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17/07/2020 - 08:26

A indústria latino-americana enfrenta o desafio do consumo baixo


Mas há sinais de reativação da produção, aponta Alacero. Para que a região saia fortalecida da crise é necessário o esforço conjunto dos governos e das indústrias.

A América Latina está enfrentando a maior crise da sua história moderna e se encontra em um momento de transição, com sinais de reativação econômica, mas ao mesmo tempo com dificuldades para controlar a pandemia. O impacto da crise decorrente da Covid-19 se reflete principalmente no consumo de aço, que diminuiu 30% em abril em comparação com o mesmo mês do ano passado e 11% no acumulado do ano. A maior queda aconteceu na Argentina, de 83% em comparação com abril de 2019, dados divulgados no dia 16 de julho (quinta-feira), pela Associação Latino-Americana do Aço (Alacero).

— No entanto, um dos indicadores da recuperação é a produção de aço cru de maio, que, embora tenha registrado uma queda de 29% em comparação com maio do ano passado, subiu 8% em comparação com abril deste ano, basicamente graças ao Brasil. Em maio, a produção de aço cru diminuiu 17% no acumulado do ano— observa a associação.

— Comparativamente, a indústria siderúrgica mundial reduziu sua produção de aço cru em 5,2% até maio de 2020, em relação ao mesmo período de 2019, enquanto a da China aumentou 1,8%. Em comparação com o mês passado, o mundo registrou um aumento de 9,1%, impulsionado pela China, que teve uma alta de 8,5% — continua.

— Estamos entrando em uma etapa de transição. Ainda não está clara a direção a curto prazo, já que observamos alguns sinais positivos, mas os negativos se mantêm. Devido à retração econômica, estima-se que a demanda mundial de aço poderia diminuir 6,4% em 2020 e se recuperar 3,8% durante 2021. Esta redução se deve principalmente à queda generalizada em todos os países, com exceção da China, que crescerá 1% em 2020 —analisa a Alacero.

Importações desleais e produção local — Durante o primeiro trimestre, as importações como porcentagem do consumo atingiram 35%, enquanto em abril subiram para 41%. A produção local no primeiro trimestre, por sua vez, representou 81% do consumo, mas em abril foi só de 74%. Esta substituição de produção por importações nas condições atuais de crise deve ser um chamado de atenção aos governos para enfrentar esta problemática. — Devemos alertar que agora, mais do que nunca, é preciso evitar as importações desleais, como as que vêm da China, e fomentar o consumo interno. É o momento de que governos e indústria trabalhem para criar condições com o objetivo de podermos sair fortalecidos depois deste período, em termos do fomento à infraestrutura e às cadeias de valor e do fortalecimento do tecido industrial, que é gerador de emprego — disse Francisco Leal, diretor-geral da Alacero.

A América Latina está em dificuldades porque não tem capacidade econômica suficiente para enfrentar a crise de saúde pública e alguns governos não adotaram todas as ações necessárias para atenuar a difícil situação. Há exemplos de países, como Cingapura, que podem ser considerados modelos a seguir, porque além de usar a tecnologia e de dedicar recursos (20% do PIB) implementaram medidas fiscais como a suspensão temporária de impostos (IVA, pessoas físicas e jurídicas), apoio à folha de pagamento das empresas para evitar demissões, mudanças nos estatutos de incapacidade por saúde com uma maior contribuição por parte do governo, ajuda direta à microempresas e à economia informal sem a obrigação de devolver empréstimos, entre outras. Nesses países, as economias apresentaram sinais de recuperação mais rapidamente.

T-MEC: positivo, mas a médio prazo — No dia 1º de julho passado, entrou em vigor o novo tratado comercial entre México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC), que pode ser uma oportunidade para atrair investimentos e colaborar para a reativação econômica do México. No entanto, isto deve estar acompanhado de uma política econômica governamental que estimule o ambiente de negócios e investimentos.

— A reformulação dos termos do tratado, que incluem salários, questões trabalhistas e ambientais, deve ser bem analisada para evitar que se transforme em uma oportunidade perdida de substituir a China ou a Ásia nas cadeias de valor da América do Norte. Para que o novo tratado comercial seja um instrumento que promova o desenvolvimento econômico e social, ele deve ser acompanhado por um governo que ofereça segurança jurídica e respeito ao estado de direito— conclui.

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