sucedida? Não há um roteiro garantidor, mas há caminhos que podem facilitar o processo.

O primeiro caminho é ter consciência sobre sua responsabilidade. Hoje em dia, muitos pais acabam por terceirizar a tarefa somente para a instituição de ensino. Porém, apesar de possuir enorme relevância, a escola exerce papel complementar. Sozinha, ela não consegue transmitir os valores essenciais para a formação do educando.

O trabalho deve ser conjunto. Para dar certo, os valores da escola devem ser os mesmos praticados pela família. É a família, inclusive, que deve passar tais valores desde os primeiros anos de vida, ensinando os nãos e servindo de modelo principal para o ser humano que está se desenvolvendo. Ao falar a mesma linguagem, escola e família trazem para as crianças mais segurança, maior sensação de proteção, já que ela precisa de unidade de valores, de ideias e de compreensão do mundo.

É preocupante observar a falta de diálogo entre famílias e a falta de clareza das pessoas sobre o que fazer, como educar. Ao terceirizarem essa maravilhosa missão de educar, deixam de transmitir e fixar nos pequenos suas raízes, o que é fundamental para sua construção e formação.

O não, a negação, deve fazer parte do desenvolvimento educacional. Não temos que ser felizes o tempo todo. Não temos que compensar momentos de tristeza, mas também de aprendizado, com presentes. Hoje, evitam-se os embates em família, as discussões de ideias. A qualquer custo, pais acreditam que o sim ou o cuidar do filho é não deixa-lo se machucar, se frustrar, levar um tombo, não só físico como emocional. Eles devem saber que esses momentos são essenciais no caminho da evolução do ser humano e devem fazer parte da educação da criança.

. Por: Edson D’Addio é educador e diretor pedagógico do Colégio Palmares.

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