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16/01/2019 - 08:11

Indústria e varejo apostam na retomada do crescimento do setor calçadista


São Paulo — Na manhã desta terça-feira, os dirigentes da Couromoda, feira de calçados e artigos de couro mais importante da América Latina, Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), falaram sobre os resultados de 2018 e as perspectivas de crescimento para os dois setores, e que se mostram otimistas, neste ano. Realizada nos pavilhões do Expo Center Norte, a Couromoda 2019 acontece na capital paulista até o dia 17 de janeiro (quinta-feira).

Jeferson Santos, diretor da Couromoda, visualiza movimentações positivas para a edição do próximo ano, motivadas pelos sinais de recuperação da economia. "Nossa perspectiva é de crescimento de 20% em número de expositores, inclusive com o retorno de marcas que já não participavam do evento há alguns anos", reforça o executivo.

O cenário para 2019 é otimista, visto que o Índice de Confiança do Empresário Industrial, por exemplo, é o maior dois últimos oito anos, atingindo 63,2 pontos em novembro; o PIB, no último trimestre, cresceu 1,7% no comparativo com o mesmo período do ano passado e o Índice de Atividade Econômica (Intenção de Consumo das Famílias), realizada pela Confederação Nacional do Comércio, indica que os brasileiros estão mais dispostos a comprar, um aumento de 9,2% em novembro de 2018, em relação a novembro de 2017. Dentro deste quadro, a expectativa é de retomada da economia e aumento dos negócios gerados durante a feira.

Indústria otimista com a retomada da economiA — Apesar da queda de 10,8% em volume de exportações e de 10,5% em valores no comparativo com 2017, a Abicalçados inicia 2019 com as esperanças renovadas na indústria e de olho no crescimento, puxados pela ligeira retomada da economia. Para Heitor Klein, presidente-executivo da Abicalçados, o ano abre com um ambiente mais seguro para os agentes de exportação. "Assim, devemos obter incrementos", projeta, ressaltando que existem boas expectativas de recuperação, especialmente para o mercado norte-americano. "Existe uma tendência, por conta da guerra comercial travada entre os Estados Unidos e China, de substituição das importações de calçados asiáticos naquele país", acrescenta.

A recuperação do mercado norte-americano, inclusive, já se fez sentir no último mês de 2018. O único dos três principais destinos estrangeiros do produto nacional a obter saldo positivo no mês 12, importou 2,17 milhões de pares por US$ 25 milhões, incrementos de 51% em volume e de 26,8% em receita no comparativo com o último mês de 2017. Com isso, no acumulado, os Estados Unidos importaram 10,76 milhões de pares por US$ 166,78 milhões, quedas de 5% em pares e de 12,2% em dólares em relação a 2017.

O segundo comprador estrangeiro foi a Argentina, que em dezembro importou 418,4 mil pares por US$ 5,24 milhões, quedas de 47,3% em pares e de 28,5% em receita ante o mês correspondente do ano anterior. Com isso, no acumulado de 2018, os argentinos importaram 11,8 milhões de pares verde-amarelos por US$ 139,38 milhões, incremento de 2% em volume e queda de 5,2% em receita no comparativo com o ano anterior. "A Argentina passou a diminuir suas importações de calçados brasileiros a partir dos últimos meses do ano passado, especialmente por conta da crise interna e brusca desvalorização do peso ante o dólar, o que encareceu os produtos dolarizados", avalia Klein.

Tendo importado 910,8 mil pares por US$ 6,53 milhões em dezembro, quedas de 47,3% em volume e de 28,5% em rec eita ante mesmo mês de 2017, o terceiro país importador de calçados brasileiros de 2018 foi a França, para onde foram embarcados 7,34 milhões de pares que geraram US$ 57 milhões, incremento de 5,7% em volume e queda de 2,5% em dólares na relação com 2017.

Em 2018, a principal origem do calçado exportado foi o Rio Grande do Sul. Das fábricas gaúchas saíram 27,18 milhões de pares que geraram US$ 428 milhões, quedas de 3,4% em volume e de 5,2% em receita no comparativo com 2017. O segundo exportador foi o Ceará, de onde partiram 40,9 milhões de pares por US$ 248,8 milhões, quedas de 18% em pares e de 14% em receita ante 2017. O terceiro exportador foi São Paulo, de onde foram embarcados 7 milhões de pares que geraram US$ 103,7 milhões, quedas tanto em volume (-4,1%) como em receita (-8,6%) em relação ao ano anterior.

Já as importações de calçados fizeram movimento inverso. Em 2018, entraram no Brasil 26,6 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 347,55 milhões, incrementos de 11,8% em volume e de 2,2% em receita ante 2017. As principais origens foram os países asiáticos. No período, o Brasil importou 12 milhões de pares por US$ 192,48 milhões do Vietnã, altas de 11,8% e de 2,7%, respectivamente, na relação com 2017.

Da Indonésia, segunda origem, partiram 4,4 milhões de pares por US$ 65,36 milhões, alta de 3% em volume e queda de 0,5% em receita em relação ao ano anterior. A terceira origem do calçado importado foi a China, de onde foram embarcados 7,4 milhões de pares por US$ 36 milhões, incrementos de 32,3% e de 15,7%, respectivamente, em relação ao ano anterior. Em partes de calçados as importações também registraram incremento, de 16,5%, chegando a 12 milhões. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã.

Varejo de calçados crescerá 3% em 2019 — A projeção da Ablac é de que o varejo brasileiro de calçados crescerá em torno de 3% este ano. A estimativa tem como base o aumento da relevância das lojas no mercado em 2018 e as medidas que o novo governo federal deverá adotar para o reaquecimento da economia. Na avaliação da entidade, o crescimento econômico e a geração de novos empregos devem devolver a confiança ao consumidor, condição essencial para que ele retome o consumo de calçados e outros produtos este ano.

Para Imad Esper, presidente da Ablac, 2018 começou a ter bons números, mesmo sendo um ano extremamente complexo com greve dos caminhoneiros, Copa do Mundo, feriados e eleições, mas agora com o cenário definido o mercado sinaliza otimismo. "Entramos em 2019 extremamente confiantes e esperançosos, acreditando que o mercado vai dar um push de vendas nos primeiros meses, com a segurança de que os investimentos acontecerão em nível nacional, e com respostas positivas e resultados consistentes em novembro e dezembro. E se a reforma tributária vier como esperamos, o mercado será impulsionado com a abertura de novas lojas e geração de empregos", avalia Esper.

O setor fechou o ano móvel outubro 2018 x outubro 2017 com crescimento nominal de 2,6% e voltou a ganhar relevância no mercado, superando concorrentes como alimentação dentro do lar e vestuário e consolidando-se como opção de presente. Os dados são parte da pesquisa Consumo de Calçados no Brasil em 2018, realizada pela Kantar Worldpanel, de São Paulo, a pedido da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), apresentada na Couromoda 2019.

Conforme a pesquisa – para a qual foram contatados 10.871 indivíduos/famílias, de todas as regiões brasileiras e classes sociais, representando um universo de 160 milhões de pessoas –, 114 milhões de brasileiros compraram calçados no último ano, equivalentes a 70% da população. A frequência de compras (idas ao ponto de venda) cresceu 11,5%, para 3x ao ano, mas o gasto médio teve queda de 5%, de R$ 111,01 para R$ 105,20, indicando que o consumidor soube ponderar os gastos e optou por comprar marcas de valores mais acessíveis.

As mulheres foram mais frequentes nas compras no período pesquisado, porém o desembolso masculino foi 43% maior. Elas foram 4x à loja e gastaram, em média, R$ 98,33 para a compra de sapatilhas, escarpins, sandálias e rasteiras. Eles, por sua vez, foram duas vezes ao ponto de venda e gastaram, em média, R$ 141,25 para comprar, sobretudo, tênis e sapatênis.

O segmento feminino teve variação positiva, em valor, de 17,8%, enquanto o masculino apresentou retração de 11,5%. Em volume, a participação de ambos praticamente se repetiu. Apesar da retração, o segmento infantil cresceu 6,1% em faturamento.

As lojas de calçados voltaram a ganhar espaço no mercado, enquanto magazines e lojas de vestuário – que vinham crescendo nos últimos anos – tiveram retração. A importância deste canal aumentou tanto em volume (de 56% para 63%) e quanto em valor (de 57% para 65%), superando a posição que tinha em 2016.

As lojas multimarcas representaram 95% do mercado de calçados e 'puxaram' o aumento da frequência de shoppers (10,5%), mas as nonomarcas (5% do mercado) registraram maior tíquete médio (22,4%). Sandálias e calçados femininos fechados foram os produtos que mais impulsionaram as vendas das lojas. Todas as classes se destacaram em compras, principalmente a Classe C e indivíduos acima de 19 anos. Em relação a marcas, Moleca seguiu líder de preferência, seguida por Beira Rio e Vizzano. No segmento esportivo, Nike registrou boa performance, tanto em número de pares quanto em valor, seguida por Olympikus e Beira Rio.

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