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15/08/2020 - 08:21

Trump segue ameaçando aplicativos chineses

Há alguns dias, o governo Trump publicou ordens executivas que visam proibir que dois aplicativos de origem chinesa, o TikTok e o WeChat, operem nos Estados Unidos; além disso, essas ordens pretendem impedir que companhias americanas tenham negócios com as empresas proprietárias dos mesmos. Uma alternativa a essa proibição seria a venda dos aplicativos a empresas americanas.

Além do ponto de vista comercial, o assunto deve ser examinado do ponto de vista filosófico: com essas medidas, os Estados Unidos aproximam-se da forma com que países como Rússia, Índia e a própria China regram o uso da internet, fixando normas muito rígidas acerca de quais tecnologias seus cidadãos podem ou não utilizar, alegando para isso, de maneira dúbia, questões relativas à segurança nacional e ao patriotismo. É bom lembrar que o pensador inglês Samuel Johnson dizia que a menção ao patriotismo para defesa de posições moralmente inaceitáveis "é o último refúgio dos canalhas".

O governo americano acusa o TikTok, uma rede social voltada principalmente ao compartilhamento de vídeos curtos, de passar ao governo chinês informações que coleta acerca dos cidadãos americanos e distribuir propaganda pró-China.

Já o WeChat, um serviço de mensagens similar ao WhatsApp, amplamente usado por chineses que vivem dentro e fora de seu país e por cidadãos de outros países que tem negócios com chineses, é alvo de acusações semelhantes e também de permitir que as informações que recolhe sejam usadas para ameaçar e chantagear cidadãos americanos e chineses que se opõem ao governo de Beijing. É oportuno lembrar que serviços americanos de mensagens, como o Messenger e o próprio WhatsApp são proibidos na China.

O cenário torna-se ainda mais estranho quando se sabe que o governo americano está, publicamente, envolvido nas negociações para venda do TikTok à Microsoft e dizendo querer uma compensação financeira caso o negócio se concretize.

Existem algumas dúvidas: como a proibição de uso dos aplicativos seria implementada? A Casa Branca iria proibir que Apple, Google e outras empresas americanas permitissem o download desses aplicativos e de suas atualizações?

E com relação aos negócios com as companhias chinesas? A Tencent, dona do WeChat, tem participação no capital da americana Tesla, a mais valiosa fabricante de automóveis de todo o mundo, e na indústria de videogames, como na Riot Games e Epic Games, as que criaram o League of Legends e o Fortnite, respectivamente.

E talvez, a maior dúvida: Facebook, Instagram, Messenger, WhatsApp e outros não fazem para terceiros e para o governo americano exatamente o que Trump acusa os chineses?

Assim como no Brasil há leis que "não colam", nos Estados Unidos há ordens executivas não geram qualquer ação. Pode ser que essas tenham o mesmo destino, pois parece que o governo Trump, extremamente preocupado com as eleições que se aproximam, está apenas tentando mostrar serviço em uma área que é especialmente cara ao povo americano, a da segurança nacional.

. Por: Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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