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03/07/2019 - 09:36

Internacionalização de empresas do setor de rochas ornamentais


Professores F.G.Romito e A.F.Cardoso com pesquisadores J.R.Ferreira, N.R.Castanho e A.B.FonsiA internacionalização de empresas no Hemisfério Norte, no contexto da reconstrução da Europa e Japão no pós 2ª Guerra Mundial, permitiu às empresas norte-americanas assumirem um protagonismo no cenário econômico, imprimindo nova dinâmica ao capitalismo.

Duas décadas depois foi a vez das empresas europeias e asiáticas, com suas economias restabelecidas, apostar numa nova fase de internacionalização de suas empresas, especialmente para América Latina e Ásia.

Além de ser da vocação do capital a internacionalização, essa foi uma estratégia conveniente para empresas do Hemisfério Norte diante de políticas econômicas como a de substituição de importações adotadas em países como o Brasil. Para empresas intensivas em capital e tecnologia a instalação de unidades produtivas em países periféricos foi também uma maneira de ampliar o ciclo de vida dos seus produtos, após as fases de inovação e maturidade, quando a padronização de processos abre a possibilidade de produção no exterior onde são menores os custos dos fatores de produção.

Durante essas décadas, com os países periféricos sendo eminentemente mercados e/ou receptores de investimentos estrangeiros, eram poucos os casos de empresas nacionais se internacionalizando, uma vez que foram criadas tendo em perspectiva a escala nacional. Essa realidade passou a mudar a partir da década de 1990 marcada por uma onda de abertura comercial e econômica em várias partes do mundo, com destaque para a América Latina. Mas foi só na década de 2000 e, no caso brasileiro particularmente a partir do ano de 2006 que se registrou um boom de internacionalização de suas empresas, levando o país a figurar nos rankings de exportadores de capitais.

Entre os setores pioneiros da internacionalização de empresas brasileiras está o da construção civil, notadamente o de grandes construtoras que, hoje acumulam expertise em atividades como o da construção de usinas hidrelétricas, estradas, aeroportos, entre outras. Muitas dessas construtoras impulsionaram outras empresas, fornecedoras, de pequeno e médio porte, a se internacionalizarem, acompanhando-as em seus canteiros de obras pelo mundo.

Das variadas cadeias produtivas que integram o setor da construção civil e que nos últimos anos experimentaram significativo processo de modernização e ampliação de sua presença em mercados internacionais merece nota o de rochas ornamentais.

O Brasil ocupa a quarta posição no ranking mundial de produtores e é o sexto maior exportador mundial de rochas ornamentais, sendo o principal fornecedor estrangeiro do pujante mercado norte-americano.

As placas de rochas naturais, destacadamente mármores e granitos, competem no mercado de pisos e revestimentos no país e no mundo, com produtos como os cerâmicos dentre os quais os porcelanatos de grandes formatos (ainda em expansão de produção e comercialização no Brasil) e as superfícies sólidas de quartzo (quartz surfaces e solid surfaces). Sobre estas últimas a competição no Brasil tem se dado com forte presença de empresas estrangeiras.

Entre as empresas nacionais do setor de rochas que se destaca pelo seu portfólio de produtos, pelo volume de suas exportações e, pelo grau de internacionalização de sua empresa temos o Grupo Guidoni, cuja fundação se deu em 1991 no Espírito Santo e hoje atua na extração, beneficiamento e comercialização de seus produtos. Está presente em 70 países, possui uma fábrica de quartzo na Espanha e em 2018 inaugurou um centro de distribuição na Itália, países de forte tradição no setor. Uma das gigantes internacionais que compete com a Guidoni no mercado brasileiro e internacional de rochas e de superfícies sólidas é a Cosentino, empresa espanhola de origem familiar, fundada na década de 1940 e que hoje é uma empresa global, com 85% de seu faturamento gerado em mercados estrangeiros. De suas várias unidades produtivas uma se encontra no Brasil, mercado que é alvo de intensas campanhas publicitárias e participação da marca em todas as importantes feiras do setor.

Motivados pelo dinamismo e desafios do setor, além da escassa produção acadêmica, um grupo de pesquisadores da Universidade Presbiteriana Mackenzie recentemente apresentou para banca avaliadora um projeto de pesquisa tendo como um de seus objetivos compreender os movimentos de internacionalização das duas empresas mencionadas que ocupam lugar de liderança no setor. Parte da pesquisa se dará através da realização de entrevistas junto a profissionais do setor e de instituições de apoio como a Abirochas. A inserção em mercados internacionais é um movimento que envolve a complexidade e as incertezas, derivadas das características do ambiente político, social e econômico do novo mercado e a decisão por enfrentá-la revela a visão de mundo de seus dirigentes.

Modelos de análise de competitividade como o desenvolvido por Michael Porter confere papel importante às instituições de apoio que podem ser associações, institutos de pesquisa, universidades, na missão de ativar e qualificar redes de conhecimento e comunicação em setores produtivos.

No atual estágio de desenvolvimento do capitalismo global e das empresas brasileiras o estabelecimento e desenvolvimento dessas redes é um processo de extrema importância para demarcar o lugar que caberá a cada um na produção global de riquezas.

. Por: Arnaldo F. Cardoso, professor e pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua nas áreas de Economia, Comércio Exterior e Inteligência de Negócios. E-mail: [email protected]

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