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01/06/2019 - 07:26

Ameaça de desindustrialização segue em crescimento na América Latina, diz Alacero


Ainda que a América Latina tenha registrado seu maior consumo em seis meses, déficit comercial da região continua impactando a indústria. Na América Latina a produção de aço bruto foi de 20,7 milhões de toneladas e a produção de aço laminado somou 16,7 milhões de toneladas, de janeiro a abril d e 2019.

Alacero — São Paulo, Brasil — O clima para fazer negócios na América Latina piorou entre janeiro e abril, devido às turbulências que atravessam a economia brasileira, a maior da região, segundo o informe trimestral da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Brasil e do Instituto de Pesquisas Econômicas (ifo) da Alemanha. Além do Brasil, outro país que contribuiu com a piora do índice foi o México, enquanto Colômbia e Peru foram os únicos países que apresentaram uma melhora no período. A balança comercial argentina teve saldo positivo, apesar de baixo, e deverá ser acompanhado. A maioria dos bancos centrais mantiveram as taxas estáveis em reuniões recentes, o que reflete uma inflação contida e pressão reduzida pela normalização da política monetária global, mostrou a Asociación Latinoamericana del Acero(Alacero), no dia 31 de maio (sexta-feira).

Expectativas de crescimento — De acordo com a associação, o mercado siderúrgico da região durante janeiro a março de 2019 apresentou uma queda de 3% no consumo de aço laminado em relação ao mesmo período de 2018. A produção regional de aço bruto e laminado até abril recuou 5% e 9%, respectivamente, versus janeiro a abril do ano anterior. Ainda assim, os altos e baixos na produção dos quatro primeiros meses apontam para um aumento no consumo. De janeiro a abril, a produção acumulada de aço bruto e laminado ficou abaixo do indicado em 2018. Há um aumento gradual este ano, e as expectativas são de crescimento, mesmo que o cenário não seja tão positivo quanto 2018.

A região aumentou 17% suas importações entre fevereiro e março de 2019, identificando 4% de crescimento em comparação a janeiro-março de 2018. A participação das importações no consumo regional também aumentou este ano: o consumo regional se abastece agora com 37% dessas importações, em contraposição aos 35% no período de janeiro a março de 2018. O mesmo acréscimo acumulado foi identificado nos dois primeiros meses (35% - 37%), confirmando a dependência do consumo de aço laminado importado, ante as quedas de produção. O déficit registrado em janeiro a março de 2019 foi de 3,5 Mt, com 342 mil toneladas mais que janeiro-março do ano anterior (3,1 Mt).

Produção de aço bruto cresce, mas de laminados cai — Apesar das oscilações negativas relação ao mesmo período acumulado de 2018, provenientes da variação no consumo e das incertezas do mercado, a produção geral de aço bruto cresceu 1% e de laminados caiu 4% em abril, respectivamente, ante março de 2019.

Aço bruto — A América Latina registrou uma produção de 5,2 Mt de aço bruto em abril, 5,6% menor ao resultado do mesmo período de 2018 (5,5 Mt). Para o ano de 2019, foram produzidas 21 Mt, 5% a menos que jan-abril de 2018 (21,9 Mt). O mesmo comparativo acumulado dos três primeiros meses mostrava também 5% de queda, mas o aumento frente aos meses anteriores demonstra uma recuperação do mercado. No ano, o Brasil é o principal produtor com 11,3 Mt, representando 54% do total regional anual.

Aço Laminado — A região produziu 4,2 Mt de aço laminado em abril, 11% abaixo do nível visto no período correspondente em 2018 (4,7 Mt). No ano foram produzidas 16,7 Mt, representando uma queda de 9% frente aos 4 primeiros meses de 2018 (18,3 Mt). O comparativo acumulado no informe anterior apontava 7% de queda. Os principais produtores no ano são Brasil com 7,5 Mt (45% do total latino-americano) e México com 5,9 Mt (35% do total da região).

Maior desequilíbrio da balança comercial — As economias da América Latina tentam evitar outra década perdida. O PIB da região deve crescer apenas 1,4% este ano, segundo estimativa do Itaú BBA, por conta da desaceleração econômica no Brasil e no México, a crise na Argentina e o colapso da Venezuela. Como resultado, as empresas vêm se recusando a emitir mais dívidas, concentrando-se, principalmente, no refinanciamento de vencimentos futuros. E mais companhias estão fazendo ofertas nos mercados domésticos, que possuem bastante liquidez.

Grandes bancos de investimentos reduziram sua exposição a ativos de mercados emergentes, e seus clientes retiraram quantidades recorde de remessas dos países latino-americanos. A região, que ainda tenta se recuperar do final do boom das commodities, apresentou uma taxa de crescimento anual média de apenas 0,7% nos anos.

Este ritmo não acompanha o crescimento da população, o que significa que os habitantes estão mais pobres hoje do que em 2012, como apontam dados do Fundo Monetário Internacional. Segundo o Americas Quarterly, o déficit de investimento em infraestrutura representa 2,5% do PIB, ou US$ 150 bilhões ao ano.

A produção industrial enfrenta cenários de queda em boa parte dos países latino-americanos — Em abril, os níveis foram os mais baixos registrados nos últimos seis meses no Brasil e, em três anos, no México. Enquanto a Argentina acumulou um ano de retrocesso com uma queda de 10,3% em relação a março, e os números mais recentes também revelam retração no Chile, as condições do setor industrial da Colômbia melhoraram em abril com o aumento das vendas.

Importações — Em março foram importadas 2,1 Mt de laminados, 9% a mais que março de 2018 (1,9 Mt). No acumulado de janeiro a março de 2019, a América Latina importou 5,9 Mt de aço laminado, 4% mais que o importado no mesmo período de 2018 (5,6 Mt). Deste total, 70% corresponde a produtos planos (4,1 Mt), 27% a produtos longos (1,6 Mt) e 3% a tubos sem costura (164 mil t). Em março, as importações de laminados representaram 37% do consumo da região, a mesma porcentagem do primeiro trimestre de 2019, o que traz desestímulos para a indústria local, tensões comerciais e coloca em risco as fontes de emprego.

Exportações — Em março foram exportadas 716 mil toneladas de laminados, 4% menos que em fevereiro de 2019 (748 mil toneladas) e 24% menos que março de 2018 (937 mil toneladas). No acumulado de janeiro a março as exportações latinoamericanas de aço laminado foram 2,4 Mt, 4% a menos que o registrado no mesmo período do ano passado (2,5 Mt). Deste total, 48% correspondem a produtos longos (1,1 Mt), 42% a produtos planos (1,0 Mt) e 10% a tubos sem costura (253 mil t).

Balança Deficitária — Em março de 2019, a região registrou um déficit comercial em volume de 1,39 Mt de aço laminado. Este desequilíbrio é 41% maior que em março de 2018 (0,99 Mt) e 31% maior que em fevereiro de 2019 (1,06 Mt). O Brasil vem acompanhado da Argentina no balanço positivo do comércio de produtos laminados entre janeiro e março. O primeiro com 666 mil toneladas e a Argentina com um saldo positivo de 14 mil toneladas. Deve-se tomar o saldo positivo argentino com cautela, contudo, devido a sua baixa representatividade, necessitando confirmar nos próximos meses para obter uma projeção mais realista.

Ao contrário, o maior déficit foi registrado no México (-1,7 Mt), seguido pela Colômbia (-526 mil t), Chile (-517 mil t) e pelo Peru (-448 mil t).

Perfil da Asociación Latinoamericana del Acero (Alacero) — É uma entidade civil sem fins lucrativos que reúne a cadeia de valor do aço da América Latina para fomentar os valores de integração regional, inovação tecnológica, excelência em recursos humanos, responsabilidade empresarial e sustentabilidade. Fundada em 1959, é formada por 40 empresas de 20 países, cuja produção é de aproximadamente 70 milhões anuais e representa 95% do aço fabricado na América Latina.

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