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08/07/2020 - 08:26

Vendas de cimento surpreendem no 1S20, diz SNIC

Depois de 2019 registrar crescimento de 3,3% nas vendas de cimento, interrompendo uma série de quatro anos de crise, a indústria começou o ano com expectativa de aumento de 3%. No entanto, as fortes chuvas de janeiro e fevereiro frustraram o consumo, que ficou represado para março, concentrado principalmente na primeira metade do mês. Na segunda quinzena, o setor se deparou com uma queda de demanda causada pelo isolamento social e restrições de circulação. Em abril, primeiro mês cheio em plena pandemia, a indústria observou uma queda, mais amena que o previsto.

A partir de maio veio a surpresa e o crescimento do setor que se estendeu a junho.

Ao final do primeiro semestre de 2020 é possível afirmar que dois fatores puxaram para cima as vendas de cimento no período: a autoconstrução (residencial e comercial) e a retomada das obras dos empreendimentos imobiliários.

Hoje, esses vetores respondem por aproximadamente 80% do consumo no país e alavancaram as vendas do insumo no mercado interno, atingindo 26,9 milhões de toneladas, um crescimento de 3,6% em relação ao primeiro semestre de 2019. Na fotografia de junho os números também foram positivos, com 5,2 milhões de toneladas, um aumento de 24,2% sobre o mesmo mês do ano passado.

Ao se analisar a venda de cimento por dia útil em junho, de 228 mil toneladas, a curva também é crescente, com aumento de 7,7% sobre maio deste ano e de 16,1% em relação ao mesmo mês de 2019.

As reformas seguem em ritmo chinês há mais de dois meses, conforme demonstram indicadores de vendas de lojas de materiais de construção¹.

Esse fenômeno tem causa: o aumento do tempo de permanência das pessoas nos lares reforçou a necessidade de pequenas melhorias nas casas, que deixaram de ser apenas um lar para se transformar num local de trabalho e lazer, e as reformas e manutenções em estabelecimentos comerciais foram executadas, aproveitando a paralisação forçada.

O outro vetor são as obras de empreendimentos imobiliários retomadas pelas construtoras, como corroboram pesquisas do setor². Há registros, inclusive, do aumento de trabalhadores nos canteiros de obras.

— A Covid-19 provocou uma série de mudanças nas nossas vidas, nos nossos hábitos e nas nossas prioridades. Para a indústria do cimento, a crise mostrou que o cuidado com a casa e o uso de reservas pessoais e investimentos para pequenas reformas, tão populares na década de 80, voltaram a fazer parte do orçamento familiar. O cumprimento dos rígidos protocolos de segurança, garantiu a manutenção das atividades da indústria e demonstrou que a coexistência entre a produção e venda de cimento e o combate ao coronavírus é perfeitamente possível, como no caso das obras imobiliárias, que vem retomando o ritmo pré-crise — diz Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.

A preocupante segunda metade de 2020 — Ainda na análise dos impactos da construção imobiliária no setor, está também um provável ponto de inflexão que preocupa, quando se observa uma queda no número de lançamentos em 2020³, mostrando que o segundo semestre, especificamente o último trimestre, deverá impor um cenário negativo às indústria do cimento e da construção civil.

Outro estudo que chama a atenção é a Sondagem da Construção4 realizada pela FGV, que apesar de apontar em junho o segundo mês consecutivo de melhora, também mostra que a recuperação foi de 43% das perdas do setor em março e abril e que há uma notável queda de lançamentos de empreendimentos.

E estas incertezas se somam à um outro problema, a inflação de custos.

— Durante todo o período de crise, de 2015 a 2018, no ano passado e no primeiro semestre deste ano, a indústria vem sofrendo forte pressão de custos de produção no frete, sacaria, combustíveis (coque de petróleo) e energia elétrica, principalmente. Esse movimento de alta, compromete as margens da indústria, gerando um enorme desafio ao setor — afirma Paulo Camillo Penna.

Para o executivo, ainda existem muitos entraves a serem superados, e medidas como a incorporação dos custos de ITBI e documentação no financiamento imobiliário, anunciadas recentemente pela Caixa Econômica Federal, se somam a um conjunto de ações que contribuem para a sustentabilidade do setor, tais como novas modalidades de financiamento e redução de taxa de juros, entre outras.

— A indústria do cimento é responsável por mais de 70 mil empregos, gera uma renda de R$ 26,4 bilhões ao ano e uma arrecadação líquida anual de R$3 bilhões em tributos. Somos muito sensíveis ao cenário macroeconômico e aos estímulos governamentais. Por isso, a indústria do cimento, aguarda com ansiedade, o lançamento do novo projeto habitacional do governo, “Casa Verde Amarela” que deverá alavancar com mais força o mercado imobiliário e de reformas, e reiniciando obras de 100 mil unidades habitacionais paralisadas nos próximos dois anos — completa Camillo Penna.

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