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20/08/2019 - 08:51

Exportações crescem na indústria de transformação, diz Icomex


O saldo da balança comercial de junho foi de US$ 2,3 bilhões, o que levou a um superávit acumulado no ano de US$ 28,5 bilhões. Em valor as exportações recuaram 11% e as importações 4,8% na comparação entre os meses de julho de 2018 e 2019. No acumulado do ano até julho de 2018 e 2019, as exportações caíram 4,7% e as importações, 0,9%. A queda nos fluxos de comércio levou a uma retração na corrente de comércio em 3% entre os sete primeiros meses de 2018 e 2019.

Observa-se que a corrente de comércio estava se recuperando, desde 2018, após a desaceleração entre 2014/17. O resultado de 2019 reflete a piora das condições no comércio mundial. Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisaram para baixo suas projeções divulgadas esse ano em relação ao crescimento do comércio mundial — Banco Mundial de 3,6% (janeiro) para 2,6% (junho) e o FMI de 3,4% (abril) para 2,5% (junho). No caso do Brasil, dois de seus principais parceiros comerciais influenciam esse resultado. A crise na Argentina e a desaceleração do crescimento chinês levaram a uma queda nas exportações brasileiras para esses mercados no mês de julho em relação a julho de 2018 — 28% (Argentina) e 13% (China). Para os Estados Unidos, o segundo principal parceiro, as exportações cresceram 11%, nesse mesmo período.

O Icomex analisa os resultados dos fluxos comerciais a partir dos índices de preços e volume. Todos os índices registraram queda na comparação entre julho de 2018 e 2019. No entanto, a queda no volume exportado (7,2%) é superior ao das importações (1%). Na comparação do acumulado até julho, os preços caem nas exportações e nas importações e para o volume, a queda nas importações (1,9%) é maior do que nas exportações (0,5%). O que ressalta desse quadro é uma tendência de queda nas exportações que refletem as condições do comércio mundial e um recuo das importações associada ao baixo nível de atividade da economia brasileira.

Como divulgado no Icomex de julho, apresentamos na seção especial "Destaque" os índices de comércio exterior para a União Europeia, o que irá levar a observações sobre o efeito do acordo Mercosul-União Europeia para o Brasil.

Análise dos índices agregados — Os volumes exportados e importados caíram 7,2% e 1,0% entre julho de 2018 e 2019. Na comparação do acumulado até julho, porém, os volumes cresceram em 0,5% para as exportações e 1,9% para as importações. Os volumes exportados e importados decrescem, no entanto, desde junho, logo o resultado de julho confirma uma tendência de piora nos índices de volume do comércio exterior. O contexto internacional, como já relatado influencia esse resultado. No caso dos preços, seja na comparação mensal ou do acumulado do ano, os preços recuam para as exportações e para as importações.

O desempenho das exportações das commodities e não commodities. Na comparação mensal caiu o volume das commodities (9,7%) e das não commodities em 3,4%. Entre os primeiros sete meses de 2018 e 2019, porém, o volume exportado das commodities aumentou (4,5%) e o das não commodities recuou (5,2%).

No caso dos preços, o resultado seja na comparação mensal ou no acumulado até julho registrou queda. Observa-se que na comparação mensal, a queda nos preços foi puxada pelos produtos agrícolas e petróleo, pois o minério de ferro (segundo principal produto exportado) registrou aumento de 48%.

Os termos de troca apresentaram uma tendência de queda ao logo de 2018 que foi revertida a partir de fevereiro de 2019. Entre fevereiro e julho de 2019, os termos de troca cresceram 7,6% com o aumento de 7% nos preços de exportações e queda de 0,5% no preço das importações. Entre as principais commodities exportadas, como já assinalado, a melhora nos preços exportados no período se deve ao minério de ferro, pois tanto a soja em grão como o petróleo registraram queda de preços no ano de 2019. Na comparação entre os anos de 2018 e 2019, seja em bases mensais ou no acumulado até julho, os termos de troca recuaram em 0,4% (mensal) e 2,3% (acumulado no ano). Logo, a contribuição dos termos de troca para o aumento de renda no país é negativa nesse ano em comparação a 2018.

Os índices de preços e volume agregados e por tipo de indústria — Os volumes exportados da agropecuária registraram aumento de 6,7% em julho, após queda na comparação mensal na comparação mensal de maio e junho entre os anos de 2018 e 2019. As vendas da indústria extrativa caíram puxadas pelo recuo em 41% do petróleo e derivados. As exportações da indústria de transformação mantiveram tendência de queda, já observada em junho. No caso das importações. exceto, a indústria extrativa, todos os outros setores apresentaram queda na comparação entre julho de 2018 e 2019.

No acumulado do ano até julho, todos os volumes aumentam em relação a igual período de 2018, exceto as exportações da indústria de transformação, queda de 1,8 %. O crescimento das exportações em julho da agropecuária contribuiu para atenuar a liderança da indústria extrativa na comparação entre os sete primeiros meses do ano de 2018 e 2019. Até junho, a indústria extrativa liderava com aumento de 15,1% entre o primeiro semestre de 2018 e 2019 seguida da agropecuária com registro de elevação de 3,5%. A inclusão do mês de julho fez com que na comparação anual esses valores passassem para 7,1% na extrativa e 2,9% na agropecuária. O efeito China afeta de forma negativa as exportações da indústria extrativa, mas a crise na oferta de carne suína favorece as exportações da agropecuária.

Os índices de volume por categoria de uso da indústria de transformação mostra a volta do efeito das operações com as plataformas de petróleo. Na comparação entre julho de 2018 e 2019, o volume exportado da indústria caiu 1,6%, mas sem as plataformas houve um aumento de 9,5%. Os dados das exportações de bens de capital explicam esse resultado — com plataformas, queda de 49,1%, e, sem plataformas aumento de 7,2%. Exportações de plataformas em julho de 2018 e sua redução em julho de 2019 explicam o resultado. Logo, sem as plataformas, a indústria de transformação teria liderado o resultado de julho nas exportações, superando a agropecuária que cresceu, como visto, em 6,7%.

Para as outras categorias de uso, chama atenção o aumento de 3,2% das exportações de bens duráveis que vinham numa trajetória de queda nas comparações mensais desde maio de 2018. Na análise entre os sete primeiros meses do ano, a diferença entre a inclusão ou não das plataformas se reduz — geral (-1,8%), geral sem plataforma (-0,1%), bens de capital (-22%) e bens de capital sem plataforma (-14,5%). O aumento das exportações de bens duráveis em julho não altera o resultado negativo para essa categoria (-24,4%).

O comportamento das importações da indústria de transformação por categoria de uso. Da mesma forma que nas exportações, o efeito plataforma está presente na comparação entre os meses de julho. O volume importado com plataforma da indústria de transformação recuou 2,6% e sem plataforma cresceu 17,6%. As compras de bens de capital caíram 46,9% e sem plataforma aumentaram 27,9%. Em julho de 2018 ocorreu um volume de compras de plataformas não verificadas em 2019. Nesse caso, como todas as outras categorias registraram recuo nas importações, exceto bens intermediários (aumento de 20,1%), os resultados sugerem uma melhora no nível de atividade da indústria de transformação com o aumento das compras de bens de capital e bens intermediários. Na análise do acumulado do ano até julho, as importações de bens de capital crescem 15,3% sem as plataformas e 5,3% para bens intermediários.

Com ou sem as plataformas, os resultados até julho mostram que para a indústria de transformação há uma piora no desempenho exportador e que as importações cresceram, mas com um percentual abaixo de 5%. Não é indicativo de uma forte recuperação da indústria.

Por último, a taxa de câmbio real efetiva mostrou uma leve reversão na tendência à desvalorização no mês de junho que continuou no mês de julho. No entanto, os acontecimentos recentes como o agravamento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China e as expectativas quanto a uma possível vitória do candidato peronista na Argentina reverteram essa tendência.

Destaque do mês — Apresentamos o índice de comércio exterior para a União Europeia.

O crescimento médio anual dos índices de volume das exportações para os Estados Unidos, China e União Europeia para períodos selecionados, onde se destaca a expansão para o mercado chinês, exceto no resultado acumulado até junho de 2019 comparado com o de 2018. A União Europeia registrou nesse mesmo período queda de 10%, enquanto os Estados Unidos aumento de 23,6%. Exportações de aviões, gasolina, petróleo e máquinas explicam o bom desempenho no mercado estadunidense. Observa-se que o crescimento dos Estados Unidos projetado ao redor de 2,5% em relação ao da União Europeia (ao redor de 1,2%) influencia esse resultado.

Nas importações, o desempenho da União Europeia tem sido desfavorável, desde 2012, com quedas superiores ao dos Estados Unidos. A China lidera em todos os períodos o crescimento das importações.

Os efeitos do acordo Mercosul-União Europeia ainda são incertos dada as incertezas que existem quanto a data de entrada em vigor do acordo. No entanto, é esperado que aumentem as importações provenientes da União Europeia na manufatura em detrimento de compras oriundas de outros parceiros como os Estados Unidos e, em menor escala da China. Ganhos nas exportações dependem do crescimento dos países europeus e da competitividade dos produtos brasileiros que irão concorrer num mercado integrado com alguns países com estruturas de exportações concorrentes com a do Brasil, como siderúrgicos do Leste Europeu. A principal aposta está nos ganhos da agropecuária, mesmo que a negociação não tenha levado a uma plena liberalização.

Por último, os termos de troca com a China, Estados Unidos e a União Europeia. A pauta bilateral com a China dominada pelas exportações de commodities explica a maior volatilidade nos termos de troca que se elevaram até dezembro de 2011 e chegam ao seu menor valor em abril de 2016, quando voltam a se recuperar, mas muito distante dos valores de pico do boom das commodities. Em contraste, os termos de troca com os Estados Unidos e com a União Europeia tendem a uma relativa estabilidade ao longo de todo o período.

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