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03/09/2019 - 09:18

A vis attractiva do saber

A força de atração do movimento dos lábios e das mãos primordial subjugou marcos sólidos da eternidade: os séculos. A necessidade dos juristas lapidou a literatura; vis attractiva dos processos de falência, ao qual são atraídos os créditos totais do quebrado. Justiça óbvia.

O mesmo sucede em relação ao que expressa o título. Ignorar é desprezar a vida. Conhecer é submeter o mundo. Dominar, pelas ideias, o desconhecido, é torná-lo real. Disse Hegel que o real é racional e o racional é o real. Pensar e ser levou Descartes ao que muitos consideram extremo. Ainda que sob a crítica, a verdade do axioma cartesiano é indiscutível. Entendemo-la melhor pelo oximoro: não penso, logo não existo.

O conhecimento torna para você reais todas as coisas: as pirâmides, o Capitólio, Marco Antônio e a infeliz egípcia, réplicas de Enéias e Tino, o suposto cavalo de Tróia, a segunda guerra mundial, a catedral de Gandhi, os ciganos andaluzes. Conhecer, nas trincheiras, o inaceitável, foi a base do surrealismo de Breton. Jovens, no "ponto zero", empatados na luta, roídos sob assombrosas e amedrontadoras fossas ou trincheiras, castelos de ratos sedentos.

Sem transposição física, emocionamo-nos com os mais belos sítios do mundo, que reverenciam o passado, colorem o presente ou arrastam alegremente ao futuro.

É a capacidade de pensar, única no homem. Aos irracionais a transposição mental foi negada. Sem ideia da morte, vivem só um instante, para copular, gerar, proteger, matar ou morrer. Um mundo sem hipóteses, sem ficções, sem ideias que preparam o cimento do real.

Ditadores insanos se inclinam a deixar grandes massas num mundo ignorado e irreal. Para que o mundo de sua grosseria material imediata se realize no mais puro instinto primário.

Imaginam tirar grandes frutos de uma ilha de privilégios cercada de misérias e para isso prestigiar a absoluta ignorância. Infelizmente, muitas vezes logram seus intentos, até que uma força indelével, talvez a de um único homem, como o jardineiro de Voltaire, e alguns poucos amigos, construam ou reconstruam o mundo, por meio da única possível ferramenta: o "cogito" que atrai, desvenda e faz o real.

. Por: Amadeu Garrido de Paula, Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.

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