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15/05/2020 - 07:42

Petrobras registra prejuízo de R$ 48,5 bilhões no 1T20


No mesmo período em 2019 a companhia teve lucro líquido de R$4 bilhões.

A Petrobras divulgou os resultados no primeiro trimestre de 2020, no dia 14 de maio (quinta-feira), onde mostra um prejuízo de R$ 48,bilhões. A receita líquida reduziu 7,7% no primeiro trimestre de 2020, em comparação ao ao quarto trimestre de 2019, devido à queda do Brent e ao menor volume de venda de derivados no mercado interno, com destaque para diesel, gasolina e QAV. Estes produtos foram os mais afetados pelos impactos das medidas de isolamento social implementadas devido à Covid-19 a partir do mês de março, informou a companhia.

De acordo com a petrobras, o diesel, a gasolina e o GLP também sofrem efeitos sazonais no período, já que o quarto trimestre apresenta maior atividade industrial e temperaturas menores. As receitas com gas natural caíram 13% devido à queda na demanda e no preço. Por outro lado, houve um aumento significativo no volume exportado, principalmente de petróleo, com recordes registrados em janeiro e fevereiro, meses em que a queda do Brent ainda não era tão acentuada quando comparada a março, resultando em um aumento de 10,5% nas receitas com exportação. Apesar da menor produção no trimestre, realizamos exportações que ficaram em andamento no quarto trimestre de 2019. — Vale ressaltar que, mesmo com a crise e redução da demanda global por óleo e derivados, conseguimos manter a valorização dos nossos produtos no mercado internacional, devido ao seu baixo teor de enxofre, atendendo aos padrões do IMO 2020. Em termos de quebra de receita por produto no mercado doméstico, o diesel e gasolina continuam a ser os mais relevantes, apesar da redução nos volumes e preços— continua.

O Ebitda ajustado atingiu R$ 37,5 bilhões no primeiro trimestre de 2020, um aumento de 2,7% em relação ao quarto trimestre de 2019, apesar da redução do Brent. — Isto foi possível, principalmente, devido ao aumento das exportações, principalmente de petróleo, com níveis recordes em janeiro e fevereiro, quando a queda no Brent ainda era moderada em relação ao mês de março— destaca a Petrobras.

— Conseguimos aproveitar a valorização dos nossos petróleo e óleo combustível no mercado externo, graças ao IMO 2020, capturando ótimas margens no óleo combustível. A desvalorização do real frente ao dólar no período também contribuiu para este resultado. A execução desta estratégia de forma acertada se mostrou essencial para que mantivéssemos uma boa performance no trimestre, mesmo com os desafios enfrentados a partir do mês de março. No mercado interno, capturamos maiores margens de derivados, principalmente GLP e gasolina, os quais compensaram a queda no volume de vendas de derivados no Brasil. Houve ainda queda no lifting cost, nos gastos exploratórios e nas despesas tributárias e ganhos com operações de hedge— diz a empresa.

— O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, comenta os resultados: — Expressamos nossa solidariedade às vítimas da pandemia global, ao mesmo tempo em que agradecemos profundamente aos profissionais de saúde que têm se destacado como autênticos heróis na guerra contra a doença Covid-19.

A pandemia global ameaça nossas vidas e nossa subsistência. A principal medida de saúde pública acabou tendo como consequência uma recessão global, sincronizada e profunda, na ausência do conhecimento de opções mais eficazes. A indústria global de petróleo e gás foi duramente atingida e se vê diante de sua pior crise dos últimos 100 anos.

Procuramos responder rapidamente aos desafios, priorizando inicialmente a preservação da saúde de nossos empregados e da saúde financeira da Petrobras.

Entre outras medidas, adotamos o trabalho em home office e redução das equipes nas operações — hoje temos nos escritórios apenas 10% do efetivo e 50% nas operações — combinados com rigorosa higienização das instalações, o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), a seleção, testagem e a quarentena de casos suspeitos. Graças à revolução digital e ao empenho de seus empregados a Petrobras segue operando normalmente e atuando com a agilidade que a crise exige.

Exercendo a boa cidadania corporativa nos juntamos aos esforços para mitigar os efeitos da Covid-19 sobre a população brasileira através da doação de R$ 30 milhões, compreendendo kits de testes RT-PCR, EPIs, materiais médicos e de higiene e 3 milhões de litros de combustível para o abastecimento de veículos de hospitais públicos e filantrópicos. Adicionalmente, compartilhamos conhecimento de nossos cientistas e parte da capacidade de nossos supercomputadores para pesquisas relacionadas à Covid-19.

Como é tradição, nossos empregados têm se engajado em iniciativas de voluntariado buscando minimizar o impacto da pandemia sobre as comunidades mais pobres.

Privilegiamos a liquidez, sacando linhas de crédito compromissadas (revolving credit facilities) e postergando desembolsos de caixa, como os relativos a salários de executivos, pagamentos de remuneração variável e da parcela restante de dividendos. Cortamos US$ 3,5 bilhões de investimentos previstos para este ano, hibernamos 62 plataformas operando em águas rasas que, diante de um cenário de preços baixos de petróleo, passaram a produzir sangria de caixa, e estamos renegociando contratos com grandes fornecedores visando à ampliação de prazos de pagamentos e redução de preços.

Terminamos o primeiro trimestre de 2020 com saldo de caixa de US$ 15,5 bilhões, o que implicou em aumento de dívida de apenas US$ 2,1 bilhões em relação a dezembro de 2019, pois nos dois primeiros meses do ano estávamos continuando a diminuir o endividamento da companhia. O crescimento da dívida no curto prazo não significa o abandono do objetivo estratégico de perseguir um endividamento bruto de US$ 60 bilhões. Estamos implementando diversas ações que entre outras consequências atuarão para restringir o consumo de caixa e eliminar a necessidade de recorrer à contratação líquida de dívida.

No ambiente de incerteza prevalecente, decidimos por manter, durante a crise, saldo de caixa bem mais elevado do que anteriormente, o que no curto prazo possui reflexo negativo sobre o retorno sobre capital empregado, mas que também não significa abandono da meta de maximizá-lo para criar valor ao longo do tempo.

Simultaneamente ao emprego de medidas emergenciais, trabalhamos para assegurar que a Petrobras saia muito mais forte na recuperação desta recessão. Estamos seguros de que a intensificação da execução da estratégia posta em prática desde o início de 2019 juntamente com a aceleração da transformação digital é o melhor caminho a seguir para a geração de valor.

A criação recente de uma diretoria de logística e o reforço das atividades de marketing e vendas se refletiu rapidamente na postura mais agressiva nas exportações de petróleo cru — que em abril alcançaram recorde histórico de 1 milhão de barris diários — e de óleo combustível para bunker oil. Dado o nível reduzido dos custos variáveis de nossas operações de E&P e a estratégia de hedging colocada em prática, as exportações contribuem para a geração de caixa no curto prazo, compensando parcialmente o efeito da profunda contração da demanda doméstica por combustíveis. Esse movimento antecipa a preparação para vencer num ambiente mais competitivo no futuro.

O crescimento das exportações e o corte no fator de utilização das refinarias contribuiu para evitar a formação de estoques excessivos, um dos mais sérios problemas que afetam hoje a indústria do petróleo.

Contrastando com o que ocorreu em 2008-2009 estamos prevendo lenta recuperação da atividade econômica global e consequentemente da demanda por combustíveis. Trata-se de um choque de natureza diferente e mais poderoso. A perda súbita de renda está acelerando a alavancagem financeira das famílias, empresas e governos, e as incertezas associadas à inexistência de uma vacina, que só deverá estar disponível em 2021, e à persistência das tensões político comerciais entre EUA e China, país que exerce papel crítico na cadeia global de suprimentos, dificultam a recuperação vigorosa da economia global.

No caso específico do petróleo, a execução do corte de produção prometido pelos integrantes da OPEC+ é bastante questionável, dado o longo histórico de non-compliance e a tentação causada pela necessidade de geração de caixa de alguns de seus membros.

As mudanças de comportamento gestadas durante a fase de distanciamento social e a continuação de estímulos governamentais à substituição dos combustíveis fosseis são outros fatores que nos levam a ter uma visão mais cautelosa sobre a evolução dos preços do petróleo ao longo dos próximos anos.

Estamos reforçando a disciplina na alocação do capital procedendo à completa revisão do portfólio de projetos de exploração e produção de petróleo e gás para decidir os que serão efetivamente implementados em seu formato atual ou revisados num cenário de preços em lenta recuperação para um patamar estimado em US$ 50/bbl. A competição por capital entre projetos se tornou obrigatoriamente mais acirrada, somente aqueles que forem aprovados nesse “stress test” sobreviverão. Subimos a barra para buscar a maximização do retorno sobre o capital empregado.

A busca incessante por custos baixos é um dos pilares de nossa estratégia e a recessão global nos compele a termos mais urgência em sua execução. Neste ano temos como objetivo a redução de custos administrativos e operacionais em no mínimo US$ 2 bilhões e estamos concentrados em diversas iniciativas para promover redução de caráter permanente da estrutura de custos fixos.

A aprovação recente de programa de demissão voluntária (PDV) mais atrativo teve como resposta imediata a inscrição de cerca de 1.200 empregados no mês de abril, totalizando mais de 3.000 pessoas a deixarem a companhia até o fim deste ano, sem contar adesões adicionais esperadas em maio e junho.

Nosso Conselho de Administração aprovou mudança no modelo de autogestão da AMS – Assistência Médica Suplementar para que através de administração profissional e focada tenhamos uma operação a custos significativamente mais baixos, mais eficiente e capaz de prestar serviços de qualidade bastante superior ao padrão atual. Estimamos que a mudança resulte em economia de R$ 6,2 bilhões durante os próximos dez anos.

Depois de quatro anos e um longo processo de negociação conseguimos obter a aprovação das agências de regulação para o novo plano de equacionamento do déficit do nosso fundo de pensão, Petros. A Petros foi alvo de vários assaltos apurados pela Operação Greenfield, que lhes causaram severos danos.

O programa de desinvestimentos permanece intacto embora possa sofrer algum atraso. Em particular, estamos confiantes de que pelo menos uma parte relevante das transações com refinarias tenha contratos de compra e venda celebrados até o final de 2020.

A recessão global não chegou a impactar significativamente o desempenho da companhia no primeiro trimestre de 2020, devendo fazê-lo nos trimestres seguintes. Por exemplo, o fluxo de caixa livre foi de US$5,9 bilhões, muito superior ao do mesmo trimestre de 2019, de US$3,1 bilhões.

Entretanto, o resultado contábil do primeiro trimestre de 2020 foi consideravelmente afetado pela baixa de ativos no valor de US$ 13,4 bilhões derivada da realização de teste de impairment, implicando em prejuízo contábil não recorrente de US$9,7 bilhões, sem quaisquer efeitos sobre o fluxo de caixa da Petrobras. Consideramos que nosso forte compromisso com a transparência deva prevalecer sempre, e decidimos aplicar o teste o mais rapidamente possível contemplando um novo cenário de preços e taxas de câmbio.

Os ativos que tiveram seus valores corrigidos são majoritariamente campos de petróleo em águas rasas e águas profundas, cuja decisão de investimento foi tomada no passado e baseada em expectativas mais otimistas de preços no longo prazo, não nos surpreendendo sua desvalorização num ambiente mais desafiador.

O prejuízo contábil em nada afeta a saúde e sustentabilidade da Petrobras. Trata-se de situação bastante distinta da vivenciada em 2014-2015 quando a companhia enfrentava duas crises, uma financeira e outra moral, e a baixa de ativos refletia a vulnerabilidade da companhia.

Seguiremos em frente com um balanço mais aderente à realidade dos mercados e foco na geração de valor, perseguindo continuamente a obtenção de retornos sobre o capital empregado superiores ao custo do capital.

Para esse objetivo é fundamental prosseguir na execução da estratégia de longo prazo enriquecida pelas lições que estamos aprendendo com esta crise e que nos ajudarão a operar com mais eficiência e menores custos.

Continuamos a trabalhar com coragem e otimismo, confiantes de que com a contribuição de seus profissionais de elevada competência e ativos de classe mundial a Petrobras se transformará numa empresa cada vez mais forte e geradora de valor —conclui o executivo.

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