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14/04/2019 - 11:09

Icomex: volume do comércio recua, aponta FGV

O saldo da balança comercial de março foi de US$ 5 bilhões, o que levou a um saldo acumulado no primeiro trimestre do ano de US$ 10,5 bilhões. Em valor, as exportações recuaram 10,2% e as importações 4,9% na comparação entre os meses de março de 2018 e 2019. O resultado de março levou a uma queda no acumulado do ano até março tanto das exportações (-3,7%), como das importações (-0,7%) e o resultado foi uma redução do superávit comercial do 1º trimestre de 2019 em relação a igual período de 2018 (US$ 12,2 bilhões.

A queda do superávit está associada ao menor saldo com a China (passou de US$ 4,1 bilhões para US$ 3,3 bilhões), com o desempenho na Argentina (passa de um superávit de US$ 2 bilhões para um déficit de US$ 334 milhões), com a América do Sul, exceto Argentina (US$ 2,5 bilhões para US$ 1,8 bilhões), e União Europeia (US$ 2,9 bilhões para US$ 1,2 bilhões). No caso dos Estados Unidos, o resultado deficitário em US$538 milhões no primeiro trimestre de 2018 muda para um superávit de US$ 185 milhões no mesmo período de 2019 e no Oriente Médio, melhora de US$ 1,1 bilhões para US$ 1,7 bilhões. O maior ganho, porém, foi com os países asiáticos (exceto China), onde no lugar do déficit de US$ 260 milhões, foi registrado um superávit de US$ 1,2 bilhões.

A piora do saldo com a Argentina é atribuída à queda no nível de atividade desse país, que reduziu as suas compras externas. Na China, na comparação dos trimestres, as exportações cresceram 13,6% e as importações 31,6%, o que explicaria a queda no superávit. Observa-se, porém, que o resultado das importações é influenciado pela importação de uma plataforma no trimestre. Se excluirmos essa importação, o crescimento desse fluxo cai para 4,8% e o superávit no primeiro trimestre de 2019 teria sido de US$ 5,3 bilhões, acima do registrado em 2018.

A análise dos principais produtos exportados em 2019 e que também constam da lista dos principais produtos de 2018 mostra um recuo nas vendas de 5 produtos (soja, minério de ferro, celulose, carne de frango e carne bovina) entre os meses de março de 2018 e 2019. Ressalta-se o bom desempenho das exportações de semimanufaturas de aço e de "demais manufaturados" na comparação mensal e na trimestral. Nos dois casos, o mercado estadunidense contribuiu para o resultado. Nas "demais manufaturas", esse mercado explicou 25% do total das vendas brasileiras e registrou crescimento de 90% e nas exportações de semimanufaturas, participação de 64% e crescimento de 37%. O protecionismo de Trump não prejudicou, até o momento, a exportação global do Brasil para esse país.

A queda no valor no mês de março está associada ao recuo em todos os índices de preços e volume das exportações e importações. Na comparação dos trimestres, a queda os preços exportados (-6,1%) supera o das importações (-0,5%), mas no tocante ao volume, as exportações aumentam (+2,5%) e as importações caem (-1,1%).

A dinâmica das exportações é mais bem compreendida com a análise desagregada das commodities e não commodities. O volume exportado de não commodities cai na comparação mensal (-12,3%) e no trimestre (-9,1%). As commodities registram elevação de 12,3% entre os trimestres de 2018 e 2019, mas o resultado de março (0,3%) indica uma possível redução no ritmo desse crescimento. Os preços das commodities e não commodities recuam. Observa-se que a queda nos preços das commodities atinge as principais exportações brasileiras, exceto o minério de ferro que teve aumento de 4,8 % entre o acumulado do ano até março de 2018 e 2019. No caso do aumento no volume exportado, a liderança coube ao complexo soja (25,4%) e ao grupo petróleo e derivados (24,6%).

O comportamento dos preços é refletido nos termos de troca que caíram 4,4% na comparação entre os meses de março e 6,5% na comparação dos primeiros trimestres. O Gráfico 6 no anexo indica uma tendência de queda a partir de início de 2017. Entre fevereiro e março foi registrado um aumento nos termos de troca (3,2%) puxado pelo preço do minério e do petróleo. Achamos pouca provável, no entanto, que esses aumentos levem a uma nova escalada de elevação nos preços das commodities.

Os índices de preços e volume agregados e por tipo de indústria — As exportações da indústria de transformação repetem o desempenho desfavorável que registraram em fevereiro (queda de 18,3% em relação a fevereiro de 2018) com variação negativa de 10,4% em relação a março. Esses resultados levaram a uma retração de 6,9% no volume exportado entre os dois primeiros trimestres dos anos de 2018 e 2019. Por outro lado, os setores de agropecuária e extrativo registraram variação positiva nas duas bases de comparação, embora o ritmo de crescimento tenha desacelerado em relação aos indicadores dos meses anteriores. Por exemplo, na comparação mensal entre 2018 e 2019, a variação no volume exportado da agropecuária foi de 30,1% (jan2018/19) e 68,4% (fev2018/19) e da extrativa de 19,4% (jan2018/19) e 35,1% (fev 2018/19).

O volume importado cai na indústria de transformação seja na comparação mensal ou no acumulado no ano o que é explicado pela lenta recuperação da atividade econômica. Aumentos nas importações da agropecuária e da indústria extrativa associados, de forma geral, a bens com poucos substitutos na oferta doméstica.

Índices de volume e categoria de uso — O desempenho desfavorável das exportações da indústria de transformação é confirmado pelos resultados em todas as categorias de uso da indústria. Variação positiva é registrada apenas na comparação trimestral de bens de consumo semiduráveis (3,6%) e para bens intermediários, embora com variações ao redor de 1%. Os piores resultados (os maiores recuos) estão na categoria de bens de consumo duráveis (automóveis) e bens de capital. No caso das importações apenas os bens de capital registraram variação positiva e, como veremos, parte dessa importação se destina ao setor agropecuário.

A diferença do comportamento entre o setor agropecuário e o da indústria de transformação em termos de sinalização via indicadores de comércio exterior é mais uma vez confirmado pelo volume de bens intermediários importados nos dois setores — a indústria de transformação registrou queda enquanto a agropecuária, variação positiva. As compras de bens de capital pelo setor agro são superiores aos resultados das importações que compõem a formação bruta de capital fixo da economia, o que mostra o maior dinamismo da formação de capital fixo desse setor em relação a outras indústrias.

Em síntese, as exportações brasileiras repetem o mesmo comportamento de anos anteriores, onde o crescimento das vendas externas do Brasil depende do setor agropecuário e da indústria extrativa. Além disso, os dados de importações não sinalizam uma recuperação imediata da indústria de transformação.

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