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Representatividade das cooperativas de trabalho

Ano após ano, um ponto obscuro ainda permeia o meio cooperativista, principalmente no ramo trabalho: a sua representatividade. É fato que com o advento da Constituição de 1988 tornou-se facultativa a associação das sociedades cooperativas a qualquer que seja o organismo representativo como é o caso da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e de suas federações e confederações. Não se pode deixar de mencionar, portanto, que a ação associativa gera benefícios diversos tanto a quem se associa quanto ao setor como um todo. Ainda assim, a lei é clara e permite que o livre arbítrio conduza cada braço do sistema.

A história do cooperativismo nacional nos mostra que o ramo trabalho sempre foi o ponto fraco da OCB, que sempre o tratou com ressalvas.

Com graus diferentes nos Estados, a real situação é que, motivado pelo próprio desencontro de idéias e ideais do segmento, o cooperativismo de trabalho não tem sido bem visto há bastante tempo dentro e fora do sistema. Em que pese as incansáveis ações, muito mais pessoais do que corporativas de um ou outro agente do cooperativismo, o eco destas iniciativas não se fez ouvir por muito tempo, tampouco se viu resultados concretos.

Mais importante que achar um culpado por essa situação, porém, é reparar que estamos diante de um momento emblemático para o cooperativismo de trabalho e, principalmente, para a entidade.

Ao avaliar criteriosamente as grandes rupturas políticas da história do mundo moderno, observa-se que tais movimentos, que no seu início patrocinaram as fragmentações do poder, caminharam em um segundo momento para uma coalizão mais forte e ainda mais estruturada. Isso porque é necessário que os “menores” façam mais barulho para que sejam escutados e, ato contínuo, chamados a participar em conjunto desse novo poder estabelecido. Exemplo claro são os movimentos de nossos partidos políticos e as suas estratégias de pressão. Exemplo a ser seguido pelo ramo trabalho e a OCB.

Ao menos nos últimos dez anos, as cooperativas de trabalho fizeram todo barulho possível e imaginário dentro da organização, talvez como nunca tenha sido registrado por qualquer outro ramo, pleiteando para que suas reivindicações fossem ouvidas. Os embates com o Ministério Público do Trabalho e mais todo o parquet trabalhista instituído foram apoiados de forma contundente. E de maneira pontual.

Hoje, as cooperativas de trabalho representam em número de sociedades o maior setor dentro do sistema. Talvez não sob o ponto de vista financeiro, pois o agribusiness ainda reina absoluto. Entretanto, se o ramo for enxergado como a terceira via para a questão da geração de renda e como bastião da nova ordem mundial no confronto capital-trabalho, pode-se afirmar que as cooperativas desse ramo deveriam ter um sistema próprio de representação, tal a sua importância.

O desafio é como estabelecer uma representatividade nova em confronto com a OCB, deixando claro que o ramo tem seus interesses particulares, trabalhando em nome de milhões de cooperados, de maneira que o movimento possa transparecer a realidade necessária e não servir para criar um obscuro manto de interesses privados, usado como moeda corrente – e farta – dentro do mercado.

Com os ideais e princípios cooperativistas preservados e com a luta pela nova representatividade guiada com boa-fé, bem fundamentada e estruturada, o ramo trabalho pode ajudar ainda mais no desenvolvimento nacional e mostrar que, ao invés de “calcanhar de Aquiles”, pode ser a grande vitrine de todo o sistema. À OCB, o desejo para que entenda tal pleito e, já que se demonstrou durante esses anos não muito favorável ao desenvolvimento do ramo, deixe que se faça valer a Constituição cidadã e respeite o direito de seus pares.

Que venha uma representatividade exclusiva para o setor das cooperativas de trabalho e que tal iniciativa seja bem conduzida para gerar os bons frutos que devem ser gerados, criando o advento do setor de forma plena e saudável. Nada impedirá que amanhã as conquistas de ambas não possam ser somadas em uma futura representação mais arejada, mais moderna e mais participativa.

. Por: Daniel Augusto Maddalena é consultor especialista em cooperativismo

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