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09/03/2019 - 08:07

Relatório científico sugere dieta global que beneficiaria a saúde humana


E a preservação do ambiente. O relatório, elaborado por mais de 37 especialistas de 16 países foi apresentado na Costa Rica com vistas a garantir a alimentação saudável e sustentável de dez milhões de pessoas no planeta em 2050.

São José —Mais de 820 milhões de pessoas padecem de fome no mundo, enquanto cerca de dois milhões de adultos sofrem de sobrepeso ou obesidade. Além disso, o consumo de alimentos não saudáveis, principal causa de doenças não transmissíveis, como a diabetes, o câncer e as cardiopatias, está entre as maiores causas de mortes em âmbito global.

Para erradicar esse contraste, urge uma mudança radical na forma como a população se alimenta e em como a comida é produzida, segundo o relatório “Nuestros alimentos en el Antropoceno: dietas saludables a partir de sistemas alimentarios sostenibles” (Nossos alimentos no Antropoceno: dietas saudáveis de sistemas alimentares sustentáveis) elaborado pela Comisión EAT-Lancet e apresentado na Sede Central do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em São José, Costa Rica.

Para a elaboração do relatório, a EAT-Lancet, uma ONG sediada na Noruega que desenvolve pesquisas científicas para propor planos de alimentação sustentável em âmbito mundial, reuniu mais de 37 dos maiores peritos em campos como saúde humana, agricultura, ciências políticas e sustentabilidade ambiental, provenientes de 16 países, os quais, nos últimos dois anos, trabalharam para definir como alimentar a uma população mundial em crescimento com uma dieta saudável dentro de limites ambientais sustentáveis.

Conforme o Diretor de Estratégia da EAT, Olav Kjorven, o documento proporciona objetivos científicos para uma dieta saudável e sistemas alimentares sustentáveis que podem ajudar a impulsionar ações para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e o Acordo Climático de Paris.

“O relatório da EAT-Lancet torna evidente que não podemos cumprir os ODS, que devemos fazer mudanças sólidas no sistema alimentar. Cada vez há mais obesidade, diabetes e outras doenças como resultado de nossas dietas. É uma epidemia que está conquistando cada vez mais setores por falta de consciência política, diálogo e colaboração entre os setores público - com a agricultura, a saúde e a economia -, privado e a sociedade civil”, afirmou Kjorven.

A dieta proposta pelo relatório prevê um aumento no consumo de gorduras insaturadas, cereais integrais, leguminosas, verduras e frutas, além do equilíbrio no consumo de carnes e laticínios, bem como a redução de grãos refinados, alimentos ultraprocessados e com adição de açúcares.

O documento também propõe uma reorientação das prioridades agrícolas para desenvolver uma ampla variedade de produtos nutritivos a partir de sistemas de produção mais amigáveis ao planeta, com predominância para o uso eficiente dos recursos naturais e fertilizantes e a diminuição das emissões de metano e óxido nitroso.

À apresentação do relatório assistiram representantes dos setores público e privado, chefiados pelo Ministro da Agricultura e Pecuária da Costa Rica, Renato Alvarado, o diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, o ex-astronauta e empresário de soluções de energia limpa, Franklin Chang-Díaz, entre outros, os quais sob sua óptica, contribuíram na análise do documento.

“Não haverá transformação da agricultura ou do planeta, a menos que haja uma transformação das atuais políticas econômicas. Pensar que todos os países produzam o mesmo, da mesma maneira e com as mesmas pessoas é um erro estratégico e político. Os produtores não foram convidados a participar dos processos de tomada de decisões”, disse o Ministro Alvarado.

Por sua vez, Otero destacou que “precisamos defender os produtores agropecuários antes que seja demasiado tarde, pois eles deverão ser os motores de mudança para essa nova geração de negócios mais sustentáveis, sem eles, não poderemos fazer absolutamente nada”.

O titular do organismo internacional especializado em agricultura destacou também que “é necessário levar em conta a dimensão cultural da alimentação” e enfatizou que “queremos que a agricultura seja parte da solução, e não que simplesmente seja colocada no banco dos réus, recebendo todas as críticas”.

Os especialistas envolvidos na pesquisa desatacaram que é indispensável reduzir à metade a perda de alimentos durante sua produção e o desperdício de produtos em seu consumo para que o sistema alimentar mundial se mantenha dentro de um espaço operacional seguro.

“Somos uma espécie sem redundância, pois se algo acontecer a este planeta, nós desapareceremos e não sobraria ninguém para contar a história. Estamos em uma situação de sobrevivência, eu espero que, com esse tempo que podemos ganhar melhorando a nossa administração de alimentos, a nossa nave possa nos manter um pouco mais”, argumentou Franklin Chang-Díaz.

Com essas recomendações plasmadas no relatório científico, a Comissão EAT-Lancet busca mobilizar os governos e a sociedade para realizar acordos e colocá-los em prática para garantir a alimentação saudável e sustentável de 10.000 milhões de pessoas no planeta em 2050, além de prevenir 11 milhões de mortes prematuras em adultos por ano.

“Esse documento será lançado em aproximadamente mais de 35 cidades do mundo” diz IICA. | https://eatforum.org

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