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19/02/2019 - 07:47

Ações verdes: como a sustentabilidade está mudando o mundo dos investimentos

Uma empresa não é mais unicamente uma empresa. Soa confuso? Atualmente, as instituições visam construir uma identidade, engajar o seu público e sempre que possível, se alinham às causas sociais com as quais se identificam. Uma das mais populares é a preservação do meio ambiente. Sob holofotes de ONGs, mídia e até mesmo a própria população, as companhias alteram produtos e posicionamentos. Uma mancha na reputação da companhia pode acabar custando caro.

O exemplo mais recente é do rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais. Além do estrago ambiental, a Vale carrega a responsabilidade por desaparecimentos e mortes. Enquanto os números do acidente aumentam, o valor de mercado da empresa cai. Nos três primeiros dias após o desastre, a queda foi de R$ 70 bilhões de reais; o que impactou até mesmo a Ibovespa. A queda da instituição foi a maior perda em um único dia na Bolsa brasileira, superando o rombo da Petrobras em 2018, que perdeu R$ 47 bilhões. Antes, a Vale era a terceira maior empresa na Bolsa; hoje, está na sexta colocação. O rebaixamento também atingiu as notas de crédito da organização. A agência de risco Fitch, reclassificou a corporação de BBB+ para BBB- e avisa investidores: a situação pode piorar ainda mais com a companhia deixando o índice de empresas limpas da B3.

No exterior, a Volkswagen também contabiliza os danos. Apesar de 2019 ter acabado de começar, o chefe da compliance da empresa anunciou, em dezembro, que esse ano será o mais difícil para a empresa. O que acontece agora é um reflexo do deslize de 2015. A instituição usou um software fraudulento que permitiu que até 11 milhões de carros VW, Porsche e Audi entrassem em modo de baixa emissão quando estavam sendo testados em um laboratório. Mas, na verdade, os automóveis continuavam a emitir a poluição de óxido de nitrogênio em condições reais de circulação. O escândalo já custou mais de 20 bilhões de euros.

Nos dias seguintes ao julgamento contra a empresa, as ações da Volkswagen caíram 40%. Claro que existem muitas outras variáveis que determinam o apogeu e declínio de ações. Mas para esse caso, considero interessante ressaltar dois fatores: a credibilidade do negócio e o cenário que a rodeia.

Com este tipo de impacto, não só a imagem da empresa fica abalada, como também a estabilidade que ela transmitia na bolsa, para acionistas, para o setor e até mesmo para as concorrentes. Além dessa bola de neve de má fama, o cenário atual é um panorama que está cada vez mais humanizado e que cobra a mesma postura por parte das das organizações. Ao compreender essa mudança de paradigma, até mesmo as bolsas de valores criaram índices e classificações que reúnem instituições sustentáveis.

Um exemplo é o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) e o ICO2 (Índice de Carbono Eficiente) da B3.Tais índices concretizam as demandas de desenvolvimento sustentável e funcionam como ferramentas de análise e comparação. À primeira vista pode parecer que as carteiras ecológicas sejam burocráticas. Com tantas responsabilidades e detalhes ecológicos, o senso comum nos leva a crer que tais empresas não sejam interessantes. Para refutar essa ideia, basta observar a performance da carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).

Desde a sua criação, em 2005, o índice soma uma valorização de 203,80%, enquanto a Ibovespa acumula 175,38%. Na mesma proporção de que a valorização aumenta, a volatilidade da carteira se mantém baixa. Enquanto a Ibovespa tem 27,04% de oscilações, a carteira contabiliza 24,22%. Essas iniciativas são recentes, mas indiretamente, indicam que futuramente, pode não haver tanto espaço para empresas que colocam o meio ambiente em segundo plano.

Nos próximos anos, temas como "transparência" e "sustentabilidade" podem se tornar cada vez mais recorrentes. Toda modificação traz riscos e oportunidades e se bem administrada, essa mudança de paradigma pode se tornar um diferencial estratégico.

. Por: Tiago Reis, formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, Tiago Reis é Fundador e CEO da Suno Research, consultoria de análise financeira voltada para investidores individuais. Analista de Investimentos com certificação da CNPI (Certificação Nacional dos Profissionais de Investimento), Tiago iniciou sua carreira na Set Investimentos e é especialista em assuntos como mercado financeiro, bolsa de valores, investimentos, fraudes corporativas e finanças corporativa.

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