Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

24/04/2008 - 10:33

Ariel Sharon: biografia lançada pela Editora Barcarolla


A conturbada trajetória política e pessoal do ex-primeiro-ministro israelense é o tema deste livro cheio de revelações de bastidores, imprescindível para conhecer melhor a história de Israel e seus dilemas.

Sharon, o braço de ferro apresenta o percurso político e pessoal de Ariel Sharon, um dos personagens mais marcantes da história de Israel, que fez carreira militar antes de se dedicar à política, ocupando sucessivamente os postos de deputado, ministro de várias pastas e primeiro-ministro – até sofrer um derrame cerebral, que o mantém em estado de coma desde janeiro de 2006. Jornalista, cientista político e ex-diplomata, Freddy Eytan conviveu durante quarenta anos com Sharon e os principais dirigentes israelenses, o que lhe permitiu reunir dezenas de histórias e de revelações inéditas, apresentadas com notável espírito crítico.

O texto claro e ágil de Eytan desvenda as facetas deste controvertido homem político, o único político israelense adulado e execrado pela direita e pela esquerda, ao mesmo tempo em que narra seus combates, vitórias, fracassos e traz detalhes de sua vida privada e dramas pessoais. Bem documentada, a biografia lança novas luzes sobre o personagem e vai além dele, pois traz dados importantes para a compreensão de Israel e seus dilemas.

O relato faz surgir um Ariel Sharon fascinante, profundamente individualista, impulsivo e manipulador, capaz de se expor sem avaliar os eventuais perigos, arriscando-se a ser imprudente. Eytan não mede as palavras para caracterizar o temperamento do biografado: “Rancoroso, arrebenta com tudo se suas opiniões e planos não são aceitos. O estilo é sempre surpreendente, brutal e espetacular. Não recua nunca, embora saiba que avançando para seu objetivo expõe-se a ataques de todos os lados”.

Ao descrever o comportamento político de Sharon, Eytan não o pinta como um general brilhante ou um homem público dotado de extrema habilidade. Na arena política, o ex-primeiro-ministro israelense foi tão impetuoso quanto no campo de batalha: sua tática sempre foi preparar um plano espetacular, capaz de atordoar os adversários, para então atacá-los. Outro traço de sua personalidade política é o segredo: “como todo jogador de pôquer, tem sempre um ás escondido... Mas, ao mostrar o jogo, a carta é explosiva”.

Dentre os planos espetaculares de Sharon está a desocupação unilateral da faixa de Gaza e sua devolução aos palestinos, em 2005. Se o plano foi bem recebido pela mídia e pela esquerda, a decisão causou estupor no partido do próprio primeiro-ministro, o conservador Likud, que se voltou contra ele. Ao expor em minúcias os meses de crises políticas que se seguiram ao anúncio do plano, Eytan traz à luz uma série de escaramuças de bastidores, que mostram a complexidade das forças políticas em Israel e indicam como a intrincada política interna influi sobre as decisões governamentais, algo nem sempre claro para quem não acompanha muito de perto a política israelense.

Outro gesto surpreendente do ex-primeiro-ministro foi a fundação do Kadima, que rapidamente se tornou o maior partido político do país, criado para que ele pudesse efetivar o plano de desocupação unilateral da faixa de Gaza.

Um dos mais retumbantes fracassos de Sharon foi o massacre de civis palestinos refugiados nos campos de Sabra e Chatila, no Líbano, em 1982, cometidos por milícias cristãs libanesas, com as bênçãos de Israel. Pela primeira vez Sharon foi chamado de assassino pelos israelenses e acabou sendo obrigado a deixar o ministério da Defesa. Eytan questiona: “A jogada de Sharon é audaciosa, mas talvez arriscada demais. Pensou ele em todas as hipóteses? Levou em consideração as múltiplas minorias? Seus interesses? Suas fraquezas? Seus costumes e caprichos? É improvável”.

Uma das debilidades do ex-primeiro-ministro são os filhos, Omry e Guilad, que exerceram o papel de conselheiros. Omry envolveu-se em um escândalo no financiamento de uma campanha eleitoral de Sharon, quando lavou dinheiro por meio de empresas fantasma e de caixas dois. Guilad meteu-se em um projeto imobiliário tão suspeito quanto faraônico e foi traído por escutas telefônicas. O autor não poupa críticas ao biografado: “Ariel Sharon deveria ter agido de outra maneira e dado o exemplo. (...) Era o que os israelenses esperavam de seu líder. Ficaram decepcionados. Ao procurar defender a todo custo seus filhos, Sharon reage tardiamente e muitas vezes é surpreendido pelas revelações da imprensa”.

O autor - Freddy Eytan foi porta-voz do estado-maior do exército israelense e, mais tarde, embaixador de Israel. Jornalista e cientista político, estudou nas universidades de Tel-Aviv e Paris II. Trabalhou para a imprensa israelense como correspondente na França e depois para a imprensa francesa como correspondente em Israel. Dentre os livros que publicou estão Les 18 qui ont fait Israël (Alphée, 2007), com perfis de 18 personalidades que marcaram Israel desde 1948; Le nouveau visage d’Israël (Editions du Rocher, 2006), uma espécie de romance autobiográfico; La France, Israël et les Arabes: le double jeu? (Jean Picollec, 2005), sobre as relações entre França e Israel no período 1972-2003 e Shimon Peres au carrefour du destin (Editions du Rocher, 1996), biografia de Shimon Peres. [ Sharon, o braço de ferro, de Freddy Eytan, Editora Barcarolla, com 272 páginas, por R$39,00]

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira