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06/05/2008 - 12:48

Como economizar R$ 20 bilhões com instalações mais eficientes

Vazamentos de gás e curtos-circuitos estão entre as principais causas da maioria dos incêndios. No entanto, persiste no Brasil uma situação inusitada. Quem se importa se os pacientes de um hospital ficam sem atendimento ou se algum imóvel aqui ou acolá pega fogo, explode ou tem acidente vitimando seus moradores? Quem se importa se as instalações são ineficientes, gerando um consumo de energia descabido e, em conseqüência, contas de luz com valores estratosféricos? Diante da qualidade freqüentemente insatisfatória das instalações elétricas, hidráulicas e de gás, fica evidente a complacência do poder público com esse seriíssimo problema. É como se esses itens não fossem essenciais à segurança e eficiência das edificações.

Sem falar que a falta de preocupação com o uso racional de energia e água faz com que o País mantenha triste tradição em matéria de desperdício. Dados do Programa Nacional de Conservação de Energia (Procel) mostram que a racionalização no consumo de energia elétrica, com foco também na qualidade das instalações, permitiria alcançar economia de R$ 20 bilhões anualmente. Este dinheiro, vale destacar, seria suficiente para construir, a cada ano, duas hidrelétricas de 3,15 mil MW de potência.

É verdade que a propalada cidadania brasileira de Deus nos deu chuva o bastante, neste início de ano, para repor o nível das barragens e afastar o risco de apagão em curto prazo. Mas não podemos continuar submetidos às oscilações climáticas para a viabilização do crescimento econômico. Além disso, é irresponsável ignorar a falta de segurança em grande número de edificações.

As instalações representam, em média, 20% do custo da construção civil. Este segmento prestador de serviços terceirizados especializados movimenta algo em torno de 15% do PIB. É muito dinheiro! Ou seja, não se justifica uma das mais distorcidas relações no mercado b2b brasileiro. É corriqueira a contratação de empresas sem qualquer qualificação técnica, com profissionais despreparados e até mergulhadas na informalidade, para fazerem a instalação dos sistemas elétricos, de gás e refrigeração de prédios, inclusive os de alto padrão. E mais: nesse ambiente descontrolado e de alto risco, muitos desses serviços são contratados por preços aviltados, acarretando a precarização da terceirização.

É preciso que o poder público, num exercício legítimo de sua autoridade, passe a fiscalizar, punir e exigir o cumprimento dos requisitos técnicos. Também a iniciativa privada precisa tomar consciência da gravidade dessa questão. O setor, por sinal, já percebeu que as coisas não podem mais continuar como estão. Tanto é que foi criada a Abrinstal – Associação Brasileira pela Conformidade e Eficiência de Instalações. Seu principal projeto é o Qualinstal – Programa de Qualificação de Empresas Instaladoras. Há ainda os que defendem a instituição de certificação compulsória das instalações dos sistemas de gás, água e eletricidade antes de serem entregues ao uso, tipo um “Habite-se”. Na visão do setor, ao fazer a ligação de energia, água ou gás, a concessionária desse serviço público deveria verificar se as instalações estão compatíveis com os quesitos de segurança e economia ou exigir, no ato, a apresentação de certificado que comprove vistoria de adequação às normas técnicas.

Muitas construtoras e incorporadoras, verdade seja dita, não se interessam por isto. Preferem ter custo inicial menor (e lucros maiores!) do que garantir instalações bem executadas, dentro das normas recomendadas e feitas por empresas e profissionais qualificados. Aliás, o problema não se restringe às edificações novas. Existe também o desafio de atualização tecnológica das instalações construídas no passado, muitas em estado lastimável de manutenção e totalmente inadequadas diante do número de equipamentos domésticos da vida moderna.

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) foi incumbido pelo Governo Federal de definir parâmetros de economia de energia. Temos que unir esforços para atingir esta meta. O momento é muito oportuno para o Brasil enfrentar e solucionar essa questão crucial para a segurança das edificações e o uso racional de eletricidade.

. Por: Vivien Mello Suruagy, engenheira, presidente do Sindinstalação (Sindicato da Indústria de Instalação do Estado de São Paulo) e diretora do Departamento de Infra-Estrutura da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

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