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05/08/2020 - 07:05

Tecnologia e conhecimento fundamentado para enfrentar as incertezas do mercado


Nos meses que se seguiram ao anúncio da pandemia do coronavírus todos fomos defrontados com uma realidade marcada por elevada incerteza sobre todas as instâncias da vida em sociedade.

Além das incertezas iniciais sobre as formas de contágio do vírus, sobre a velocidade de sua propagação e letalidade da doença, as medidas de emergência exigindo o isolamento social e paralisação de inúmeras atividades geraram incertezas quanto a intensidade dos seus impactos sobre as economias nacionais e global, uma vez que o trabalho e a produção de inúmeros bens e serviços se viram com suas formas tradicionais comprometidas.

A exemplo de outras crises, as reações imediatas dos mercados foram marcadas pelo pânico com bruscas oscilações em todo o mundo. Entretanto, respostas macroeconômicas razoavelmente rápidas e contundentes dos Bancos Centrais e governos dos países responsáveis pelas principais economias do mundo foram capazes de reverter o clima inicial de pânico.

Mas se massas extraordinárias de recursos financeiros (como os US$ 2,2 trilhões nos EUA) e incentivos disponibilizados pelas autoridades econômicas do Estado pelo mundo produziram reações positivas dos agentes do mercado, a chamada “economia real” não reagiu da mesma forma. Como explicar isso?

Parte dos fundamentos para uma resposta podem ser buscados na Macroeconomia pois ela trata dos grandes agregados como a produção e o consumo, o emprego e a renda, a poupança, os juros, a inflação. Tem como desafio a análise e compreensão do sistema econômico como um todo, considerando as relações entre seus principais agregados. Ao tratar do PIB, identifica a participação das principais categorias de “compradores” na economia, sendo as famílias a principal delas. Isso não é trivial. Isso não pode ser desprezado.

Nos EUA, a primeira semana de julho registrou 1,3 milhão de pedidos iniciais de seguro-desemprego, como informou o Departamento do Trabalho norte-americano. No Brasil já são contabilizados mais de 13 milhões de desempregados. A notável recuperação de importantes índices do mercado de ações no mundo levou muitos analistas a perguntarem: Qual é a explicação para o fato de que no mesmo momento em que os EUA – maior economia do mundo – registrou a queda histórica de 32,9% de seu PIB no segundo trimestre de 2020 a Nasdaq (National Association of Securities Dealers Automated Quotations) bateu recordes e o índice S&P 500 (Standard & Poor’s – 500 maiores empresas da Bolsa americana) recuperou seu patamar pré-pandemia?

O anúncio dessa queda do PIB dos Estados Unidos, a maior desde a Grande Depressão da década de 1930, foi seguido de resultados similares em outras economias pelo mundo, como a da Alemanha, a mais robusta da Europa, que registrou queda de 10,1% no segundo trimestre – o pior resultado desde 1970 –.

No Brasil, o índice Ibovespa, um dos mais importantes indicadores de desempenho da bolsa, registrou em maio uma das maiores altas do mundo, ao mesmo tempo em que despencavam as estimativas para o PIB anual do país. Nas últimas décadas a intensificação da integração das economias em escala global se deu acompanhada de revoluções tecnológicas que, se por um lado ampliaram os riscos por outro ampliaram também as ferramentas técnicas para os enfrentar. Associar o conhecimento teórico à prática tem sido um dos principais objetivos das melhores escolas em todo o mundo em sua missão de contribuir com a formação das novas gerações. A complexidade da realidade tornou imperativo a profissionais das mais diversas áreas o domínio de conhecimentos e ferramentas apropriados para uma competente realização de suas tarefas.

Na área da Administração e mais especificamente das Finanças, a boa tomada de decisão tem requerido um conjunto cada vez maior de informações atualizadas em tempo real e recursos técnicos avançados para análise, planejamento e gestão de investimentos.

Hoje há muitas empresas especializadas que ofertam essas ferramentas tecnológicas no mercado, sendo uma das mais tradicionais a Bloomberg, cujo Terminal foi lançado em 1981, e que se apresenta como um hub para a comunidade financeira. A Bloomberg informa que “mais de 800 universidades em todo o mundo possuem um Terminal da Bloomberg ou um Laboratório Financeiro da Bloomberg”. No Brasil, a Universidade Presbiteriana Mackenzie é uma dessas instituições de ensino superior que disponibiliza aos seus alunos terminais com mais de 70 funções para consultas, simulações, estudos de casos e apoio para o desenvolvimento de pesquisas em graduação e pós-graduação.

Essa preocupação com a qualificação de jovens para a atuação em mercado de ações no Brasil se justifica, entre outros motivos, pelo aumento que o país vem registrando no número de investidores individuais na Bolsa. O site da XP Investimentos informa que em maio “a B3 divulgou que atingiu mais de 2,5 milhões de CPFs ativos na Bolsa, uma alta de mais de 123% na comparação anual. Porém, no Brasil apenas cerca de 1% da população investe em Bolsa. Já em mercados desenvolvidos, como nos EUA, esse número passa de 65%”.

É bem verdade que o número de empresas no Brasil com capital aberto ainda é muito modesto, cerca de 420, enquanto nos EUA são cerca de 4,4 mil.

Mas ainda que o universo de empresas listadas na Bolsa seja uma pequena parcela de todas as empresas de um país, ter um mercado de capitais desenvolvido pode trazer vantagens para toda a economia, sendo as principais delas o acesso a capital barato para empresas com projetos de expansão, geração de renda a investidores (inclusive individuais) por meio da distribuição de dividendos, melhora dos padrões de governança e transparência dos processos empresariais.

O Brasil e o restante das nações do mundo se encontram diante de um momento de grandes desafios para os quais o atual estágio de desenvolvimento científico e tecnológico alcançado pelo trabalho acumulado de gerações representa uma vantagem que será bem aproveitada se nossos jovens assumirem as responsabilidades que o presente impõe, para que o futuro possa ser de liberdade e prosperidade para todos. A história mostra que os saltos no desenvolvimento da humanidade se deram quando houve a valorização do conhecimento, a liberdade para a inovação e a vontade decidida de superar dificuldades.

. Por: Arnaldo Francisco Cardoso, pesquisador e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Alphaville.

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