Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

03/09/2019 - 08:50

Amazônia e meio ambiente são temas de debate na Bienal do Livro


Foco das atenções do Brasil e do mundo, a Amazônia foi tema de debate no primeiro sábado da Bienal do Livro Rio. Uma das maiores lideranças indígenas do país, Ailton Krenak, criticou o fato de os homens não se sentirem parte da natureza. E avaliou que esta separação é um dos motivos de os seres humanos não respeitarem o ecossistema.

"Quando fomos chamados para vir aqui, ouvi uma frase 'vamos falar sobre meio ambiente'. Alguns enunciados dessa cultura me afetam com intensidade, e essa do meio ambiente usado pra representar vida é uma delas. Essa alienação do ser humano da natureza é a fonte de muitos equívocos. Com essa postura, a probabilidade de continuarmos repetindo a violência sistemática das indústrias à natureza, é muito alta. Não existem 'recursos naturais' existe a vida, e estamos danando essa vida. Essa campanha para invadir a Amazônia é o prenúncio de fim de mundo para aqueles animais e aquelas plantas. Aves, peixes, animais de grande porte foram torrados até que a fumaça incomodasse o sudeste", disse ele, que integra a tribo Crenaque da região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.

Krenak participou de uma das mesas mais aguardadas pelos interessados em ambientalismo, a mesa "Meio ambiente, ambiente de todos nós", que reuniu no Café Literário as jornalistas Cristina Serra e Ana Lúcia Azevedo, que cobriram os crimes ambientais de Mariana e Brumadinho, além de Ailton Krenak, com mediação do jornalista Emanuel Alencar, especialista em meio ambiente.

Em relação a possíveis aprendizados com os crimes ambientais em Minas Gerais, Ana Lúcia disse não ter esperanças: "Não tenho a menor ilusão de que não aprendemos nada, tanto que Brumadinho foi muito pior que Mariana. E precisamos sempre lembrar que não existe 'desastre ambiental', o crime é um desastre socioambiental", pontuou.

A repórter afirmou que no plano legislativo os movimentos de mudança são pífios: "No Congresso está sendo discutida a Lei Geral de Licenciamento Ambiental, e as previsões são as piores possíveis. A última versão desse projeto de lei é uma espécie de vale-tudo do licenciamento. Não aprendemos nada", disparou.

Perguntada pelo mediador Emanuel Alencar sobre a iniciativa de países como Bolívia, Nova Zelândia e Índia, de aprovar uma legislação para transformar os rios em pessoa jurídica, o que teoricamente criaria novos instrumentos para defender essas águas, Ana Lúcia também foi pessimista: "Sinceramente, não acho que isso melhoraria as coisas, porque o Brasil já tem uma das melhores legislações ambientais do mundo, mas falta cumprir. Então o Estado deveria ser réu, o Estado tem culpa, e a sociedade deveria cobrar, somos muito passivos".

Na quinta-feira (dia 05 de setembro), os problemas de preservação da floresta amazônica voltam ao centro do debate no Café Literário. Às 17h, Márcio Souza, Larry Rohter e Sérgio Abranches participam da mesa "Amazônia, terra de quem ?", com mediação do jornalista Agostinho Vieira, do Projeto Colabora.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira