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18/08/2020 - 08:45

Planares 2020 — Futuro ou apenas mais um plano?

Tomemos por base uma visão realista sobre resíduos sólidos no Brasil, principalmente analisando a eficácia que teve e tem a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), política geradora do Planares.

O Brasil é um dos maiores geradores de resíduos sólidos do mundo, oportunidade de crescimento para empreendedores das mais diversas linhas de produção com matéria prima farta e de relativa facilidade de obtenção.

Porém, se procurarmos quais incentivos este país oferta a um empreendedor para ajudar o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas utilizando resíduos, veremos que a burocracia e a falta de vontade política de fazer o que está preconizado na PNRS são os principais fatores do desalento quanto a essa questão.

Esta versão do Planares estará para consulta pública até setembro, e analisando sua composição, verificamos vários pontos de avanço no tocante a melhoria da população envolvida com trabalho de reciclagem, por exemplo. Mas, conforme descrito neste plano são necessárias estratégias para disposições legais, as quais podem transformar metas, diretrizes, ações, objetivos em realizações efetivas.

A verdade é que a maioria dos municípios não possuem coletiva seletiva, nem com os dizeres explícitos na PNRS para que isso fosse implementado no país, nem mesmo o prazo que já caducou da eliminação dos lixões no país. O motivo, ou um dos principais motivos foi a efetiva vontade do governo em fazer cumprir o preconizado.

Lamentavelmente estamos no país das "leis que pegam" e as "leis que não pegam".

Podemos opinar e sugerir para melhoria e adequação do PLANARES, porém enquanto a população em sua maioria não aprender de verdade a importância da sustentabilidade para sua vida e futuras gerações com relação a resíduos sólidos, não vamos ter êxito nem com o melhor dos planos.

A Educação Ambiental ensinada nas escolas para as crianças acaba sendo perdida quando ela se depara com a realidade do meio em que vive, no qual adultos, que também já escutaram sobre o assunto, ignoram o correto e praticam o contrário do que se aprende na escola.

A falta de uma política social definida para pessoas que trabalham com reciclagem, como os catadores, indica a falta de objetividade realística para que um plano seja coroado de êxito.

O Planares, nesta versão, direciona os passos para inclusão dos catadores e recicladores, mas de nada adiantará se não houver vontade política de que estas diretrizes sejam alavancadas.

Falar e escrever sobre resíduos sólidos seja num plano como o próprio Planares, ou dito em um discurso, é uma coisa, porém a realidade do custo envolvido numa coleta seletiva é coisa muito mais palpável para realização de um projeto de reciclagem.

O custo da logística é alto, depende de investimento e incentivo para que o processo seja viável, e de nada adiantará tudo definido e imaginado no projeto, se quem for dispor o resíduo sólido para coleta seletiva não ter ideia de como separar o resíduo, ou até mesmo do que é reciclável ou não reciclável. Fato este que pode colocar toda uma logística cara por água abaixo.

Planares pode ser nossa redenção para um futuro melhor e sustentável, claro que sim, mas nosso governo precisa tomar as rédeas da situação e fazer com que o projeto seja o futuro muito próximo e não mais um plano cheio de boas intenções no pais que algumas coisas pegam e outras coisas não pegam mesmo.

. Por: Rogério Aparecido Machado, Professor de Química e Meio Ambiente da Universidade Presbiteriana Mackenzie. É Mestre em Saneamento Ambiental pelo Mackenzie e Doutor em saúde Pública pela USP.

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