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26/09/2019 - 09:14

Uma menina, um fuzil, muitas dores...

A morte da menina Agatha de apenas 8 anos vitimada por um tiro de fuzil em uma das comunidades da cidade do Rio de Janeiro, expõe para o mundo uma triste realidade, de violência e dor.

Enquanto discutimos de onde saiu o tiro de fuzil que matou a pobre menina, matando com ela os sonhos e esperanças de uma família, esquecemos-nos de discutir outro fato tão importante quanto: Por que um fuzil, considerado uma das mais poderosas armas de guerra do planeta estava sendo utilizado em uma área urbana? seja não mão de criminosos ou de policiais?

Alguns certamente dirão que o fuzil estava ali, pois estamos em estado de “guerra”, argumentarão que os traficantes estão mais bem armados que a polícia, entre tantas outras alegações. No entanto, será mesmo que tudo se resume a isso? Devemos então nos conformar com tal situação e esperar que um dos lados desta guerra vença? Preferencialmente o lado do estado organizado é lógico...

Agora falando em estado como ente cuidador e garantidor da segurança pública, o que o mesmo tem feito de efetivo para prover a paz nos principais centros do Brasil?

No que cabe ao Governo Federal, nas últimas décadas, infelizmente, o saldo é negativo, tornando-o grande vilão da Segurança Pública em todo o Brasil, pois se mostrou incapaz de impedir que drogas, armas e munições atravessem as nossas fronteiras, nossas estradas, portos e aeroportos e cheguem às comunidades dominadas pelo tráfico de drogas, possibilitando a morte da pequena menina Agatha.

Quanto aos governos estaduais, a falta de investimentos em tecnologia de inteligência e investigação, juntamente com a falta de combate as Organizações criminosas compostas em sua maioria por políticos e policiais corruptos, faz com que o tráfico de drogas domine cada vez mais territórios, deixando reféns milhares de brasileiros que hoje vivem longe do estado legalmente constituído.

Diante da omissão dos Governos Estaduais e Federal, os nossos governantes ainda veem como saída à intensificação da política de enfrentamento armado nas comunidades, contrariando os dados históricos que comprovam que essa política de enfrentamento praticada há décadas em alguns estados, nunca reduziu os índices de criminalidade e violência.

E, infelizmente, enquanto a Segurança Pública não for tratada como ciência e sem servir de palanque para alavancar eleições continuará vivendo esta triste realidade de crianças mortas por balas “perdidas” na confusão, omissão e no descaso das autoridades. Essa triste realidade de milhares de fuzis em uma guerra que, de fato, só existe, pois beneficia alguns em detrimento de milhões, e da dor sofrida por toda a sociedade que agoniza a cada nova ferida que surge sem sequer curar a anterior.

. Por: José Ricardo Bandeira, especialista em segurança pública e presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina.

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