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06/05/2008 - 18:50

Petrobras planeja crescimento dos biocombustíveis nos EUA, revela o presidente da Petrobras América

Em entrevista, o presidente da Petrobras América, Alberto Guimarães, destaca o crescimento da Companhia nos Estados Unidos, seus principais projetos e oportunidades. Segundo o executivo, a Petrobras America atualmente está em um estágio intermediário, com investimentos em Exploração e Produção e Downstream, mas com boas perspectivas de crescimento também em áreas como os biocombustíveis.

. Quais são as perspectivas da Petrobras America para 2008, em termos de investimento, em termos de produção, quais são os principais projetos para este ano?

Alberto Guimarães: A Petrobras America é uma empresa cujo portfólio está em construção. Nós verificamos um crescimento bastante acelerado nos últimos anos. Há poucos anos atrás, a empresa era um escritório de representações, pequenas participações e, de seis anos para cá, houve a grande mudança. Começamos a construir um portfólio exploratório. E, um ano e meio atrás, adquirimos 50% da Refinaria de Pasadena. Então, quando você compara a Petrobras America, o que ela é hoje, em relação ao que ela era e também quando você faz uma análise do que ela é hoje em relação ao que ela pretende e pode ser no futuro, a primeira óbvia conclusão é de que você está num estágio intermediário, numa fase de grandes investimentos, tal como uma indústria de petróleo exige. Nós estamos investindo em torno de 800 milhões de dólares por ano, Isso inclui investimentos em E&P, principalmente, e a nossa participação na refinaria.

. No início de 2007, começou a produção no campo de Cottonwood, o primeiro campo da Petrobras em águas profundas fora do Brasil. Como está a produção neste campo atualmente?

Alberto Guimarães: Cottonwood é um campo que tem características muito especiais. Ele tem múltiplos reservatórios produtivos. Pela legislação americana, você precisa esgotar uma certa camada antes passar para um outro nível de produção. Não se pode abandonar uma determinado nível e passar para outro se você não esgotá-lo complemente. Então, isso faz com que a produção de Cottonwoods comece alta e vá se esgotando ou reduzindo com o tempo e, quando você passa para o outro nível, ele sobe novamente, o ciclo se repete. Ele começou com uma produção em torno de 18 mil barris de óleo equivalente por dia, porque ele produz principalmente gás e algum condensado. Hoje ele nos dá em torno de 3 mil barris por dia, mas isso não significa que o campo esteja em declínio. A produção vai tendo uma queda e depois sobe novamente.

. A Petrobras tem outros projetos no Golfo do México como Cascade e Chinook. Qual é a perspectiva para o início da produção nesses campos e qual a expectativa da Petrobras America em relação a esses dois campos?

Alberto Guimarães: Cascade e Chinook é o principal projeto aqui da Petrobras America. Nós concluímos, no segundo semestre do ano passado, as licitações dos grandes equipamentos que envolvem esses projetos e eles estão em fase de fabricação. O início da produção está mantido para meados de 2010. Estamos colocando essa meta já com algum conforto de prazo. O primeiro óleo deve ocorrer em meados de 2010.

. Embora a exploração e produção seja o principal foco da Petrobras America, a companhia adquiriu 50% da Refinaria de Pasadena, iniciando uma atuação do setor de downstream. Como está a atuação da Petrobras America nesta refinaria?

Alberto Guimarães: Nos primeiros meses deste ano, tivemos parada programada para manutenção de algumas unidades de processo. Foram inspecionados vários equipamentos e sistemas, alguns foram substituídos e outros, adaptados. Então, no primeiro trimestre deste ano, ela teve uma operação reduzida, porque tinha que passar por essa parada programada. A refinaria retomou a produção agora com ótima performance e de forma bastante confiável. Estamos em discussão com o nosso sócio sobre o tipo de projeto que a gente quer ter com a refinaria. A Petrobras vê como mais interessante fazer um projeto mais agressivo, que modifica não apenas o perfil produtivo da refinaria, mas que gera também uma expansão da produção. Nessa discussão, há muitas variáveis, vários fatores. Espero que ocorra um acordo proximamente para que a gente tenha uma noção clara de qual vai ser o destino e a trajetória dessa refinaria em termos de capacidade produtiva e em termos de tipo de carga que ela vai poder processar.

. Então, atualmente ela vem operando como já operava antes da aquisição dos 50% pela Petrobras?

Alberto Guimarães: É muito parecido. Essas mudanças que estão ocorrendo na refinaria neste momento não são visíveis. São basicamente mudanças relacionadas ao estilo de gestão e à parte de segurança e meio ambiente. Atualmente estamos desenvolvendo os investimentos de forma a torná-la mais confiável.

. Quais são os principais produtos da refinaria?

Alberto Guimarães: Gasolina, diesel, coque, enxofre e óleo combustível. Mas os dois principais são gasolina e diesel.

. Existe alguma perspectiva de trabalhar com biocombustíveis para o mercado norte-americano?

Alberto Guimarães: Existe sim. Quando eu disse que estamos hoje no estágio intermediário, eu tenho uma visão otimista em relação à presença da Petrobras no mercado americano. Vejo que a Petrobras, como empresa integrada de energia, tem uma imensa sinergia com o mercado americano. Por diversas razões: primeiro porque o mercado dos Estados Unidos é um mercado importador de praticamente tudo: de gasolina, de diesel, de petróleo, gás natural. O mercado americano precisa de alternativas de energia, ou seja, precisa de mais segurança (no fornecimento). Eu não vejo outra alternativa para este mercado que não a busca de outras soluções, de mais soluções, ou seja, vai continuar dependendo do petróleo e gás, mas deve buscar as alternativas que gerem um conforto, de segurança de abastecimento energético. Pelo perfil da Petrobras, se olharmos as necessidades que existem no mercado americano, eu acho que o Companhia está diante de um potencial excepcional.

. E o que essa situação representa para a Petrobras?

Alberto Guimarães: É uma oportunidade única, histórica. O Brasil é um país exportador de petróleo, exportador de gasolina, com excedentes em álcool, que domina a tecnologia do biocombustível, no sentido de produzirmos de maneira mais eficiente do que a maioria, senão a totalidade, dos outros países. Em todos esses seguimentos, a Petrobras, se não é líder, é um ator relevante. Além disso, a Petrobras domina tecnologias de produção de petróleo em águas profundas. Então, quando você soma todos esses elementos, que são absolutamente sinérgicos, eles se encaixam como se fosse uma luva nas necessidades do mercado americano. A posição hoje da Petrobras América, na chamada capital mundial de energia, a posição da nossa refinaria, em Pasadena, próxima dos principais terminais de entrada dos produtos no mercado Americano. Todos esses fatores logísticos que temos, acoplados a essa posição limpa que a Petrobras tem, geram uma oportunidade de negócio, um modelo de negócio que está sendo desenvolvido. É nisso que nós vamos trabalhar. A Petrobras é muito conhecida, confiável, como vendedora de gasolina aqui nos Estados Unidos. Hoje nós temos um nível de trading, aqui nos Estados Unidos, acima de 400.000 barris por dia de comercialização, grande parte desse volume de gasolina, não necessariamente de gasolina brasileira Então, se você tem massa crítica, tem imagem forte, confiabilidade como supridor e tem nas mãos os dois principais produtos que esses clientes precisam, que é a combinação de gasolina e álcool.

. O senhor falou da expertise da Petrobras em exploração e produção em águas profundas. E, na OTC 2008, o foco da participação da Petrobras está nas tecnologias aplicadas no campo de Roncador, na Bacia de Campos. Alguma dessas tecnologias já está sendo utilizada ou vai ser utilizada pela Petrobras America no Golfo do México?

Alberto Guimarães: Tudo o que nós aplicamos aqui no Golfo do México é tecnologia do estilo da Petrobras. O DNA da Petrobras está presente aqui no Golfo do México. Nós criamos varias soluções operacionais mas como princípio não temos desenvolvimento próprio de tecnologia aqui, nós trazemos a tecnologia brasileira, o conhecimento da Petrobras. A contribuição das atividades de exploração e produção da Petrobras America levamos para o Brasil são as características diferenciadas dos poços e dos campos aqui nos Estados Unidos. Mas a tecnologia que nós utilizamos para enfrentar os desafios encontrados aqui é a que desenvolvemos no Brasil e aplicamos no Golfo do México com os devidos ajustes em face das diferentes condições aqui experimentadas. O que ocorre de especial, o que dá diferença é que nós usamos a aplicação dessa tecnologia da Petrobras de volta para o Brasil em condições diferenciadas. O que faz com o que o nosso conjunto de conhecimento da companhia aumente muito mais.

. O senhor falou que, alguns anos atrás, a Petrobras America tinha, basicamente, um escritório de representação e hoje tem atuação em diversos setores da indústria do petróleo, principalmente na área de E&P. E a OTC é um evento essencialmente de E&P. O que representa esse evento para a Petrobras America?

Alberto Guimarães: A OTC é um fórum que reúne a massa do conhecimento técnico e do conhecimento gerencial de operações marítimas, onde o estado da arte tecnológica é predominante nas águas profundas. Ele é reconhecidamente o evento de maior prestígio da indústria do petróleo nessa área. É uma excelente oportunidade para se trocar informação, para adquirir novos conhecimentos das novidades dessa área, de todos os níveis: nível técnico, nível político, nível gerencial. É um evento de muito prestígio. Obviamente, os anúncios recentes do que foi descoberto no Brasil transformou o Brasil em objeto de curiosidade positiva. O Brasil passou a ser a grande província de agregação de novas produções em nível mundial. E, obviamente, o carro-chefe dessa novidade é o Petrobras, porque essa descoberta só surgiu graças ao conhecimento da Petrobras. Isso, evidentemente, dá uma ponta de vaidade na Companhia. Mas acho que o mais importante é a oportunidade que o evento permite, a troca de conhecimentos. É importante para que a tecnologia avance, não pelo conhecimento de um só, mas pela contribuição de todos. E mesmo a Petrobras, que é uma líder nessa área, tem muito o que aprender com outras empresas, outras inteligências, outras cabeças que quase sempre se reúnem num evento como esse.

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