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14/07/2020 - 09:02

Da parição à lactação

Desafios energéticos e alimentares após o parto e como o manejo correto pode ajudar no resultado da produtividade.

O período logo após o parto é o mais desafiador para a vaca, uma vez que a demanda de energia é aumentada em torno de 2x em relação ao período pré parto, pelo fato da glândula mamária estar em processo de síntese de lactose, afinal é da natureza a Mãe priorizar a cria. Adicionado a isso, neste período pós parto o consumo de alimentos é reduzido por uma série de processos hormonais e metabólicos, fazendo com que as vacas entrem em um quadro conhecido como: balanço energético negativo. — Isso traz mudanças fisiológicas como, por exemplo, mobilização de reservas corporais para atender o déficit entre o consumo e a demanda por nutrientes. E, conforme a intensidade deste balanço energético negativo, as vacas ficam mais propensas a apresentarem desordens metabólicas como, a cetose e outras doenças infecciosas inter relacionadas, o que causam desafios para alcançar o pico de lactação — explica, Neto Carvalho, consultor éécnico de Leite da Cargill Nutrição Animal.

A produção de glicose é dependente da disponibilidade de precursores que estarão na composição da dieta e, do consumo que os animais farão. E por isso, não se deve simplesmente fornecer mais ração pra essas vacas, pensando somente em sua necessidade de energia, mas principalmente, é importante dar condições adequadas de manejo e instalações, para que o conforto favoreça o consumo de alimento, e como consequência amenizar o stress que os animais estão sendo submetidos permitindo maior aporte de energia para a produção de leite com mais saúde.

Com o status energético favorável, e nutrição e manejos adequados a tendência é de que a imunidade seja privilegiada também, evitando ou amenizando as principais doenças que acometem as vacas nas duas primeiras semanas após o parto. —A maioria das doenças metabólicas das vacas leiteiras como, hipocalcemia, cetose, retenção de placenta, deslocamento de abomaso, etc. ocorrem nestas duas semanas após o parto e também as doenças infecciosas como mastite e metrite também ocorrem neste período — conta Neto. Estudos sobre doenças metabólicas em vacas pós parto, apontam que acabam sendo a porta de entrada para as doenças infecciosas. — Há associação entre elas e, em determinadas situações, fica difícil saber o que é a causa ou consequência, assim como saber o que nasceu primeiro: o ovo ou a galinha? Por isso, a gestão da vaca em período de transição (pré e pós parto) deve ser visto de uma forma holística, pois a função imunológica interage de várias maneiras complexas com a nutrição, manejo e ambiente da vaca — afirma Neto.

Como mencionado, nutrição adequada faz parte dos itens de relevância e por isso, o pecuarista de leite deve lançar mão de uma estratégia nutricional que maximize o consumo de alimentos que tenham o efeito de reposição de energia e proteína para melhorar a dinâmica do metabolismo energético e os aspectos da saúde e produtividade das vacas. — Dessa forma, deve-se priorizar o fornecimento de uma forragem de alta qualidade, seja silagem de milho ou qualquer outro tipo de forragem que venha compor a dieta, na ordem de 45 a 60% da dieta total, e também ofertar uma fonte rica de proteína que tenha um bom perfil de aminoácidos — conta Neto. E ele ainda complementa lembrando que é imprescindível o gerenciamento de fatores não nutricionais como, já mencionado, afinal eles são essenciais para a saúde e otimização da vaca em transição, são alguns deles: lotação, separar vacas multíparas de primíparas no pré e pós-parto, e mitigar o estresse térmico, entre outros.

A nutrição é sempre desafiadora, afinal ela está ligada a alta performance e por isso, é importante observar por exemplo, a manutenção das concentrações de cálcio no sangue, devido a produção de colostro onde a concentração de cálcio é quase 2 vezes superior à concentração de leite. No pré parto, as necessidades de cálcio são de aproximadamente 30g/dia, sendo este direcionado para o feto e para a glândula mamária. No pós parto imediato, há uma perda de 2,1 g/litro direcionada para a produção de colostro. — Se a vaca estiver produzindo 15 litros de colostro será excretado ~30gr de cálcio, ou seja ~10 vezes superior a todo cálcio plasmático. Para que o equilíbrio entre a excreção de cálcio no colostro e a concentração de cálcio no sangue seja mantida, a vaca terá que mobilizar cálcio do tecido ósseo e aumentar a absorção intestinal para manter a normocalcemia (níveis adequados de cálcio) — comenta Neto.

Ele menciona que um dos mecanismos principais, para prevenção de hipocalcemia ou febre do leite, é o balanço da diferença cátion-aniônico (DCAD) (Cátions = minerais com cargas positivas e Ânions = minerais com cargas negativas) por adição de sais aniônicos na dieta das vacas no período pré parto. — Eu, considero os sais aniônico como sendo algo específico que deva ser implementado nas dietas, principalmente quando a fonte de forragem é rica em potássio (muito adubadas), para a prevenção de hipocalcemia clínica e redução da hipocalcemia subclínica. E, devem ser misturados junto à ração e forragem (silagem de milho, por exemplo) e fornecido por três semanas antes do parto até o parto, mais que isso pode ser prejudicial para o desempenho produtivo — afirma.

Para finalizar, vale lembrar dos aspectos sanitários. Como este período é o mais crítico para saúde das vacas, é fundamental o monitoramento sobre as ocorrências sanitárias. — Por isso, considero como lição diária, se dedicar na observação dos animais em termos de comportamento, apetite, vivacidade, checagem de temperatura corporal em caso de apatia, checar presença de corrimento vaginal proveniente da metrite, avaliar score de locomoção, score de fezes, etc — finaliza Neto.

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