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19/04/2008 - 11:05

Que situação, hein Debord?, no CCBB Rio

"A conversação está quase morta e em breve também estarão muitos daqueles que sabiam falar."

CCBB Rio debate teorias do filósofo e cineasta Guy Debord durante mostra de filmes do polêmico autor de “A Sociedade do Espetáculo”.

Em 1931 nascia em Paris o filósofo Guy Debord, um dos pensadores Situacionistas, grupo que uniu cultura e política nas décadas de 50 e 60, em críticas à chamada Sociedade do Espetáculo. Debord morreu em 1994 e foi um dos mais notáveis críticos do mundo mercantilizado. Para ele, o lazer criado pela evolução tecnológica, longe de suscitar liberdades, acaba alimentando o espetáculo, fomentando necessidades artificiais, renovadas incessantemente, submetendo o ser humano a representações manipuladas, que acabam virando o elo de ligação dos homens com o mundo. Suas teorias, que contestam a cultura midiática e toda a forma de submissão à sociedade, compõem espetaculares textos cinematográficos que representam uma tentativa inédita de projetar na consciência (histórica e subjetiva), uma arte que a princípio dedica-se a sua supressão.

“Que situação, hein Debord?”, com curadoria de Marcus Bastos e Milena Szafir, é o título do festival de filmes de Debord, que acontece no CCBB Rio de 22 de abril a 6 de maio. Para Marcos Mantoan, gestor da instituição, “o CCBB Rio celebra a iniciativa de apresentar títulos que vão além do momento histórico com imagens capazes de evidenciar questões que são pontuais para o entendimento dos caminhos e os processos que o mundo contemporâneo passa”. O evento traz toda a produção cinematográfica do filósofo (15 filmes) e propõe uma avaliação do legado situacionista para a cultura contemporânea em três áreas: urbanismo, cultura digital e crítica da comunicação. Além da exibição dos filmes, o evento terá palestras, debates e intervenções.

Ao propor a aproximação entre teoria, reflexão e prática, o festival une diferentes abordagens para a atuação dos situacionistas. O primeiro entendimento vem da própria finalidade do uso de imagens. “Debord acredita que as imagens de sua época são indícios de que é preciso mudar a Sociedade em que ele vive”, esclarece Marcus Bastos. Já Milena Zafir ressalta que as teorias dos situacionistas permanecem perfeitamente aplicáveis nos dias atuais. “Ao discutirem urbanismo e participação vivencial cotidiana, relações sociais mediadas por imagens, publicidade, consumo e reaproveitamento de materiais inerentes ao espetáculo como ferramentas críticas do mesmo, os situacionistas - voltando-se para questões prático-políticas - tornam-se no final do século XX e início do XXI referência para uma cultura contemporânea em vias de moda explicitamente formulada no desvio (detournement)”.

Os filmes de Debord - A produção cinematográfica do filósofo ataca a fascinação do espectador ao dissociar sistematicamente imagem e som, afirmando a primazia do pensamento sobre o visual. Suas imagens são documentárias e os planos, distorcidos. Seus filmes contêm, ao mesmo tempo, ensaio, confissão, meditação, compreensão do mundo através de imagens, sem paralelos além, talvez, de Jean-Luc Godard em suas últimas realizações. Em “Que situação, hein Debord?” serão oferecidos elementos para pensar de maneira crítica o espaço público e a indústria do entretenimento, sob vários pontos de vista em diálogo, onde o público não será apenas consumidor de idéias, tornando-se produtor de seu próprio cotidiano.

Que situação, hein Debord?, De 22 de abril a 6 de maio, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, Rua Primeiro de Março, 66 - Centro do Rio de Janeiro | Tel: (21) 3808-2020 | Ingressos: R$ 6 e R$ 3, para estudantes

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