“Profissionalização e 2020 como uma das últimas janelas de oportunidades

Para quem pretende investir em esports no Brasil”, são temas centrais para André Feher do CSMV, o advogado que está por trás de grandes realizações do setor.

Equipe do CSMV Advogados auxiliou na constituição da associação que reúne os principais clubes de esports do país, alinhavou parcerias que abriram as portas para Corinthians e Flamengo no mercado. Hoje, Feher representa os principais jogadores, empresas, equipes e influenciadores do Brasil, e prevê a entrada de grandes investidores no país em 2020.

Há indícios, por conta de sinalizações do mercado, de que 2020 será o ano no qual investidores adentrarão o cenário de negócios de esports no Brasil, segundo o advogado especialista no tema André Feher*, 29, do escritório CSMV Advogados**. “Chama a atenção de grandes grupos, inclusive multinacionais, os valores que o mercado de esports gira no país e no mundo; só no Brasil, que é o terceiro maior mercado do mundo e possui uma audiência de 7.6 milhões de entusiastas, envolve US$ 1,5 milhões de venda de jogos - cerca de 6,5 milhões de por ano, número que vem crescendo em progressão geométrica”, avalia Feher que é Mestre em Direito Desportivo Internacional pelo Instituto Superior de Derecho y Economia de Madrid, e tem em sua carteira de clientes atletas, equipes, streamers, influenciadores digitais e empresas ligadas aos esports.

“Esse interesse pode motivar, além de movimentos de M&A, fusões e aquisições entre empresas e equipes, naming rights de arenas e gaming houses, novas ligas, entre outros, ao atrair empresas interessadas em ligar suas marcas à indústria de esports, injeção de dinheiro para a organização de eventos, patrocínio de clubes e de atletas etc., uma ótima notícia para a indústria, mas que pode dificultar, posteriormente, a entrada de pequenos e médios investidores.”

Do futebol para os esports — À época em que os esports entrou na carreira de André Feher, em 2015, para atender uma demanda do treinador de league of legends da equipe KaBuM! eSports, o advogado estava habituado a trabalhar só com casos ligados ao futebol sob a liderança de André Sica, sócio fundador do CSMV Advogados que está entre os principais nomes do Direito Desportivo da atualidade e, sua experiência com jogos, se limitava a partidas de FIFA, em horas de lazer.

Mas sua vivência com o esporte tradicional provou-se valiosa, já que a maioria de contratos entre clubes e atletas de esports é regida pela Lei Pelé, legislação federal aplicável aos esportes em geral. Também, foi o caso prático, por exemplo, quando ajudou a formatar juridicamente a ABCDE - Associação Brasileira de Clubes de eSports -, associação que reuniu os principais clubes de esports do país, em 2016. Foi um marco neste mercado, já que conferiu aos clubes maior poder na mesa de negociações coletivas frente a desenvolvedoras como a Riot Games, empresa americana proprietária do jogo “League of Legends”, com sede no Brasil.

“A ideia era fazer algo semelhante ao Clube dos 13 que existiu no futebol, mas com um viés mais saudável e estruturado. No início, assim como no futebol, dirigentes brigavam entre si e deixavam a reunião no meio porque cada um queria uma cota maior ou conduzir as oportunidades com os seus próprios interesses”, lembra André Feher. “Mas, com paciência e o entendimento de que havia a necessidade comum de profissionalizar o mercado, aos poucos, mostramos aos clubes que as negociações em bloco os fortalecem quando tratam com as desenvolvedoras e, ao contrário do Clube dos 13 do futebol que implodiu, a associação se direciona para um caminho mais duradouro.”

Under 30 — Ao longo de sua jornada, André Feher montou, antes mesmo de completar 30 anos, uma eclética carteira de clientes que inclui streamers, influenciadores e atletas, como Nobru (Free Fire), Cerolzera (Free Fire), Coldzera (Counter Strike: Global Ofensive) e Fênix (Counter Strike: Global Ofensive). Além disso, trabalhou em mais de 50 transferências de atletas desde 2017, como a do jogador de League of Legends Gabriel “Revolta”, do Vivo Keyd para Red Canids, do atleta de Counter Strike: Global Ofensive Vito Giuseppe “kNg”, da INTZ para MIBR, e Gabriel “Tockers”, do Red Canids para Vivo Keyd, além de assessorar parcerias de grande relevância no mercado de esports, entre equipes de esports e clubes de futebol, como as celebradas entre a Red Canids e Corinthians, e recentemente, a parceria internacional entre a Simplicity/Outfield Consulting e o Flamengo eSports.

Um de seus primeiros clientes no mercado foi o INTZ, um dos principais clubes brasileiros de esports do país a se estruturar profissionalmente, maior campeão brasileiro de League of Legends e que credita boa parte de seu sucesso ao trabalho de André Feher.

“A assessoria jurídica do Feher, como integrante da equipe de direito desportivo do CSMV Advogados, foi muito importante para o crescimento da INTZ”, reconhece Lucas Almeida, CEO da equipe. “Fomos um dos primeiros clientes do mercado de esports a trabalhar com ele (Feher); não foi só importante na construção da estruturação jurídica do clube com a elaboração de contratos, auxílio em transferências, negociações com empresas, etc., como também na profissionalização da INTZ como um todo, mediante um viés empresarial e de expertise em outros mercados”, valida o fundador de um dos principais clubes de esports do Brasil.

Regulamentação — A união de todos os stakeholders do mercado e a experiência de André Feher com dirigentes, mostrou-se crucial em 2019, quando deputados ensaiaram se apropriar do mercado por meio de uma regulamentação ilegítima para os esports - projeto de lei estadual 1512/2015, sem ao menos consultar os atletas, clubes, publishers e demais players do setor. “Em um esforço conjunto, lideramos um movimento para vetar a aprovação desse projeto e agora trabalhamos para que a comunidade dos esports seja ouvida para a redação de eventual documento”, explica André Fehér.

Democratização — Em uma modalidade frequentemente taxada como elitista, André Feher recebeu a oportunidade de assessorar, ao lado da INTZ, uma iniciativa voltada à população carente financeiramente, o AfroGames. Trata-se do primeiro centro de treinamento em games e esports a funcionar dentro de uma comunidade, a de Vigário Geral, com o objetivo de formar jogadores e profissionais da indústria, com apoio de empresas privadas e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio. A democratização dos esports é de extrema importância para o desenvolvimento dessa modalidade no Brasil, e vem, por meio de outros equipamentos tecnológicos mais acessíveis, como o celular, se popularizando em larga escala.

André Feher é associado especializado em Esportes, Entretenimento e Esports do CSMV Advogados. Advogado pela PUC SP, é Mestre (LL.M.) em Direito Desportivo Internacional pelo Instituto Superior de Derecho y Economia — Madrid, é Pós Graduado em Contratos Típicos e Atípicos pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.