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18/07/2019 - 10:11

Icomex: valor das exportações recuaram 10,4% e das importações 9,1%


Entre junho de 2018 e 2019, aponta FGV IBRE.

O saldo da balança comercial de junho foi de US$ 5 bilhões, o que levou a um superávit acumulado no ano de US$ 26 bilhões. Em valor as exportações recuaram 10,4% e as importações 9,1%, na comparação entre os meses de junho de 2018 e 2019. Na comparação do acumulado do ano até junho entre 2018 e 2019, as exportações caíram em 3,5% e as importações ficaram estagnadas. O superávit no primeiro semestre de 2019 foi de US$ 26 bilhões, quatro bilhões menor do que o de 2018, e a corrente de comércio caiu 2% na comparação dos semestres de 2018 e 2019.

A queda nos valores exportados e importados na comparação mensal foi explicada pelo recuo nos índices de preços e volume desses fluxos. Na comparação entre os primeiros semestres de 2018 e 2019, porém, o volume exportado cresceu (2%) liderado pelas commodities (7,5%), enquanto a variação nos preços foi negativa para as commodities. A análise por setor mostra que a liderança no crescimento do volume exportado seja na comparação mensal ou semestral coube à indústria extrativa.

No caso das importações, a comparação entre os primeiros semestres, registrou aumento no volume de 2,5% e queda nos preços com igual percentual, o que explica o valor não ter variado entre os semestres. A análise por setor registrou recuo nos volumes na comparação mensal o que pode estar associado a uma desaceleração no ritmo de atividade. Na comparação dos semestres, os volumes importados por todos os setores aumentam, sendo a liderança da indústria extrativa.

O desempenho desfavorável em junho das exportações se repetiu nos principais mercados de destino das exportações brasileiras. A queda no mercado argentino tem sido uma constante explicada pela crise econômica do país. Na China, a queda em junho repete o comportamento do mês anterior e os Estados Unidos, após o aumento de maio liderado pelas exportações de óleo bruto de petróleo e semimanufaturados, registrou recuo de 12%.

Com o objetivo de esclarecer esses resultados, o Icomex passará a divulgar os índices de preços e volume das exportações e importações para os principais parceiros comerciais do Brasil. Na seção “Destaque do mês”, após a análise dos índices, é apresentado os resultados para a China e os Estados Unidos. No próximo Icomex iremos divulgar os índices para a União Europeia. O anúncio do término das negociações do Acordo Mercosul-União Europeia, em 28 de junho, levou a que priorizássemos esse mercado antes da análise do mercado argentino.

Análise dos índices agregados — Os volumes exportados e importados caíram 5,8% e 3,7% entre junho de 2018 e 2019. Na comparação do acumulado até junho, porém, os volumes crescem em 2% para as exportações e 2,5% para as importações. No caso dos preços, seja na comparação mensal ou do acumulado do ano, os preços recuam para as exportações e para as importações.

Dada a influência das commodities que explicam cerca de 60% das exportações brasileiras. Na comparação mensal caiu o volume das commodities (0,1%) e das não commodities em 14,2%. Entre os primeiros semestres de 2018 e 2019, porém, o volume exportado das commodities aumentou (7,5%) e o das não commodities recuou (5,8%). Como nos anos anteriores, o comportamento das exportações continua dependente do desempenho das commodities.

No caso dos preços, o resultado seja na comparação mensal ou no acumulado até junho registrou queda. Observa-se que na comparação mensal, a queda nos preços foi puxada pelos produtos agrícolas e petróleo, pois o minério de ferro (segundo principal produto exportado) registrou aumento de 53%. Igual resultado é verificado na comparação dos primeiros semestres.

Os termos de troca apresentaram uma tendência de queda ao logo de 2018 que foi revertida a partir de fevereiro de 2019, com o aumento nos preços de exportações até maio. Em junho, o preço das exportações (-1,3%) caiu, porém menos do que o das importações (-2,7%), o que levou a uma melhora nos termos de troca (1,4%). Na comparação entre os meses de junho de 2018 e 2019, os termos de troca registraram aumento de apenas 0,4% e na comparação dos semestres caiu em 2,7%. Não há, portanto, variações acentuadas de ganhos ou perdas com os termos de troca.

Os índices de preços e volume agregados e por tipo de indústria — Após registrar aumento no volume exportado e importado em abril e maio em relação a igual período do ano anterior, as exportações e as importações da indústria de transformação recuaram 7,4% e 4,2%, respectivamente, no mês de junho. As exportações da agropecuária caem desde março e da extrativa só recuou no mês de maio.

Ressalta-se, porém, que nos dois primeiros meses do ano, tanto a agropecuária como a extrativa registraram variações acima de 2 dígitos em relação a períodos iguais de 2018. O volume exportado da agropecuária cresceu 61% entre os meses de fevereiro e o da extrativa, 36%, nesse mesmo período. Há, portanto uma desaceleração no ritmo das exportações que se associa a um menor crescimento da China e do comércio mundial em 2019.

No acumulado do ano até junho, todos os volumes aumentam em relação a igual período de 2018, exceto as exportações da indústria de transformação, queda de 1,8%. Além disso, a variação de 15,1% do volume exportado pela indústria extrativa em relação a agropecuária (3,5%) confirma a liderança da primeira, graças as vendas de petróleo bruto e, em segundo lugar, minério de ferro.

O mercado interno aponta para um crescimento abaixo de 2%, o que não ajuda a indústria de transformação. Além disso, o mercado externo das manufaturas brasileiras está associado a uma Argentina em crise ou sofre com a concorrência dos países asiáticos nos setores de baixa a média tecnologia.

Os índices de volume por categoria de uso da indústria de transformação mostram queda na comparação mensal e semestral, exceto para bens de consumo não duráveis, bens de consumo semiduráveis (semestre) e bens intermediários (semestre). Chama atenção a queda nas exportações de bens de capital e bens de consumo não duráveis (automóveis). Em junho os bens de capital decresceram 35,9% e os duráveis de consumo, 10,6%. Na comparação dos semestres, porém, a maior queda são a dos bens duráveis, 27,7% em relação aos bens de capital, 15,5%. Esses resultados confirmam que as exportações brasileiras não apresentam bom desempenho em produtos de maior valor agregado, como bens de capital e bens duráveis de consumo.

Ressalta-se que no mês de junho não foi registrada exportações de plataformas de petróleo.

No mês de junho há uma diferença de um ponto percentual se considerarmos as importações de bens de capital com (15,8%) e sem plataforma de petróleo (14,8%). No entanto, dado o tamanho dessa diferença ser pequeno, quando calculamos a variação no volume importado da indústria de transformação como um todo, a queda fica igual em 4,2%, com ou sem plataforma. No entanto, na comparação dos primeiros semestres de 2018 e 2019 a inclusão ou não da plataforma faz diferença: 2,3% (com) e 3,3% (sem).

As importações de bens de consumo duráveis, não duráveis e semiduráveis recuam na comparação mensal e do acumulado até junho. Variações positivas, em ambos os períodos de comparação, apenas ocorrem nos volumes importados de bens de capital. As compras de bens intermediários recuaram em junho (3,6%) o que reflete possível desaceleração da indústria e crescem 2,8% na comparação dos semestres, o que sugere fraca recuperação da indústria.

Por último, a taxa de câmbio real efetiva mostrou uma leve reversão na tendência à desvalorização no mês de junho. Se antes a desvalorização era, em parte, explicada pelas incertezas quanto ao encaminhamento das reformas, o resultado de junho reflete mudança dessa percepção.

Destaque do mês — Apresentamos os índices de comércio exterior para a China e os Estados Unidos. No próximo Icomex iremos apresentar os dados para a União Europeia.

Observa-se que o aumento da participação da China nas exportações brasileiras (passou de 4,2% para 26,6% entre 2002 e 2018) é explicado principalmente pela expansão do volume de comércio, pois apenas entre 2002/08, o crescimento dos preços superou o do volume, mesmo assim com uma diferença ao redor de 4 pontos de percentagem. Já os Estados Unidos, registrou uma queda de 25,4% para 12% e experimentou quedas no volume exportado, exceto na comparação entre os primeiros semestres de 2018 e 2019. Nesse último período, as exportações para o mercado estadunidense cresceram 22,2% enquanto da China, 2,1%. Exportações do mercado aeronáutico (aviões, peças para aviões), petróleo e produtos siderúrgicos explicam o desempenho favorável nos Estados Unidos.

Na comparação dos meses de junho, chamamos atenção que o valor exportado caiu 4,1% para a China e 12,2% para os Estados Unidos. No caso da China, a queda foi maior no volume (3,7%) do que nos preços (1,9%). Nos Estados Unidos, o recuo no valor está principalmente associado ao decréscimo nos preços (10,6%) do que no volume que caiu 1,6%.

Na pauta de importações, a participação da China passou de 3,3% para 19,2% e a dos Estados Unidos de 21,8% para 16% entre 2002 e 2018. O crescimento médio anual das importações, oriundas da China superaram em todos os períodos as provenientes dos Estados Unidos. Em termos de preços, as diferenças foram favoráveis para a China (menor preço que os Estados Unidos) a partir de 2012, o que sugere pesquisas mais detalhadas sobre a concorrência chinesa via preços.

Na comparação mensal, o volume importado da China aumentou (2,5%) e dos Estados Unidos recuou (8,3%) e os preços caem na China (4,8%) e aumentam nos Estados Unidos (2,7%).

A pauta bilateral com a China dominada pelas exportações de commodities explica a maior volatilidade nos termos de troca que se elevaram até dezembro de 2011 e chegam ao seu menor valor em abril de 2016, quando voltam a se recuperar, mas muito distante dos valores de pico do boom das commodities. Em contraste, os termos de troca com os Estados Unidos tendem a uma relativa estabilidade ao longo de todo o período.

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