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21/02/2019 - 08:58

Performances e intervenções urbanas em nova exposição no Centro Cultural Light

Em cartaz até março, mostra tem entrada gratuita e apresenta trabalhos de estudantes da EBA-UFRJ.

O curador Thiago Fernandes convidou cinco artistas para realizarem interferências em possíveis percursos entre a Central do Brasil e o Centro Cultural Light (CCL), onde serão expostos seus registros ou resíduos. Desta maneira, são exploradas diversas possibilidades de extensão de ações efêmeras, colocando também em questão o deslocamento de trabalhos artísticos de espaços públicos para espaços expositivos. A mostra “Percursos” fica em cartaz a partir de amanhã (21 de fevereiro) até 29 de março, de segunda a sexta-feira, com entrada gratuita na Pequena Galeria do CCL, no Centro.

Os artistas Luana Aguiar, Mariana Paraizo, Mery Horta, Rodrigo Pinheiro e Thales Valoura são estudantes de graduação e pós-graduação da EBA-UFRJ e desenvolveram performances e intervenções urbanas especialmente para esta exposição. Em alguns casos, o material exposto na galeria torna-se o principal meio de fruição para aqueles que não presenciaram os trabalhos fisicamente, como as performances de Luana Aguiar, Mery Horta e a interferência de Mariana Paraizo em faixas de trânsito. Em outros, veremos que esses registros ou resíduos tornam-se extensões do trabalho artístico, que se inicia na rua e continua acontecendo na galeria ao longo da exposição, como as propostas de Rodrigo Pinheiro e Thales Valoura. Assim, a exposição aborda as fronteiras da obra de arte e da documentação, questão que emerge na década de 1960 com a arte conceitual e se desdobra na atualidade.

O projeto — A mostra “Percursos” trabalha com o conceito de non-site, cunhado por Robert Smithson, artista da Land Art, que, muitas vezes, realizou trabalhos em paisagens remotas. Para Smithson, a documentação sobre essas obras, que é exposta em espaços institucionais, pode desempenhar um papel ativo sobre o trabalho.

O artista define o site como o local onde a obra foi primeiramente instalada e o non-site como suas extensões, que “não assume um papel submisso, como simples documentação, mas um papel constitutivo, que multiplica e descentraliza a própria noção de obra como um objeto circunscrito e bem delimitado”. Entende-se que o trabalho não está apenas na rua e tampouco apenas na galeria, mas na distância entre as duas situações.

A exposição relaciona-se diretamente com a pesquisa de mestrado do curador Thiago Fernandes (PPGAV-EBA-UFRJ), que há 3 anos dedica-se a estudar intervenções urbanas e suas extensões em espaços expositivos e na mídia de massa.

Devido a sua natureza efêmera, esses trabalhos que tomam o espaço público como campos de ação são apresentados na galeria do Centro Cultural Light por meio de imagens e/ou resíduos, de acordo com a proposta de cada artista. A Central do Brasil é escolhida como ponto de partida pelo curador por ser o principal meio de acesso ao Centro Cultural Light para quem se desloca de qualquer ponto do Rio de Janeiro (Zonas Norte, Oeste, Sul) ou da Baixada Fluminense, via trem, metrô ou ônibus.

Dessa maneira, os artistas lançam olhares poéticos sobre esses percursos, que, no dia-a-dia, são racionalizados, sendo executados por corpos movidos pela pressa e objetividade, sem que ali esperem encontrar uma obra de arte. A arte, quando inserida criticamente na cidade, pode criar alternativas para a monotonia e a racionalidade dos percursos cotidianos, convidando o transeunte a uma nova experiência estética no espaço urbano, que deixa de ser um simples lugar de passagem. Sua extensão para o espaço expositivo por meio de imagens e resíduos possibilita meios de sobrevivência a esses trabalhos efêmeros, garantindo novas formas de visibilidade e possíveis desdobramentos.

Os artistas — Mery Horta, que, além de artista visual é passista de escola de samba, realiza um percurso no trecho da Av. Presidente Vargas, no Centro, onde eram realizados os desfiles do hoje conhecido como Grupo Especial – antes da fundação do Sambódromo – e deixa um rastro de purpurina prata por onde passa. Já Mariana Paraizo interfere em faixas de trânsito, modificando sua forma e a uniformidade com a qual o transeunte está acostumado.

Já a performance de Luana Aguiar poderá ser assistida na abertura da exposição, quando a artista caminhará da Central do Brasil até o Centro Cultural Light carregando uma placa que diz “Levo sua alma até você”, com uma vestimenta desenvolvida para a ocasião. Rodrigo Pinheiro pretende reviver e atualizar um mesmo evento: todos os dias, durante o período da exposição, o artista comprará o mesmo objeto, na mesma loja da Av. Marechal Floriano, vestindo a mesma roupa, depositando na galeria do Centro Cultural Light o objeto comprado e a nota fiscal do mesmo.

Thales Valoura, também trabalhando com a ideia de repetição, em diferentes dias recebe panfletos que são distribuídos na Central do Brasil e modifica-os enquanto caminha até o Centro Cultural Light, onde será exposto o material recolhido ao longo do ano e os que recolherá durante a mostra.

Artistas: Luana Aguiar, Mariana Paraizo, Mery Horta, Rodrigo Pinheiro e Thales Valoura, de 22/2 a 29/3, das 9h às 19h, na Pequena Galeria – Centro Cultural Light, Av. Marechal Floriano, 168, Centro do Rio de Janeiro (RJ). Curador: Thiago Fernandes.

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