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17/08/2019 - 07:08

Luxo parisiense-amazonense de Caroline Putnoki


Para Caroline Putnoki, Hermès e Lenny Niemeyer são marcas essenciais no closet de uma pessoa sofisticada. Alta e esguia, ela sintetiza a elegância parisiense. Em francês díriamos chic, cultivée e charmante. Madame explica sem hesitação que a confeitaria francesa é algo com o qual pode se deliciar sem culpa. Diretora da Agência de Desenvolvimento Turístico da França — Atout France da América Latina, ela também falou um pouco sobre as tendências atuais do mercado e as que estão ganhando espaço, além dos destinos que ela recomenda no momento para quem busca uma experiência fora do comum. Nascida na Guiana Francesa, ela ressalta o quanto a Amazônia é um lugar a se explorar turisticamente, sem que seja necessário abrir mão do luxo.

O que é o luxo para você? - Caroline Putnoki: o luxo está associado à raridade. Para mim, isso é o tempo e é conseguir aproveitar a companhia das pessoas que eu amo.

Que marcas hoje na sua opinião traduzem melhor esse conceito atualizado do luxo? - Caroline Putnoki: no segmento de turismo, acredito que a AirFrance consegue passar isso sem dificuldades, porque a partir do momento em que você entra na aeronave, você já está imerso no modo de viver à francesa por conta do atendimento e da estética de uniformes, tecidos e estampas. Agora, no segmento de moda e lifestyle, a Hermès transmite muito bem essa ideia de viagem junto de um imaginário artístico sofisticado e que incentiva a sonhar.

Qual é o papel das experiências sensoriais dentro disso? - Caroline Putnoki: o que mais importa é a emoção. Quanto maior a promessa feita pela marca e seu produto, melhor e mais forte tem que ser a experiência oferecida por ele.

Como você compreende a relação do luxo com a sustentabilidade? - Caroline Putnoki: é necessário retornar ao essencial, e a natureza é um meio para isso, porque é a base de tudo. O objetivo agora é a proteção do meio ambiente e as marcas estão atentas a isso, se perguntando como manter o alto nível de sofisticação e ajudar o planeta ao mesmo tempo. É totalmente viável fazer luxo sustentável. Já temos alguns exemplos dentro do segmento da hotelaria, como o The Brando, na Polinésia Francesa, que foi eleito o hotel mais sustentável do mundo e o lodge Mirante do Gavião, na planície amazônica.

— The Brando fica no atol de Tetiaroa e foi eleito em 2016 pela Condé Nast Traveler o melhor hotel do mundo. Com apenas 35 villas privativas, o resort se tornou um dos destinos preferidos dos famosos por se tratar de um refúgio dos olhares do público. O lodge Mirante do Gavião fica em Novo Airão, no Amazonas e suas habitações foram todas construídas com madeira de reflorestamento e utilizam-se de aquecimento solar.

Qual é a próxima tendência do mercado e do turismo de luxo? - Caroline Putnoki: na França, eu diria que é em termos de gastronomia. O que está em alta agora é a pâtisserie e confeitaria. Todos querem ter o melhor chef confeiteiro, o mais talentoso ou o mais criativo. No setor de hotelaria, o que é tendência no momento é a hiper-personalização para o hóspede, desde o atendimento ao fazer a reserva até a experiência que ele terá ao ficar no hotel. O luxo hoje também está muito ligado à cultura. O hotel Lutetia, em Paris, tem promovido o bairro de Saint Germain, onde está localizado, a partir das grandes figuras intelectuais que ali viveram, como Jean-Paul Sartre e Boris Vian.

— Boris Vian foi um poeta, cantor e escritor francês, lembrado por seus contos e livros surrealistas, como A Espuma dos Dias e O Outono em Pequim. Jean-Paul Sartre foi um filósofo que é referência em existencialismo até os dias de hoje.

Existe algum destino especificamente na França que repentinamente brilhou os olhos dos brasileiros? - Caroline Putnoki: ligados ao luxo, tem dois destinos especificamente que têm chamado a atenção dos brasileiros nos últimos anos. São Courchevel, por conta da estação de esqui, e Saint-Tropez pelas marcas presentes na cidade e as festas frequentadas por celebridades. Além disso, dois outros lugares que têm recebido mais turistas brasileiros são Bordeaux e Marselha. São cidades que se transformaram e fizeram grandes reformas de suas ofertas turísticas nos últimos 15 anos.

— Bordeaux, muito conhecida por seus vinhos, sempre foi destino de uma classe mais intelectualizada, mas com o crescimento no enoturismo está cada vez mais presente nos roteiros de viagem. Já Marselha é a maior cidade portuária da França. Por muito tempo, ela não foi valorizada como destino turístico, sendo apenas voltada para comércio, apesar de ser a 3ª região metropolitana mais populosa depois de Paris e Lyon. Em 2013 ela foi eleita a Capital Europeia da Cultura por sua valorização da arte e história local, principalmente sendo origem do hino nacional francês, La Marseillaise.

Quais os endereços imperdíveis em Paris? - Caroline Putnoki: o que eu recomendo de novidade no momento é o Beaupassage para conhecer a galeria de arte La Scène Ouverte e o restaurante Allénothèque, do renomado chef Yannick Alléno. Para comer e beber, também gosto muito de passar na loja da Hermès, a que fica na área da antiga piscina do Hotel Lutetia, para tomar um chá e então aproveitar para ir ao bar Joséphine do hotel e tomar um drink. O La Réserve, um dos hotéis palace de Paris, tem um restaurante que vale muito a pena, o La Pagode de Cos. Em questão de arte, é necessário ir ao Museu do Luxemburgo e conhecer seus lindos jardins depois de tomar um chocolate quente da cafeteria Angelina.

E qual é o destino na América do Sul que você recomenda para quem está procurando uma experiência personalizada? - Caroline Putnoki: eu acredito que viagens transformam pessoas. A partir disso, eu sugiro a Amazônia como destino, tanto a francesa quanto a brasileira, porque você conhece tantas coisas novas e lindas que são pouco faladas. É um lugar essencial para qualquer roteiro de viagem. O Machu Picchu no Peru também é uma experiência transformadora. Eu fiz uma trilha Inca para chegar até o local, chegamos por volta das 5hs da manhã e a vista que tivemos foi fenomenal. A Ilha de Páscoa também, de nome original Rapa Nui, é um dos principais marcos da identidade polinésia e é uma experiência que te marca para sempre.

Você pode explicar, de forma breve, a importância dos hotéis Palace na estratégia de promoção da França? - Caroline Putnoki: a distinção Palace foi criada em 2010 para valorizar uma hotelaria excepcional na França. São 25 hotéis Palace que tem algumas características em comum, como excelência na gastronomia, localização fantástica e riqueza em cultura. Todos eles são considerados emblemáticos da arte de viver à francesa e transmitem esses valores.

Além do fator histórico, Louis XIV e Colbert, o que faz da França o berço dos produtos premium? - Caroline Putnoki: isso tudo tem origem na história e cultura francesa, principalmente por conta da realeza e nobreza que incentivaram a procura constante por artigos de luxo e excepcionais nos segmentos de moda e até alimentação. As marcas mais tradicionais da França têm origem na aristocracia e são muito ligadas ao artesanato, como Dior, Chanel, Hermès. Por que os produtos que elas oferecem são tão caros? Porque são produtos exclusivos, que existem em pouca quantidade no mundo e que demandam muito tempo e trabalho de produção.

Há marcas brasileiras que têm em seu DNA a possibilidade de se tornarem referências no setor? - Caroline Putnoki: acredito que o Fasano, tendo a estabilidade e o prestígio que tem, mostra grande vocação para se desenvolver no mercado internacional, além de já ter unidades em países vizinhos ao Brasil, como o Uruguai. A Lenny Niemeyer também, ela criou uma marca de moda praia rica em sofisticação e hoje é referência inclusive no mercado internacional. | Barbara Teisseire / Lescinqsens

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